Joel Coen e Ethan Coen
São irmãos. Profissionalmente, são realizadores e produtores
de cinema. Nos filmes destes cineastas, o nome dos dois aparece sempre lado a
lado. Não fazem parte do movimento que
vulgarmente é conhecido por “cinema independente americano”, mas também não se
inserem no meio da indústria maciça de Hollywood. Digamos que ficam a meio
caminho duma e doutra posição. Pois estes dois cineastas são os responsáveis
pelas melhores paródias cinematográficas que nos últimos anos passaram pelos
ecrãs de todo o mundo. Sempre foram comedidos nos gastos de produção – pensamos
que o dinheiro nunca terá sido muito abundante por aqueles lados – queremos com
isto dizer que, nos filmes que realizaram, foi mais importante o génio e a arte
do que as massas disponíveis. E os argumentos que, aliás, são sempre assinados
pelos dois. Curiosamente, os intérpretes dos seus filmes são sempre gente que
se faz pagar muito bem. Lê-mos, não há muito tempo, numa revista de cinema dos
Estados Unidos, que muitos actores e actrizes desse país, estariam sempre
disponíveis para baixar o valor dos honorários só para serem dirigidos por
estes dois irmãos, tal o prestígio e importância que têm no seio da sétima
arte. Não nos admira que assim seja, já que todos os filmes que dirigiram,
foram nomeados ou premiados nos grandes certames internacionais de cinema.
Muito discretos, não fazem parte daquela fauna que frequenta os noticiários e
as revistas da especialidade. Fogem desses holofotes como o diabo foge da cruz.
Hoje, falaremos de duas das suas principais películas.
Esperamos que os leitores e leitoras do “Periódico do Sotavento”, aproveitem o
facto do cine-clube local estar a passar uma retrospectiva destes cineastas.
Título Original: “Fargo”
Título em Portugal: “Fargo”
Realizador: Joel Coen
Produtor: Ethan Coen
Argumento: Joel Coen e Ethan Coen
Ano de Produção: 1996
Intérpretes: Frances McDormand, Steve Buscemi, Willian
Macy....
Trata-se de um filme quase familiar, já que a principal
intérprete feminina (Frances McDormand), é casada com o realizador. Uma fita
que é, simultaneamente, divertida e cruel. Bem ao estilo dos dois irmãos. O
enredo é do mais escabroso que existe. Um marido encomenda o rapto da mulher a
uns meliantes, altamente cadastrados, com a finalidade de extorquir um resgate
muito elevado ao sogro. No plano do marido tudo correria bem e todos
embolsariam uma boa maquia. Claro que a partir de certa altura tudo começa a
correr mal. É quando entra em cena Frances McDormand , no papel da xerife que
pretende a todo o custo deslindar o caso. E é grávida, quase a dar à luz, com
todos os trabalhos e todas as consequências desta situação, que se vê a braços
com um caso de roubo, rapto e assassínios múltiplos. Crueldade e paródia
caminham a par neste filme. Sempre com a estupefacção a assaltar o espectador,
intercalada por fortes gargalhadas, suscitadas pelas inúmeras cenas
absolutamente inesperadas.
Neste filme os irmãos Coen ganharam o Óscar para o melhor
argumento original. E a actriz Frances MacDormand ganhou o mesmo prémio na
qualidade de actriz. O realizador, Joel Coen, foi nomeado para a Palma de Ouro
do Festival de Cinema de Cannes, devido à autoria deste filme.
Título
Original: “O Brother, Where Art Thou?”
Tílulo em Portugal: “Irmão, Onde Estás?”
Realizador: Joel Coen
Produtor: Ethan Coen
Argumento: Joel Coen e Ethan Coen
Ano de Produção: 2000
Intérpretes: George Clooney, John Turturro, Holly Hunter....
Os irmãos Coen basearam a escrita deste argumento na
«Odisseia» de Homero. Não fizeram por menos. A personagem que George Clooney
interpreta até se chama Ulisses. Mas o argumento do filme não tem nada a ver
com a mitologia clássica. O enredo passa-se no sul dos Estados Unidos da
América, na época da Grande Depressão, e conta a história da fuga de três
presidiários que partem em busca de uma grande soma de dinheiro que um deles
teria escondido antes de ser preso. É outra grande paródia ao melhor estilo dos
irmãos Coen. É uma história inacreditável em que as imagens se sucedem, cada
uma mais vertiginosa que a anterior. E é uma boa oportunidade para ouvir a
melhor música “country” que se fez nos Estados Unidos na década de trinta. A
partida que os três fugitivos pregam ao Klu Klux Klan, é impagável. É também
uma oportunidade de soltar umas boas gargalhadas.
Os dois irmãos foram nomeados para os Óscares pelo argumento
deste filme. No Festival de Cinema de Cannes, Joel Coen , foi nomeado como
melhor realizador.
Rufino Casablanca – Maio de 2002.
1 comentário:
Sintético, objectivo, sem floreados na escrita. Uma forma não usual de fazer crítica de cinema.
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