(Continuação da semana anterior)
NA FEIRA DE ARTESANATO
Foi uma carga de trabalhos, para arranjar novo táxi, que quisesse transportar, o Tira-Picos, e a “tralha” que o acompanhava para o local certo. Teve que ser por “ajuste directo”, com o auxílio do Porteiro da Feira Popular e mesmo assim só com o desembolsar de duas de mil. Uma carga de trabalhos, que já fazia com que mal dissesse a hora em que tinha aceite tal proposta.
Mas lá conseguiu chegar ao destino certo, e após mostrar a carta do Presidente, deixou o “material” em sítio seguro, usufruiu de uma boa jantarada, e de uma confortável dormida, em colchão macio que até fez com que esquecesse a sua Maria.
Tinha ordem de se apresentar às nove, para ter pelo menos duas cadeiras prontas, para quando a Exposição abrisse à tarde. E cumpriu.
Deram-lhe uma “casinha em pano” e disseram-lhe: vá pondo fundos nas cadeiras, e quando alguém quiser comprar: venda.
Bem... o Tira-Picos nunca se tinha sentido tão feliz. Primeiro toda a gente, (e se havia gente), parava para ver a sua habilidade, depois nunca tinha visto tanta “cara bonita”, e se eram “jeitosas”... e as luzes que aquilo tinha! Razão tinha o Labumba, quando dizia que não havia nada como Lisboa! Ih...e como as cadeiras se vendiam... aquela gente devia ter mesmo o cu frio, e precisavam de fundos de buinho para aquecerem o rabo. Não é nada... logo no primeiro dia vendeu o material todo, o que valeu foi o homem encarregado da feira ter comunicado à Câmara para mandar mais... e mandou.
O melhor é mudar-me para Lisboa.
Ainda foi perguntar ao homem que mandava, se podia continuar o negócio ali...mas nada feito, Aquilo só funcionava por uns dias, depois o lugar era para outras coisas...
Tudo corria pelo melhor, e o Tira- Picos, já pensava ter tirado a “sorte grande”. Mas ao lado estava um galego, que passava o dia a “malhar” sola, fingindo estar a “deitar meias solas, tombas e viras”, em sapatos, mas que fazia um negocião a vender botas caneleiras.
Como eram vizinhos, tornaram-se amigos...e como ambos nunca tinham tido vida boa, e tão pouco se acharam alguma vez com umas notas, um dia diz o Galego: oh compadre... e se a gente esta noite fossemos às “maganas”?
Atão não havemos de ir? Logo à noite depois do jantar, "aluguemos" um táxi e...vamos
E foram...
Coisa linda... o taxista deixou-os à porta de um bar. Nunca o Tira-Picos pensou que existisse tal coisa...a música era linda... só “tangues”, as mesas para se sentarem todas bem compostas, com toalhas e tudo, a luz era de muitas cores, mas aquilo parecia tudo vermelho, e até mudavam para outras cores, conforma a música tocava. Não havia cá vinhos tintos ou brancos, nem sequer bagaços, só “buída fina”. Tanto que ele tinha para contar quando regressasse ao Alandroal! Até iam morrer de inveja.
E as “maganas”? Aquilo é que eram mulheres! Bem vestidas, bem compostas e que bem que cheiravam!
Bem dizia a hora em que o companheiro da “casinha” do lado o tinha desafiado. Até quando lhe vieram oferecer um charuto não se fez rogado.
E quando duas perguntaram se, podiam sentar-se na mesa, todo o Tira-Picos se desfez em sorrisos para que as mesmas os acompanhassem.
Vieram mais bebidas...e tudo estava a correr pelo melhor quando o amigo Galego se sai com esta: Compadre...tenha cuidado olha que “isso” é um homem!
Podia lá ser... uma coisa tão bonita com umas “mamas” daquelas... o homem é parvo!
Mas pelo sim pelo não... O melhor era tirar dúvidas. Foi subindo a mão pelas pernas do “travesti” e quando confirmou que o colega tinha razão... deu tal apertão nas “partes” do outro que além do estrondoso berro, lhe pregou um “murranaço” no olho, que o Tira-Picos até viu as estrelas.
Estava arrumada a confusão... Tira-Picos e Galego no olho da rua, mas não sem que antes tivessem de largar quinze notas de mil, o que os deixou completamente “tesos” .
O pior é que no dia seguinte a “corja” desaguou na Feira de artesanato, e quando viram os dois “marmanjos”, não só lhe aplicaram nova dose como destruíram o material que ainda possuíam.
Não houve outro remédio senão devolver o Tira-Picos à procedência, onde chegou com um olho à Belenenses, teso que nem um carapau, e sem vontade de regressar a Lisboa.
Mas tinha uma agradável surpresa... ERA PAI.
Saudações Marroquinas
Xico Manel
(próximo episódio : O Tira Picos é pai - p´rá semana)
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