sexta-feira, 1 de março de 2013

CINE CLUBE DOMINGOS MARIA PEÇAS - FASE III

                        « Cinema a Duas Mentes e Quatro Mãos »
                              Joel Coen e Ethan Coen

São irmãos. Profissionalmente, são realizadores e produtores de cinema. Nos filmes destes cineastas, o nome dos dois aparece sempre lado a lado.  Não fazem parte do movimento que vulgarmente é conhecido por “cinema independente americano”, mas também não se inserem no meio da indústria maciça de Hollywood. Digamos que ficam a meio caminho duma e doutra posição. Pois estes dois cineastas são os responsáveis pelas melhores paródias cinematográficas que nos últimos anos passaram pelos ecrãs de todo o mundo. Sempre foram comedidos nos gastos de produção – pensamos que o dinheiro nunca terá sido muito abundante por aqueles lados – queremos com isto dizer que, nos filmes que realizaram, foi mais importante o génio e a arte do que as massas disponíveis. E os argumentos que, aliás, são sempre assinados pelos dois. Curiosamente, os intérpretes dos seus filmes são sempre gente que se faz pagar muito bem. Lê-mos, não há muito tempo, numa revista de cinema dos Estados Unidos, que muitos actores e actrizes desse país, estariam sempre disponíveis para baixar o valor dos honorários só para serem dirigidos por estes dois irmãos, tal o prestígio e importância que têm no seio da sétima arte. Não nos admira que assim seja, já que todos os filmes que dirigiram, foram nomeados ou premiados nos grandes certames internacionais de cinema. Muito discretos, não fazem parte daquela fauna que frequenta os noticiários e as revistas da especialidade. Fogem desses holofotes como o diabo foge da cruz.
Hoje, falaremos de duas das suas principais películas. Esperamos que os leitores e leitoras do “Periódico do Sotavento”, aproveitem o facto do cine-clube local estar a passar uma retrospectiva destes cineastas.

Título Original: “Fargo”
Título em Portugal: “Fargo
Realizador: Joel Coen
Produtor: Ethan Coen
Argumento: Joel Coen e Ethan Coen
Ano de Produção: 1996
Intérpretes: Frances McDormand, Steve Buscemi, Willian Macy....
Trata-se de um filme quase familiar, já que a principal intérprete feminina (Frances McDormand), é casada com o realizador. Uma fita que é, simultaneamente, divertida e cruel. Bem ao estilo dos dois irmãos. O enredo é do mais escabroso que existe. Um marido encomenda o rapto da mulher a uns meliantes, altamente cadastrados, com a finalidade de extorquir um resgate muito elevado ao sogro. No plano do marido tudo correria bem e todos embolsariam uma boa maquia. Claro que a partir de certa altura tudo começa a correr mal. É quando entra em cena Frances McDormand, no papel da xerife que pretende a todo o custo deslindar o caso. E é grávida, quase a dar à luz, com todos os trabalhos e todas as consequências desta situação, que se vê a braços com um caso de roubo, rapto e assassínios múltiplos. Crueldade e paródia caminham a par neste filme. Sempre com a estupefacção a assaltar o espectador, intercalada por fortes gargalhadas, suscitadas pelas inúmeras cenas absolutamente inesperadas.
Neste filme os irmãos Coen ganharam o Óscar para o melhor argumento original. E a actriz Frances MacDormand ganhou o mesmo prémio na qualidade de actriz. O realizador, Joel Coen, foi nomeado para a Palma de Ouro do Festival de Cinema de Cannes, devido à autoria deste filme.

Título Original: “O Brother, Where Art Thou?”
Tílulo em Portugal: “Irmão, Onde Estás?”
Realizador: Joel Coen
Produtor: Ethan Coen
Argumento: Joel Coen e Ethan Coen
Ano de Produção: 2000
Intérpretes: George Clooney, John Turturro, Holly Hunter....
Os irmãos Coen basearam a escrita deste argumento na «Odisseia» de Homero. Não fizeram por menos. A personagem que George Clooney interpreta até se chama Ulisses. Mas o argumento do filme não tem nada a ver com a mitologia clássica. O enredo passa-se no sul dos Estados Unidos da América, na época da Grande Depressão, e conta a história da fuga de três presidiários que partem em busca de uma grande soma de dinheiro que um deles teria escondido antes de ser preso. É outra grande paródia ao melhor estilo dos irmãos Coen. É uma história inacreditável em que as imagens se sucedem, cada uma mais vertiginosa que a anterior. E é uma boa oportunidade para ouvir a melhor música “country” que se fez nos Estados Unidos na década de trinta. A partida que os três fugitivos pregam ao Klu Klux Klan, é impagável. É também uma oportunidade de soltar umas boas gargalhadas.
Os dois irmãos foram nomeados para os Óscares pelo argumento deste filme. No Festival de Cinema de Cannes, Joel Coen , foi nomeado como melhor realizador.

Rufino Casablanca – Maio de 2002.

1 comentário:

Anónimo disse...

Sintético, objectivo, sem floreados na escrita. Uma forma não usual de fazer crítica de cinema.