quinta-feira, 27 de outubro de 2011

CADA TERRA COM SEU USO…CADA ROCA COM SEU FUSO

Muito gosto eu de escutar todos aqueles que me levam uns anitos à frente!
E, volta e meia, dou comigo a provocar certas conversas em volta de um copo, na tasca da Ti Maltide, sobre os tempos de outrora.
Ao fim e ao cabo pouco divergem dos passados na juventude lá para os lados onde vivi a minha mocidade.
No último “convívio” abordou-se o tema das “brigas” provocadas pelos bailaricos e pela “conquista” da jovem pretendida,
O Ti Macedo recordou os bailes nas freguesias e quatro ou cinco nomes de brigões, que quando apareciam era zaragata certa. Mas numa coisa estavam todos de acordo, as brigas eram sempre por causa das mulheres. E o motivo era sempre o “bota lá licença”, que consistia em trocar de homem no par que dançava. Era assim: fulano andava de baile com fulana, mas outro que lhe agradasse chegava e pedindo licença, tomava o lugar do dançarino ( a Ti Rosaria confirmou que mal da rapariga que não cedesse, pois seria de imediato criticada por todas as outras) e aquele que não acedesse a trocar seria mais tarde enxovalhado por todos os outros rapazes. Claro que o “dispensado”, só não se vingaria mais tarde se não pudesse e na primeira oportunidade estava a briga armada.
Intervi dizendo que lá para os meus lados as coisas eram diferentes e que essa moda de separar os pares só se usava quando duas moças dançavam juntas e dois rapazes se juntavam para as “apartar”. Brigas davam-se, isso sim, quando qualquer forasteiro vindo das localidades limítrofes e vice versa conseguia “engatar” a rapariga que por direito de residência e naturalidade se declarava que bailar, só com os da terra. Recordei até um “enxerto” que levei em Cabeça de Carneiro e uma outra vez que tive que “cavar” de um baile em Ferreira.
Há! diz o velho Augusto: por cá era o mesmo. Eu uma noite estive escondido em cima de um chaparro até de madrugada por causa da Maria Amélia dos Baldios.
A Maria Amélia? Eh pá! essa era de ginja. Muitas brigas se arranjaram por causa dela.
E chegaram à conclusão que ao fim e ao cabo todos se viram metidos em sarilhos por causa da dita cuja.
A conversa prolongou-se por muito mais tempo. Muitos episódios, nomes, distúrbios, foram relembrados até que me ocorreu:
É por essas e por outras que agora a mocidade é mais esperta: dançam sozinhos, tudo ao molho, abanando o capacete, de mãos no ar, eles com elas, elas com eles, elas com elas , eles com eles..
Bem quando me sai com esta, não queiram saber o que tive que ouvir, mas pior ficariam os pseudo dançarinos modernos se ouvissem os nomes porque foram catalogados.
Ainda bem que eles preferem “poisar” noutros locais …senão tínhamos briga certa.
Chico Manuel

Obs: Por razões óbvias os nomes utilizados são fictícios

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