quinta-feira, 30 de maio de 2013

MAIS UMA MEMÓRIA DO TÓI DA DADINHA

                    A Liberdade, versus Sino da Cadeia…do Alandroal
O Celso, cidadão Calipolense era um homem bom, enorme na estatura e na aventura, comparável ao nosso Carola (Vicente Casaca), mano do Alberto.
Por recordatórios tempos da Escola Primária…o Carola “carregou” para os celeiros da FNPT (Federação Nacional dos Produtores de Trigo, juntos á ermida de Sto. António), milhares de sacos de semente, com 80 ou mais quilos de peso.
E, vá-se lá saber, sem que aos Rx tivéssemos acesso o seu tronco fazia lembrar “as curvas da Palheta”, e não foi paciente de “hérnias discais”.
Voltemos ao Celso como convém, depois deste pequeno apontamento escolar que “poderia dar pano para mangas”.
O Celso, bom homem como já se disse, foi algumas poucas vezes “apanhado” na prática de actos condenatórios e, em muitas mais, “denunciado” sem culpa formada.
Ainda que jovem, lá para o início da tarde de um dia do mês de Maio dos recuados anos 54 (é relato vivido que faço) presenciei a sua entrada para a CADEIA FORTE (aquela, do duplo gradeamento de ferro) de mãos atadas (não tinha ainda a inovação das algemas chegado até nós!!!), acompanhado por forte/aparatoso dispositivo de segurança, a pé e a cavalo.
Perante o enorme perigo que o homem representava para a patriótica segurança (na óptica leitura do seu código de barras seria agora um TERRORISTA, claro está) diferente acompanhamento era inimaginável.
Daquela vez Celso confrontava-se com uma daquelas, poucas, situações condenatórias. Teria surripiado umas ovelhas lá para os lados da Aldeia do Rosário; conduzia-as pelos térreos e históricos caminhos de S. Marcos; e, FOI APANHADO.
A penal e actual figura “dos sumaríssimos” afastada estava ANOS LUZ dos espaços judiciais de então tal como inimagináveis pulseiras electrónicas e, enquanto a vaga da condenação não abrisse, os APANHADOS aguardavam infinitos tempos nas prisões “das terras mais próximas da prática do crime”.
Já não existia a figura do “carcereiro”, pessoa para “tratar” do apoio alimentar a estas “”vítimas do infortúnio”.
Era substituído por pessoal Camarário? A comidinha terá ido do Asilo?
Naquela cela da CADEIA FORTE os presos usufruíam de penico, cama de ferro, colchão de palha de centeio, uma velha manta, um coxo e uma velha banca onde assentava o rabo e o prato.
Ah!. Dada a perigosidade dos homens deste jaez, a comida era-lhe alcançada através de uma abertura (alçapão) existente no tecto da cela (nada pela porta, esta servia apenas para entradas e saídas de reclusos). Ou para, por infortúnio final, o Pároco lhe administrar a “extrema unção”.
Celso fumava tabaco de onça (DUQUE), usava folhas de papel ZIG-ZAG e um ISQUEIRO de martelo com torcida embebida em gasolina (?) que, ainda hoje se não sabe como, passou por todos os “detectores de objectos!!!!”.
Nem o faro do combustível alertou “as policiais narinas” e sem grande esforço mental para entendimento “do que escrito fica”, se deduzirá que Celso não era homem para demasiadas permanências nestes e em outros espaços afins. Liberdade, liberdade sempre.
Naquele meio de tarde “abrasadora” o Sino da Cadeia fez-se ouvir do Alcalate ao Jarego de Baixo e da Faia á Pipeira. Qual sirene, que o sino então essa missão tinha. Do duplo gradeamento de ferro soltavam-se enormes rolos de fumo negro. Como durante décadas aconteceu a população juntou-se na Praça pronta para atacar “qualquer incêndio” na seara de fulano de tal ou de tal. Puro engano. Este…era na casa da “da sirene”.
 Empenhou-se Celso na sua libertação, uma vez mais. Ateou fogo ao colchão de palha de centeio quase provocando uma catástrofe que, não fosse a pronta intervenção do chaveiro de serviço, se finava por asfixia.
Após os tempos devidos aos “rescaldos” e de alguma liberdade transitória, foi colocado na cela lateral.
O que fica escrito, escrito fica remetendo-nos, se assim concordarmos, para que perante tal tragédia nos interroguemos: E como se avisa agora a Plebe?
 Se não há SINO na CADEIA?
 Abraços para todos
 Tói da Dadinha


   


7 comentários:

Anónimo disse...



Obs.

Se estou bem certo, este sagaz e alto rapagão, chamado Celso, era de Vila Viçosa,fazia as suas incursões por Lisboa e dava-se muito com o João Fitas que lhe ía adiantando uns almoços.

Numa dessas noites, eu estava com eles e fomos os três parar ao Ritz Club na Rua da Glória...

O resto não dá para contar aqui. Mas sempre direi que acabou por ir dormir comigo num quarto na Calçada de S. Francisco.

E que, na manhã seguinte, quando não dei por Ele, dei logo pela falta de umas notas que tinha na mesa de cabeceira.

Até hoje.


ANberbem

Ps: quem também o conheceu

bem foi o Baguinho de

Milho. Lembram-se?

Anónimo disse...


OBs.


O Celso afinal chamava-se Henrique. Assim é que está certo.

ANB

Anónimo disse...

"O Celso, cidadão Calipolense era um homem bom"..."O Celso, bom homem como já se disse" - gostava eu de saber como se consegue dizer umas palavras destas se - "foi algumas poucas vezes “apanhado” na prática de actos condenatórios"..."Daquela vez Celso confrontava-se com uma daquelas, poucas, situações condenatórias. Teria surripiado umas ovelhas lá para os lados da Aldeia do Rosário".
Se este era bom então o que serei eu?

Anónimo disse...

Então também gamaste?

Anónimo disse...

remeta-se o(a) comentador(a) de 31 de Maio, das doze + treze, ao pequeno esforço de ler este pequeno texto/parábula: O homem mais sábio que conheci em toda a minha vida...não sabia ler nem escrever. E,subjugado pelo sistema, não pôde licenciar-se!!!! "há-doc", talvez como o(a) senhor(a). Qual imitação do RELVAS agora?

Em abono, sempre, do HOMEM BOM Tói da Dadinha.

Zé Régio


Anónimo disse...

Em desabono doutros candidatos o Celso foi admitido para transportar o leite das cabras do Zé Belo porque "não gostava de leite", afirmou ele.
Numa inspeção de rotina o patrão perguntou a quem fazia os queijos:
Então como vai isso?
Rsposta: as cabras estão a dar menos leite, fazemos menos queijos.
O Celso ouviu e calou.
No dia seguinte as fabricantes dos queijos informaram: patrão a produção de leite voltou ao normal mas a produção de queijos não aumentou nada.
O Celso continuava a beber 5 litros de leite por dia mas passou a adicionar ao leite 5 litros de água.

Acabou por descobrir-se e lá se foi o emprego.

Anónimo disse...


Uma das vezes que foi "dentro", foi
por ter molestado uma Sr.ª em pleno
arraial da Festa de Setembro.

Relativamente ao falecido Fitas,
ajudou mesmo muita gente, tanto materialmente, como de outras formas..., como por exemplo:

Nos anos 69/70 safou "um" de levar uma "SURRA BEM MERECIDA", uma noite, na Praça do Chile ...
Existem ainda pessoas que assistiram...