Nota do Editor: -
Leiam com atenção este pequeno texto do Dr. João Luís e vejam lá se a vossa mente não vos
transporta para outra localidade e outras gentes:
A mim transportou.
Chico Manuel
Eu e o Facebook
Escrevi um pequeno texto no meu moral do Facebook que aqui
reproduzo; “ Se queres ser amado em
Montemor… sê tradicional, alinhado, não te atrevas a pensar pela tua cabeça,
manifesta, sempre que possível, o teu temor à Igreja, ao Poder politico e ao
Patrão. E nem penses em ser livre no pensamento e nas atitudes. Quer sejas
adolescente ou adulto. Isso é crime e ficas condenado ao Inferno em vida pelos
bem comportados do regime, hipócritas e poças de vómito sem fundo. Estou-me a
marimbar para eles,, venham de onde vierem e sei que os meus Amigos e as minhas
Amigas também! Siga a luta!!”.
O texto gerou alguma troca de ideias, o que me levou a
reproduzi-lo aqui,*, sem retirar uma virgula, ao que escrevi, neste espaço. Lido
por pessoas de faixas etárias diversas e que pouco ligam ao facebooks . Montemor, e a grande maioria
das terras pequenas do interior, foram (e serão se o quisermos) sempre assim.
Habituados antes a não sermos livres. Muitos de nós continuaram e continuam
ainda, de forma endémica, a curvar a coluna a muitos poderes. A uns porque
deles depende o pão para a mesa, a outros porque sentimos a necessidade de
agradar, venerandos, atentos e obrigados, muitas vezes a quem não merece a
mínima credibilidade.
Montemor foi sempre uma terra de doutores e engenheiros, de
vénias e de favores que se pagam com outros favores. É persona non grata quem se droga, quem usa piercings, quem usa tatuagens, quem está até muito tarde sem arranjar
namorado ou namorada, quem arranja namorado ou namorada cedo de mais, quem
assume a sua sexualidade contrária ás “normas vigentes”, quem…quem…quem…
Mas, ainda assim, é a minha terra e não a trocaria por
nenhuma outra.
João Luís Nabo
Eu e o Facebook-Parte 2
Também no Face publiquei uma pequena brincadeira que
deu igualmente alguma conversa por aí. Escrevi assim: "Gosto do Olímpio Galvão,
gosto da Hortênsia Menino, gosto da Maria de Lurdes Vacas de Carvalho, mas
gosto muito mais de mim. Por isso, estou a pensar candidatar-me a PRESIDENTE DA
CÂMARA MUNICIPAL DE MONTEMOR-O-NOVO. Quem quiser votar vota, quem não quiser
não vota. Obrigado."
Este pequeno parágrafo experimental, que criou na minha fofa
problemas de falta de ar e de taquicardia, serviu para muito pessoal dizer de
sua justiça, uns a favor, outros contra, alguns ligeiramente desagradáveis, só
porque não lhes era um post a jeito.
Entendo que qualquer cidadão é livre de exigir mudanças, melhorias, alternativas.
Montemor tem tido esse “problema” desde há muito. Parece “pecado” pedir mais.
Mas não se preocupem os mais preocupados, que esta minha pré-campanha era
apenas uma forma de mostrar que qualquer um PODE e DEVE assumir as funções que
julga ter capacidade (o que não é o meu caso, reconheço) para assumir e traçar
planos para que os poderes se alternem de forma democrática e serena. Querer a
mudança, fazer oposição, reclamar, criticar as políticas do PC, do PS, do PSD
julgo que não é crime, e foi para termos essa liberdade que muitos democratas
caíram sob as garras de Salazar, de Hitler, de Estaline ou de qualquer outro
ditador, se ousassem contrariar a sua política, exercida sempre e bem da nação
ou em nome do povo. Alguns ficaram contentes com a ideia de me ver na
presidência, outros amuaram só de pensar na ideia, mas a democracia é isso
mesmo. Uns gostam, outros não. E têm o direito de manifestá-lo.
Mas foi inútil tanta polémica. (Terá sido?) Eu escrevo e ensino
literatura. Estudo e ensino música. Estudo e ensino línguas na Escola
Secundária. Não faço política e muito menos político-partidária. E a
candidatar-me seria como independente de qualquer partido ou ideologia
política. Não consigo suportar seguidismos e obediências a partidos políticos,
anulando o meu querer e a minha vontade própria.
Montemor e os seus habitantes já deveriam ter-se habituado a não
viver o dia-a-dia à espera que a morte venha e que os seus dias, bons ou maus,
sejam decretados por forças superiores e intocáveis. Temos o direito de dizer o
que sentimos. Temos até o direito de nos candidatarmos a cargos públicos.
Eu sou um cidadão livre, apartidário, sempre o fui e sempre o
serei. Quero o melhor para o meu concelho, para os meus filhos e para os filhos
dos meus conterrâneos. Todos nós o queremos. Todos nós temos o direito e o
dever de, de uma forma ou de outra, dar uma ajuda nesse sentido. Montemor é
nosso, dos montemorenses e dos que tiveram a inteligência de escolher esta
terra como sua. A ditadura partidária já não se usa numa gestão moderna seja do
que for. Que venha alguém sem vícios, de qualquer quadrante político, e com
tudo no sítio, matar este ramerrame que nos consome a todos. Mas que não
estrague todo o bom trabalho feito ao longo destes anos pelos executivos de
Carlos Pinto de Sá e anteriores. Isso seria estupidez e um suicídio político (e
social).
E dou por terminada aqui a minha fictícia candidatura a
Presidente do Município de Montemor-o-Novo. Um abraço a todos os meus amigos de
todos os partidos e de todos os não-partidos. Vamos continuando em contacto,
pessoalmente, através deste jornal ou através daquela coisa fantástica chamadaFacebook!
Nota final: se
Carlos Pinto de Sá se apresentou em Évora como alternativa à gestão socialista
de José Ernesto de Oliveira, Olímpio Galvão e Lurdes Vacas de Carvalho podem,
muito legitimamente, apresentar-se em Montemor, como alternativas à actual
gestão CDU. E eu também, se quisesse.
1 comentário:
Sr. Prof.
"Escrevi um pequeno texto no meu moral do Facebook"??? MSubtil
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