Achei oportuno por se enquadrar
no período que ainda se vai revivendo, algures.
Porque "JÁ NÃO SE ESCREVEM CARTAS DE AMOR" envio-te este
"apressado" trabalho sobre um pequeno(?) episódio ocorrido pelos
Santos Populares, na nossa terra e que hoje JÁ NÃO SE CELEBRAM.
A FALTA NÃO É POR MIM…(e as
celebrações dos Santos Populares no Alandroal)
Neste mais um ano de “afastadas
de nós” as celebrações dos ditos Santos Populares ocorreu-me contar o que se
passou nesta “nossa” terra por alturas de um dos bailaricos alusivos e que, no
caso concreto, teve lugar no ornamentado espaço junto à Moagem, defronte ao
Café Central ao tempo gerido pelo Zé Careca.
A ORQUESTRA (assim se denominava)
era composta pelos músicos João e Manuel Salomé, Homero Coelho (Pimenta),
Manuel Cordeiro (Pinóia) e José Luis Ruivo (José Luis do Aldeano)
instrumentistas de «CORDAS» e, José da Rosa (José da Rosa Fontes) na percursão
= bombo + caixa, emprestados pela Direcção da Banda Municipal.
O baile, organizado para as
vésperas do S. Pedro, deveria ter início ás dez da noite porém, á hora marcada,
faltava um dos elementos.
Os restantes já se encontravam
reunidos no dito Café Central bebendo “uns pirolitos da Casa Botas, de Redondo”
e degustando “umas ervilhanas”, desde as nove horas.
Nove e meia da noite e o elemento
em falta, nada de aparecer.
Mestre João Salomé denotava
impaciência, pelo aproximar da hora de início “DO CONCERTO” (não admitia
incumprimentos, sempre assim foi).
De consenso com os demais deixou
o Café Central e rumou, Caminho da Fonte e Praça acima, á procura do faltoso
indo encontrá-lo na Taberna do Manel Canhoto encostado ao balcão “manuseando”
mais um de três tinto. Então??? Está tudo á tua espera!!!. Vou já para
baixo…vai tu já andando que eu não demoro nada, disse.
Voltou mestre João ao Central
levando a boa nova do seu rápido aparecimento.
Momentos depois O FALTOSO (e o
seu instrumento) sai correndo da taberna a caminho do BAILE escondendo-se com o
“buxo” do Jardim das Meninas, atravessa rapidamente o Caminho da Fonte e
senta-se numa das cadeiras atribuída aos músicos. FICANDO SÓ, já se vê, porque
propositadamente se não anunciou.
Pela janela do Central alguém o
viu e exclamou: OLHEM-NO, JÁ ALI ESTÁ.
Dirigindo-se-lhe Mestre João
Salomé algo agastado com a atitude, reagiu assim o faltoso:
Moral da história: De FALTOSO
passou a CUMPRIDOR.
Abraços para todos
XXXXXXXXXXXXXXXXX
Comentário para destacar:
Esta memória deliciosa trouxe-me a recordação do João Salomé, grande amigo e mentor nos tempos da minha adolescência. Em noites de Verão (férias grandes) espreitávamos com ele o céu estrelado..., em busca do Sputnik que os soviéticos tinham lançado. Como todos sabem, o mestre João Salomé era um homem de esquerda, ouvia a rádio Moscovo, e agradava-lhe com muito gozo que os russos tivessem tomado a vanguarda da era espacial. «Olhem... lá vem ele aqui mesmo por cima de nós... o socialismo já anda à volta da Terra!».
Com ele também aprendi a tocar viola. Em tardes encaloradas, metiamo-nos na sua loja de ferrador, já em decadência por motivos óbvios..., ele fazia os solos com o seu belo banjo e eu lá ía afinando os acordes que me ensinava, com a viola. Quando os Beatles editaram o "Yesterday" bastou-lhe ouvir a canção uma vez e logo a dedilhou no banjo e na viola; fiquei estupefacto!
Se me é permitido, gostava de fazer uma pergunta ao amigo Tói: o Pimenta..., recordo o nome mas é-me difícil encontrar o seu perfil fotográfico nas minhas memórias; era um tipo baixo e magro, com óculos, que tocava caixa na banda... e de personalidade um pouco pirracenta (como aliás nos dá a entender a tua memória)?
Obrigado e aquele abraço alandroalense.
Luis Fernando
4 comentários:
Mais um bom momento relembrado pelo amigo Tói
Chico tal como já te tinha dito, no email que te enviei, fiquei deslumbrada com o texto da Joana. Não encontro adjectivos que se ajustem para o qualificar. Pensei em alguns : "génio" "talento" " prodigio" mas acho que todos eles são "menores". Um beijinho de parabéns à Joana, aos pais e aos avós. Força Joana és um prodigio!!
Esta memória deliciosa trouxe-me a recordação do João Salomé, grande amigo e mentor nos tempos da minha adolescência. Em noites de Verão (férias grandes) espreitávamos com ele o céu estrelado..., em busca do Sputnik que os soviéticos tinham lançado. Como todos sabem, o mestre João Salomé era um homem de esquerda, ouvia a rádio Moscovo, e agradava-lhe com muito gozo que os russos tivessem tomado a vanguarda da era espacial. «Olhem... lá vem ele aqui mesmo por cima de nós... o socialismo já anda à volta da Terra!».
Com ele também aprendi a tocar viola. Em tardes encaloradas, metiamo-nos na sua loja de ferrador, já em decadência por motivos óbvios..., ele fazia os solos com o seu belo banjo e eu lá ía afinando os acordes que me ensinava, com a viola. Quando os Beatles editaram o "Yesterday" bastou-lhe ouvir a canção uma vez e logo a dedilhou no banjo e na viola; fiquei estupefacto!
Se me é permitido, gostava de fazer uma pergunta ao amigo Tói: o Pimenta..., recordo o nome mas é-me difícil encontrar o seu perfil fotográfico nas minhas memórias; era um tipo baixo e magro, com óculos, que tocava caixa na banda... e de personalidade um pouco pirracenta (como aliás nos dá a entender a tua memória)?
Obrigado e aquele abraço alandroalense.
Luis Fernando
PIMENTA foi sempre "e muito" pirracento. O perfil que dele traçaste assentava-lhe que nem uma luva.
Muito baixo e magro, usava óculos de lentes bastante grossas (via péssimamente mal)e tocava caixa na Banda, sendo autor da resposta acerca de uma sua desatenção em pleno ensaio: «Disse-lhe o Mestre: Rufe Sr. Pimenta!!! Rufo se eu quiser. Mas sempre rufando».
Era muito amigo dos meus primos Salomés, com quem tertuliava pelas Quintas e Jardins dos termos da nossa terra onde, regularmente, ocorriam animadas "petisqueiras", que eles "apoiavam?" dedilhando as violas.
Outros os tempos. Outras as vivências.
Nasceu em Janeiro de 1909, vindo a falecer no Lar da Misericórdia em Outubro de 1977.
Ao Luis Fernando, com amizade.
Abraços para todos
Tói da Dadinha
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