Hélder João Salgado –
Laranjeiro
I
Fenícios. Gregos, cartagineses
Descendentes, portugueses
Mercadores, comerciantes
Todos eles viandantes
Se juntaram os romanos
Seguidos dos muçulmanos
Este lugar cobiçaram
E alguns se revoltaram
Lugar santo e diabólico
No Concelho que tem
Endovélico
II
O outeiro de São Miguel
Lugar de pão e de mel
E de turbulentas águas
Entre penedos e fragas
Foge o barbo e a pardelha
Veloz como uma centelha
Com medo grande volume
Das aguas, onde o cardume
Tranquilo outrora comia
E onde existe boa
gastronomia
III
Marinheiros de outra fama
Que deram lições ao Gama (Vasco)
No Lucifecit navegaram
As minhas mágoas afogaram
Mas a minha alma não
Nora do meu coração
De fértil a agricultura
Onde há trigo com fartura
Neste poema singelo
E de peixe é rico e
belo.
IV
Eu neste encanto navego
Esquecendo as Tágides do Tejo
Com o texugo e a lontra
Neste espelho, nesta montra
Sem haver outro parelho
No lugar do meu Concelho
Quando me ponho a cantar
E d´ele ausente estar
Com saudade e nostalgia
Não fica atrás a
poesia
ORAÇÃO
Concelho que tem
Endovélico
Imagem, adoração
Vestígios do Povo Céltico
De Roma a romanização
E dos Árabes tem a nora
Parte da nossa cultura
D´um Alandroal de agora
De pesca e agricultura
Cheio de encanto e magia
Onde existe boa
gastronomia.
De peixe é rico e
belo
Que nada na água doce
O meu peito tão singelo
Luci-Fecit qu´eu não fosse
Devoto da tua água
No lugar de São Miguel
Estou carpindo a minha mágoa
Sítio de leite e de mel
Dun maná em harmonia
Não fica atrás a
poesia
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