terça-feira, 1 de novembro de 2011

MEMÓRIAS DA INFÂNCIA - HOJE DO CHICO MANUEL

Vá... levanta-te... se não te”despachas” só apanhas dos podres.
O adjectivo referia-se aos marmelos, uma das dádivas que faziam parte do cabaz das frutas que compunham as ofertas dadas em nome de todos os Santos. Era o primeiro de Novembro, e logo pela manhã a rapaziada percorria os Montes e as Hortas, “pedindo os santos”. Munidos de grandes “bolsas” iam à cata de nozes, marmelos, tangerinas, passas, romãs e outros géneros que pudessem nesse dia proporcionar à família uma sobremesa mais “substancial”. Então tu és quem? De quem és filho? O teu pai tem trabalho? Quantos irmãos têm? Em que classe andas? Vais à catequese?
As respostas ao inquérito, eram o barómetro para a extensão da esmola, pois consoante o grau de dificuldades assim a “talega” podia ser mais ou menos cheia.
Havia também quem achasse graça a esta tradição, e se era pedir os Santos, era mesmo um santinho que levava. Era este o caso da minha Tia Bia que para meu desespero, me dava todos os anos um Santinho de papel que ela lá ia descobrir não sei onde, chegando a ir levá-lo a casa acompanhado de um raspanete porque “este ano não foste lá a casa pedir os santos”.
O certo é de que de tudo isto, uma justiça era feita. Nesse dia a “bolsa” dos mais necessitados chegava ao fim mais cheia.
Seria este o “MILAGRE DE TODOS OS SANTOS?”
Xico Manel

4 comentários:

Anónimo disse...

Apenas e SÓ:

S A U D A D E !...

joaquim mira disse...

Boa tarde, Sr. Xico sou um assíduo leitor das suas crónicas e confesso que as acho interessantes. Apesar de ser quase seu vizinho (Glória-Estremoz), nunca tomei a iniciativa de opinar sobre qualquer artigo seu, mas hoje há chegado o momento e como tal aqui vai;
Lembro-me perfeitamente de neste dia também eu ir aos santinhos e a coisa era mais ou menos o mesmo. Mas isso são tempos que já lá vão, hoje quase não se vê ninguém aos santinhos.
Como quase todos os usos e costumes dos nossos antepassados vão caindo no esquecimento, ainda há quem vá tentando passar a mensagem, e ao mesmo tempo relembrando histórias de quando se era mais novo (não que já se seja velho, afinal são só 38 anitos) e afinal recordar é viver.

Abraço,
J. Mira

Ps: espero ter o prazer de beber um café com o Sr. xico um dia destes aí no alandroal

francisco tátá disse...

Obrigado pelos vossos comentários.
São um incentivo para prosseguir.
Amigo J. Mira havemos de beber o tal cafézinho e conversámos.
E depois comer um franganito aí na Glória (no meu tempo de rapaz novo eram famosos) e muitas vezes me desloquei até aí para os apreciar
Um abraço e obrigado
Chico Manuel

Helder Salgado disse...

Este texto do F Manuel, oportuno a assinalar uma tradição, que não me recordava. Possivelmente, se estivesse aí no Concelho me recordaria.
O senhor Mira, leitor assíduo, comentou pela primeira vez. Não deixa de ser curioso, pois há quinze dias no Fórum do Alandroal, também uma nossa conterrânea com o mesmo apelido, Mira, me disse que era leitora assídua. mas que ainda não comentara.
Carissima, se me é permitido fazer-te um pedido, neste momento, só pode ser este - seguires o exemplo do senhor Mira - ou ainda mais contares uma historieta do teu conhecimento, pois a vida de atendimento público dos teus pais deveria ter sido fértil em acontecimentos dignos de realce.
Um abraço
Helder Salgado