A Liberdade,
versus Sino da Cadeia…do Alandroal
O Celso, cidadão Calipolense era um homem bom, enorme na estatura e na aventura, comparável ao nosso Carola (Vicente Casaca), mano do Alberto.
O Celso, cidadão Calipolense era um homem bom, enorme na estatura e na aventura, comparável ao nosso Carola (Vicente Casaca), mano do Alberto.
Por
recordatórios tempos da Escola Primária…o Carola “carregou” para os celeiros da
FNPT (Federação Nacional dos Produtores de Trigo, juntos á ermida de Sto.
António), milhares de sacos de semente, com 80 ou mais quilos de peso.
E, vá-se lá
saber, sem que aos Rx tivéssemos acesso o seu tronco fazia lembrar “as curvas
da Palheta”, e não foi paciente de “hérnias discais”.
Voltemos ao
Celso como convém, depois deste pequeno apontamento escolar que “poderia dar
pano para mangas”.
O Celso, bom
homem como já se disse, foi algumas poucas vezes “apanhado” na prática de actos
condenatórios e, em muitas mais, “denunciado” sem culpa formada.
Ainda que
jovem, lá para o início da tarde de um dia do mês de Maio dos recuados anos 54
(é relato vivido que faço) presenciei a sua entrada para a CADEIA FORTE
(aquela, do duplo gradeamento de ferro) de mãos atadas (não tinha ainda a
inovação das algemas chegado até nós!!!), acompanhado por forte/aparatoso
dispositivo de segurança, a pé e a cavalo.
Perante o
enorme perigo que o homem representava para a patriótica segurança (na óptica
leitura do seu código de barras seria agora um TERRORISTA, claro está)
diferente acompanhamento era inimaginável.
Daquela vez
Celso confrontava-se com uma daquelas, poucas, situações condenatórias. Teria
surripiado umas ovelhas lá para os lados da Aldeia do Rosário; conduzia-as
pelos térreos e históricos caminhos de S. Marcos; e, FOI APANHADO.
A penal e
actual figura “dos sumaríssimos” afastada estava ANOS LUZ dos espaços judiciais
de então tal como inimagináveis pulseiras electrónicas e, enquanto a vaga da
condenação não abrisse, os APANHADOS aguardavam infinitos tempos nas prisões
“das terras mais próximas da prática do crime”.
Já não
existia a figura do “carcereiro”, pessoa para “tratar” do apoio alimentar a
estas “”vítimas do infortúnio”.
Era
substituído por pessoal Camarário? A comidinha terá ido do Asilo?
Naquela cela
da CADEIA FORTE os presos usufruíam de penico, cama de ferro, colchão de palha
de centeio, uma velha manta, um coxo e uma velha banca onde assentava o rabo e
o prato.
Ah!. Dada a
perigosidade dos homens deste jaez, a comida era-lhe alcançada através de uma
abertura (alçapão) existente no tecto da cela (nada pela porta, esta servia
apenas para entradas e saídas de reclusos). Ou para, por infortúnio final, o
Pároco lhe administrar a “extrema unção”.
Celso fumava
tabaco de onça (DUQUE), usava folhas de papel ZIG-ZAG e um ISQUEIRO de martelo
com torcida embebida em gasolina (?) que, ainda hoje se não sabe como, passou
por todos os “detectores de objectos!!!!”.
Nem o faro
do combustível alertou “as policiais narinas” e sem grande esforço mental para
entendimento “do que escrito fica”, se deduzirá que Celso não era homem para
demasiadas permanências nestes e em outros espaços afins. Liberdade, liberdade
sempre.
Naquele meio
de tarde “abrasadora” o Sino da Cadeia fez-se ouvir do Alcalate ao Jarego de
Baixo e da Faia á Pipeira. Qual sirene, que o sino então essa missão tinha. Do
duplo gradeamento de ferro soltavam-se enormes rolos de fumo negro. Como
durante décadas aconteceu a população juntou-se na Praça pronta para atacar
“qualquer incêndio” na seara de fulano de tal ou de tal. Puro engano. Este…era
na casa da “da sirene”.
Após os
tempos devidos aos “rescaldos” e de alguma liberdade transitória, foi colocado
na cela lateral.
O que fica
escrito, escrito fica remetendo-nos, se assim concordarmos, para que perante
tal tragédia nos interroguemos: E como se avisa agora a Plebe?
7 comentários:
Obs.
Se estou bem certo, este sagaz e alto rapagão, chamado Celso, era de Vila Viçosa,fazia as suas incursões por Lisboa e dava-se muito com o João Fitas que lhe ía adiantando uns almoços.
Numa dessas noites, eu estava com eles e fomos os três parar ao Ritz Club na Rua da Glória...
O resto não dá para contar aqui. Mas sempre direi que acabou por ir dormir comigo num quarto na Calçada de S. Francisco.
E que, na manhã seguinte, quando não dei por Ele, dei logo pela falta de umas notas que tinha na mesa de cabeceira.
Até hoje.
ANberbem
Ps: quem também o conheceu
bem foi o Baguinho de
Milho. Lembram-se?
OBs.
O Celso afinal chamava-se Henrique. Assim é que está certo.
ANB
"O Celso, cidadão Calipolense era um homem bom"..."O Celso, bom homem como já se disse" - gostava eu de saber como se consegue dizer umas palavras destas se - "foi algumas poucas vezes “apanhado” na prática de actos condenatórios"..."Daquela vez Celso confrontava-se com uma daquelas, poucas, situações condenatórias. Teria surripiado umas ovelhas lá para os lados da Aldeia do Rosário".
Se este era bom então o que serei eu?
Então também gamaste?
remeta-se o(a) comentador(a) de 31 de Maio, das doze + treze, ao pequeno esforço de ler este pequeno texto/parábula: O homem mais sábio que conheci em toda a minha vida...não sabia ler nem escrever. E,subjugado pelo sistema, não pôde licenciar-se!!!! "há-doc", talvez como o(a) senhor(a). Qual imitação do RELVAS agora?
Em abono, sempre, do HOMEM BOM Tói da Dadinha.
Zé Régio
Em desabono doutros candidatos o Celso foi admitido para transportar o leite das cabras do Zé Belo porque "não gostava de leite", afirmou ele.
Numa inspeção de rotina o patrão perguntou a quem fazia os queijos:
Então como vai isso?
Rsposta: as cabras estão a dar menos leite, fazemos menos queijos.
O Celso ouviu e calou.
No dia seguinte as fabricantes dos queijos informaram: patrão a produção de leite voltou ao normal mas a produção de queijos não aumentou nada.
O Celso continuava a beber 5 litros de leite por dia mas passou a adicionar ao leite 5 litros de água.
Acabou por descobrir-se e lá se foi o emprego.
Uma das vezes que foi "dentro", foi
por ter molestado uma Sr.ª em pleno
arraial da Festa de Setembro.
Relativamente ao falecido Fitas,
ajudou mesmo muita gente, tanto materialmente, como de outras formas..., como por exemplo:
Nos anos 69/70 safou "um" de levar uma "SURRA BEM MERECIDA", uma noite, na Praça do Chile ...
Existem ainda pessoas que assistiram...
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