terça-feira, 5 de março de 2013

CRONICA DE OPINIÃO DA RÁDIO DIANA/FM

Transcrição da crónica diária transmitida aos microfones da :http://www.dianafm.com/

Cláudia Sousa Pereira - Chegar

Terça, 05 Março 2013 12:01
Chegar a uma terra nova, a um emprego novo, a uma função nova, ou chegarem-nos responsabilidades novas, traz-nos sempre um misto de esperança e receio, de euforia e cautelas. Foi assim ao chegar a Évora para trabalhar como assistente estagiária na universidade, ao casar, ter filhos, ao assumir o cargo de vereadora… Chegar ao novo exige sempre um esforço em encontrar o equilíbrio, seja entre o privado e o social, ou o íntimo e o público. Um cuidado em harmonizar os mundos, sem impactos nos que vivem muito perto ou dos que dependem de nós.
Não podendo ser juíza em causa própria, ou seja, arriscando-me a entrar num conflito de interesses entre o que digo sobre o que faço, escrevo como anunciei uma pequena série de crónicas de reflexão sobre o lugar que ocupo no mundo, mais e menos público, em Évora, um dos meus mundos que partilho com os que vivem este lugar. É uma prática de quase autoavaliação, uma prática que vai sendo comum por educação, formação e profissão. Não é um balanço, apesar do estilo por vezes raiar o confessional, mas uma reflexão porque este outro mundo da política, tão público e mal cotado, porque este escrutínio constante a que qualquer político está sujeito, é um mundo feito de homens e mulheres de quem se espera que tenham sempre condutas exemplares, mesmo sendo eles e elas feitos da mesma matéria de que não são feitos os deuses. Fazer uma crónica é também um momento num continuum de uma existência, dentro de circunstâncias que me parecem agora bem viradas do avesso. Enfim, o tema do “mundo às avessas” é corrente e recorrente e sobre ele se tem escrito, cantado e contado em tempos muito diferentes deste que atravessamos. Continuam os verbos e esta série de crónicas começa com o «chegar».
Chegar tem sempre uma história do antes. Chegamos quando decidimos partir de outro lugar ou deixar uma situação anterior. Podemos fazê-lo por obrigação ou opção e juntar-lhe o gosto. Chegar a Évora por obrigação foi encontrar aqui um trabalho que se teve a sorte de ter procurado desde sempre e fazê-lo com gosto. Na vida mais pessoal ir fazendo o caminho foi também fazer opções, com maior ou menor gosto, com a obrigação familiar, no cumprimento do que implicam para todos estas relações. Chegar a vereadora foi porque se quis, mas sobretudo porque quiseram e escolheram. Escolheu o atual Presidente da Câmara, escolheu o Partido Socialista vencedor das eleições, escolheram os que votaram num e noutro e em mim. O poder local é ainda muito presidencialista, está bom de ver, pelo que a restante equipa de um executivo municipal, normalmente, só é conhecida se o desenrolar do mandato assim o proporcionar.
Chegar a vereadora foi como receber, das mãos de quem escolheu, um prémio revelação por obra até então inédita, aquele tipo de prémio que se atribui para que as carreiras prossigam. Muitos desses premiados prosseguem fazendo mais nessas áreas e tomar posse foi sentir que tudo o que valia estava por provar. Devo dizer-vos, caras e caros ouvintes e leitores, que após três anos e meio de mandato, têm chegado outros prémios e não já de revelação. Não falo de prémios reais, esses conseguidos por equipas que, ok, lidero, mas de conquistas, umas mais visíveis do que outras, e que quase diariamente fazem o favor de reconhecer pessoalmente. Algumas são, até naturalmente, em forma de crítica e dessas, ainda, as há antipáticas ou escondidas, feitas sobretudo em espaço mais ou menos público. As críticas, algumas, têm servido para ponderar e agir melhor no futuro, as outras para perceber que é mesmo esse o caminho certo, e continuar.
Para a semana prosseguirei este meu contar do mundo, e falarei do depois de chegar. Até lá.
Cláudia Sousa Pereira

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