OS GENÉRICOS DO MEU TEMPO
Tanta conversa sobre os genéricos e ao fim e ao cabo eles já existiam há muito tempo.
E de borla…ou quase.
Recordo a infância:
Estava “fraquinho” ou com poucas cores – caminho da Barranca (Monte) onde o leite da burra ao fim de uma semana me punha logo em forma.
A gripe aparecia, a febre não dava descanso – o Chico Garcias (meu Padrinho e protector) mandava de imediato dois pombinhos, sacrificados do extenso pombal para um caldinho bem quente. Era remédio santo.
A tosse não dava descanso (será convulsa?) – pois nada melhor que subir aos eucaliptos (ás costas do meu pai) da ladeira da caeira, mexer nas folhas, aspirar o cheiro do eucalipto, trazer uma “ramada” para cabeceira da cama e ferrar um sono reparador.
Persiste a tosse? – Bem, vamos então aos figos bravos, enfrentem-se os espinhos, faça-se um golpe nos mesmos, deixe-se o líquido correr para uma chávena e beba-se o mesmo.
Para “coisas” mais sérias lá estava o Dr. Xavier para com o famoso “PALMITATO” nos curar de todas as maleitas. E se fosse coisa ainda mais séria o Dr. Matias curava-nos com um bom banho de imersão, de água fria ou quente, conforme as circunstâncias (foi assim que me curou de uma doença chamada na altura "garrotilho").
Tínhamos ainda o Dr. Galhardas para nos arrancar os dentes, sem necessidade alguma de “chapas”, ou o farmacêutico Pita com as suas famosas “pastilhas”.
Era assim na minha meninice.
Agora?.....
Chico Manuel
10 comentários:
Sr. Francisco,faltou aqui referir um outro excelente medico.de Vila Viçosa,que era o Dr. Geremias.
Tem toda a razão. O Dr. Jeremias o "tal" que tinha a "máquina".
E quando se consultava se não levasse o paciente "à maquina" a consulta já não era a sério.
Alguem saberá esclarecer o que era a máquina?
Companheiro
A palavra "Palmitato" fez-me recordar outa a "Lactosibiosina" que, embora mal me lembre, penso ser uma especie de granulado de cor branca que se comprava na farmácia para nos enfortalecer.
Do que me lembro perfeitamente é da cerveja preta ferrada com gema de ovo dissolvida, também para nos dar mais força. Tomei no Monte feita pela minha avó Joaquina, quando tinha 13/14 anos. Esta idade!!!!. Era cá um pincel tomá-la até fechava os olhos. A ferragem da cerveja consistia intoduzir um ferro, era um prego de ribar, em brasa dentro da cerveja, até arrefecer.
Julgo que será oportuno falar no "Poeta" o curandeiro de Terena que se radicou no Rosário e depois em Èvora, cujas "mesinhas" que indicava figuram em livro.
Um abraço
Helder
Há mas a maquina não era do DR.JARDIN creio que foi este excelente médico que duou tudo ao dr Geremias quando este faleceu as pedreiras pararam quase todas para os operários irem ao funeral a VILA VIÇOSA ele foi para a cova num lençol.Amigo Francisco no meu tempo já havia aquela comida para bebés tinha era outro nome (açorda e sopa de tomate e uma sardinha para três) tambem bons genéricos ninguem morria á fome e não havia tantos roubos.
Sr. Francisco,tambem comigo essa "maquina" foi usado,quando numa noite á lareira e em brincadeira com os meus pais,era eu um miudo,engoli uma moeda de vinte e cingo tostões, e então os meus pais logo me levaram ao Dr.Geremias,que logo de seguida me levou a "maquina" e muito rapidamente detectou a dita moeda e muito rapidamente vaticinou que e dita cuja ao fim de um ou dois dais iria sair, e se bem o disse melhor aconteceou ao segundo dia a bela da moeda lá saiu.
Um abraço
A máquina era um aparelho de RX. Várias vezes lá fui.
VC
A "máquina" era um aparelho de radioscopia (RX).
Pergunta ao teu filho, Dr. Luis, a doses industriais de RX que uma exposição mais prolongada atirava para cima do doente.
AC
Rádioescopia...assim se chamava (?) aquela Máquina.
(Não tinha só o Dr. Jeremias Toscano, muito embora este imprimisse imagens)
De entre várias iniciativas que se pretende levar a "bom termo" a Santa Casa do Alandroal "arquivou" a meu cuidado (há três quatro anos) alguns equipamentos e utensílios de ancestral uso clínico para que amanhã se observem..., porque não em Museu Municipal???.
Adquirido pela Misericórdia e comparticipado pela Fundação Calouste Gulbenkian (a pedido do então Director do Hospital, Dr. Matias Galhardas) ainda existe o célebre aparelho de Radioscopia (marca General Electric)...RARAS VEZES UTILIZADO.
Ainda recordo, porque as requisitava ao Departamento da Energia Nuclear do Instituto Superior Técnico, as "películas" que os clínicos obrigatóriamente dependuravam das batas, bem como as luvas e aventais "de amianto?" -componentes mais tarde exigidos pela levada de novos médicos integrantes do Serviço Médico á Periferia.
Era a germinação do (por enquanto)Serviço Nacional de Saúde.
Deixo-vos este pequeno pormenor tão sómente pelo intuito de divulgar conhecimentos e estabelecer comparativos.
E assim, tão sómente, continuarei...
Abraços e BOA SAÚDE para todos
Tói da Dadinha
Obs.
OH Chico,
Xixa penico que tiveste todas as doenças que uma simples criança podia ter na decada 50.Era à dúzia?
Mas o que parece mais engraçado, é que se mais doenças houvera de mais doenças te curavas à velocidade e às cavalitas de um simples relampago.
Pergunto:chegaste a ir ao Dr.Xarope? E que tal?
Chegaste a reparar que o Dr.Galhardas quando arrancava um dente mandava, ou mandou-me a mim, para o galheiro,já não sabendo eu se ficava arrumado por ainda ter dente.Ou por já não o ter...
Explica lá bem a coisa.
Abraço
ANBerbem
Por incrível que pareça, há cerca de 57 anos, o Médico Fez-se Acompanhar dessa "Máquina" e, como o doente estava já muito debilitado, foi na sua residência que o Médico efectuou os exames. Foi devido a "Ela" que se pôde confirmar que o paciente não sofria de doença pulmunar. O doente ficou então mais aliviado..., e, balbuciou as seguintes palavras:
"Patifa..., toutinegra..., já podes
entrar no quarto, anda cá..., que o "Xanita" já te pode dar um beijinho"...
Não era Tuberculose, mas foi uma doença renal, (Nefrite) que, à data, era fatal, vindo a falecer uns dias depois.
Patifa/Toutinegra
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