«ALANDROAL, MINHA PÁTRIA»
EVOCAÇÃO DO TERREIRO
DE S. BENTO
No terreiro de S. Bento é que eu nasci, há quantos anos já,
meu Deus.
Ali vivi os primeiros anos da minha meninice, tão distante
que de muito pouco me posso lembrar.
Todavia ficaram marcas desse tempo que não esquecem e uma
delas é de duas jovens vizinhas para quem este “menino” eram os seus encantos.
Desde os passeios ao colo às brincadeiras no terreiro –
assim mesmo, terreiro, porque o piso era terra batida . com Mariana e Margarida
senti carinho, amizade e protecção… De seu pai o Senhor Rufino da loja da outra
esquina, vinham os rebuçados que alimentavam a infantil gulodice.
Depois de uma curta
“peregrinação”, por Terena, dos 6 para os 7 anos, no regresso à “minha pátria
da nação”, foi a passagem pela Bica da Horta e pelo Outeiro das Nozes.
Depois, Évora, os estudos, a vida. E foi neste caminhar que
voltei a encontrar aquelas doces amigas da minha infância. D. Margarida,
professora de meninos. Drª Mariana Correia, licenciada, professora, sempre
amiga, uma lutadora bairrista que ao Alandroal queria tanto como à própria
vida, vida , afinal, tão ingloriamente acabada. Dela ficou a saudade, desde os
tempos do Terreiro de São Bento até à obra que edificou em Lisboa com a Casa do
Concelho do Alandroal, com o seu Boletim Anual e tudo o mais que nela era
dedicação e vivência dos ingentes problemas da sua e nossa terra…
Drª Mariana, como é possível que te tenham esquecido? Nem ao menos o teu nome numa esquina de uma
rua nesta terra que tanto amaste? Algum
dia alguem fará justiça, erguerá o teu nome e prosseguirá o teu caminho. Assim
o crê o “menino” que há setenta anos tanto gostavas de acarinhar…Assim o
espero, porque Deus não dorme e ama os bons.
Manuel Inácio Pestana
Publicado in Jornal da Boa Nova Dezembro/96
7 comentários:
Mariana Pereira e não Mariana Correia
Tambem me parece que seja como diz. pois que me lembre a Dona Mariana Pereira, é que foi pessoa de grande relevo no Alandroal chegando a ser Membro da União Nacional.
No entanto é o nome de Mariana Correia que é escrito no Boa Nova.
Será que era esse o nome de baptizo e posteriormente pelo matrimonio adquiriu o de Pereira? Será que foi erro topográfico do Jornal?
Não sei. Limitei-me a transcrever tal como consta na Cronica.
Obrigado pelo comentário
Chico Manuel
"foi erro topográfico do Jornal"
Sr Xico Manel
Explique lá se faz favor.
Como é que um jornal pode cometer um erro "topográfico"?
Tem toda a razão, mas isto só comprova que um erro só não acontece a quem não se mete nelas.
em vez do "i" saiu o "o".
Queria eu escrever tipográfico de tipografia.
Muito obrigado pela sua atenção
Chico Manuel
Obs: Pior é o novo acordo ortográfico e nós cá vamos vivendo com ele.
Chamava-sa Mariana Pereira Correia (drª.)
Mariana Pereira Correia Regatão
Já agora que leve todos os apelidos.
Era filha do Rufino Regatão que, como muito bem disse o Dr. Manuel Inácio Pestana, tinha uma "tenda" logo ali à esquina.
Morreu atropelada por um comboio na passagem de nível do Rêgo, em Lisboa, já lá vão mais de cinquenta anos.
E é verdade, sim senhor: Nunca se cansou de gostar do Alandroal!
Na realidade é mais que tempo de o Alandroal olhar para os "filhos" que o amaram e (alheios à nauseabunda política) lhe engrandeceram o nome.
Aproveito para chamar a atenção de todos que o espólio deixado à nossa terra pelo Dr. Manuel Inácio Pestana, e que deve conter documentos de todo o interesse, continua há anos por classificar e não passa de um monte de papéis e livros avulsos. Uma vergonha bem demonstrativa da consciência com que os representantes da nossa autarquia têm encarado a cultura.
Bem hajam todos.
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