(Continuação)
Em casa dos Sogros
Escusado será dizer que todas as façanhas protagonizadas pelo Tira-Picos chegavam ao conhecimento dos pais da Pardaleira, que com grande mágoa iam constatando o “embrulho” em que a sua filha se tinha metido. Tudo isto “mexia” com o bondoso coração de D. Pulquéria, que a toda a hora lamentava o “mau passo” dado pela filha.
Não pode ser, temos que fazer alguma coisa, eles não podem continuar a viver assim, lamentava-se a Senhora!
Deixa-a estar, ninguém a mandou não ter cabeça. É bem feito, uma magana daquelas, que nunca lhe faltou nada...
Bem... as mulheres conseguem tudo, quando querem, e por fim D. Pulquéria lá convenceu o marido a dar guarida ao casalinho.
O Tira-Picos, ao princípio ainda se mostrou renitente, mas como os amigos não lhe perdoavam, aquela de fazer do quadro do Presidente da Direcção um colar para o pescoço do Cachacita, e nem já sequer tinha um amigo para beber um copo, além de que a vida cada vez se tornava mais difícil... lá acedeu a passar uma temporada no Monte das Bujardas.
Ainda que o sogro não lhe "mostrasse os dentes", e a conversa entre os dois fosse como a “lavoura dos burros”, sempre enviusada, D. Pulquéria lá deitava água na fervura, e o Tira-Picos lá ia “enchendo a mula”, dormindo boas sestas, e fumando umas cigarradas. Até que um dia, (há dias em que um homem não devia levantar o coirão da cama), depois do almoço, e querendo ser prestável o Tira-Picos, prontificou-se a ir levar as cascas da melancia, devidamente migadas, ao galinheiro, onde coabitavam as galinhas, os coelhos e os pombos. Foi a perdições... a porta ficou aberta... os coelhos marcharam todos, os pombos foram um regalo para os caçadores... e as galinhas acharam um bom “entretém” debicando na horta, onde tudo foi ao ar, desde os alhos ás alfaces e até o canteiro dos temperos não escapou.
Ficou “bruto” o dono da casa.
Sentado ao lume quando a esposa lhe perguntou o que se fazia para a janta: sei lá...vai lá ver se ainda se aproveitam alguns espinafres.
Eu vou... sentenciou o Tira-Picos
E foi...
Voltou com uma braçada de espinafres, que nem precisaram de ser arrancados, pois as galinhas já se tinham encarregado de tal.
Onde quer que ponhas os “pinafres”?
Se calhar aqui no lume! Diz o sogro.
Ora não foi tarde, nem foi cedo... espinafres para o meio das labaredas, que já se faz tarde!
Malandro!!! Ponha-se na rua...não basta ter ficado sem a horta ainda faz pouco de mim!
RUA.
O Tira-Picos, foi... mas foi curtir as mágoas para a tasca do Pirolito...antes não fosse...
PONTO FINAL DA ESTADIA EM CASA DOS SOGROS
Se foi por ser parvo, ou se foi para fazer pouco do Sogro ainda hoje se está por saber o que levou o Tira-Picos a deitar os espinafres no lume. Certo é que a “coisa” não pareceu nada bem, e o Tira-Picos meteu o rabinho entre pernas e foi “curtir” uns “copos” na tasca do Pirolito.
Conversa puxa conversa, copo puxa copo, quando mal se descuidou estava com “uma “ de “caixão à cova”, a tal ponto que tiveram que ir levá-lo a casa, onde a esposa o esperava.
Deitaram-no no sofá que estava logo ali à mão, onde ficou a “curti-la”. Só que a “magana” era chorona, e o Tira-Picos desatou a chorar, de tal forma foi o “cagarim”, que conseguiu reunir o resto da família à sua volta.
E chorava... chorava a tal ponto que a Pardaleira muito pesarosa desabafa para a mãe: Coitado, está mesmo arrependido... não deixa de chorar.
Deixa-o chorar... quanto mais chora...menos mija. Responde o pai.
Não mija... mas é uma merda é que não mija...
E não esteve com meias medidas. Saca do “instrumento” e "zabumba" enfia-lhe uma valentíssima "mijadela", mesmo diante dos sogros, deixando o sofá numa lástima.
Foi o ponto final, da estadia em casa dos sogros.
Ainda nessa mesma noite, palmilhou o caminho de regresso ao Alandroal, sem mesmo se dar conta porque tinha sido posto na rua.
Também a Pardaleira custou a perdoar-lhe tal desaforo só regressando a casa passado quinze dias... mas o amor é assim!!!
Saudações Marroquinas
Xico Manel
(Continua)
1 comentário:
Companheiro
Esta do Tirapicos fez-me recordar uma do Zé Borrão, "Peças", Manuel sapateiro e Companhia.
Um dia na sociedade de Terena, que Deus já lá tem e os homens destruiram, situada na rua de Estremoz, num baile de carnaval com casa cheia, aquela "equipa" vai acabar de se "enfrascar" na Sociedade. A determindada altura dá uma forte dor de barriga ao Zé Borrão, que devido ao estado em que se encontrava, tinha medo de descer as escadas que dá para o quintal, pede ao Peças para o ajudar.
Nos petiscos e copos há sempre demoras ou se acaba de vasar o copo ou se dá mais uma léria, sucedeu que os intestinos do Zé, não obedecendo ao dono descarregaram.
Quando o Peças vai para o auxiliar na tarefa de descer as escadas, o Borrão diz que "já não é preciso, já está".
Para sairem da sociedade tinham que passar pela sala do baile, a abarrotar de gente dançante, o Manuel sapateiro veste o Zé Borrão com a gabardine do Zé Tatá, o mais finório de todos (era farmaceutico) na tentaiva de abafar o cheiro e os quatro companheiros saem ao mesmo tempo atravessando a sala de baile.
Sairam à pressa mas o cheiro ficou algum tempo na sala, fazendo soar a frase da boca de algumas pessoas "quem será o bruto que se cagou"
Um abraço, companheiro outro para a equipa.
Helder Salgado
120-05-2012
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