Segunda, 31 Março 2014 10:17
Assinei este fim de semana a petição intitulada “Preparar
a reestruturação da dívida para crescer sustentadamente”. Uma petição que
defende que esta reestruturação deve envolver o abaixamento significativo da
taxa média de juro, a extensão de maturidades e a reestruturação da dívida
acima dos 60% do PIB, tendo na base a dívida oficial.
Ainda assim, gostava de realçar que a subscrição desta petição, não
representa a primeira forma que encontrei para expressar a minha opinião acerca
deste assunto.
Em 2011, quando coloquei uma cruz no boletim de voto para
as eleições legislativas, fi-lo de forma consciente e informada. Fi-lo porque
sabia que estava a votar num programa político que defendia, entre outras
coisas, a renegociação da dívida.
Relembro o que estava escrito neste compromisso eleitoral:
“O Bloco de Esquerda propõe uma auditoria à dívida para
conhecer em detalhe a composição da dívida pública e privada, seus prazos de
amortização e juros. O objectivo: identificar a dívida que o Estado deve
assumir, separando-a da parte que resulta de especulação, corrupção ou favorecimento
ilegítimo.
O Bloco defende, ainda, uma
renegociação que estabeleça novos prazos, novas taxas de juro e condições de
cumprimento razoáveis, que acompanhem a recuperação económica, e que anule a
dívida inexistente. Em vez de ser uma oportunidade de negócio para os credores
dos países da periferia, as presentes dificuldades devem mobilizar uma política
de cooperação europeia contra a especulação.”
Lembram-se do que a grande maioria dos comentadores e
políticos diziam acerca desta opção? Lembram-se do que dizia Sócrates e os seus
seguidores? Eu lembro-me bem. Apelidaram esta política de irresponsável e
chamaram a todos os que defendiam a renegociação de caloteiros.
Com isto não quero dizer que não reconheço a possibilidade
de algumas pessoas mudarem de opinião. Aliás, é bastante positivo que tenham a
capacidade de reconhecer que estavam errados. Estarei ao lado de todos e todas
que lutem pela reestruturação da dívida, pois esta é, de facto, a única forma
de salvar a economia e os portugueses.
Não sinto, portanto, qualquer dificuldade em estar lado a
lado com aqueles que apelidaram de irresponsáveis aqueles que defendiam o que,
só agora, defendem.
Ainda assim, não me esqueço que enquanto assobiavam para o
lado perante a urgência da renegociação da dívida, a economia foi sendo
destruída, e com ela o emprego, os salários, as pensões e as funções sociais do
estado.
Estou convosco, mas não me esqueço que pretendem, agora,
ser salvadores de uma pátria que ajudaram a destruir.
Até para a semana!
Bruno Martins
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