Transcrição da crónica diária transmitida aos microfones da :http://www.dianafm.com/
Todos os motivos para ir à manifestação de 1 de Outubro
Eduardo Luciano
Quinta, 29 Setembro 2011 09:51
A vida da maioria dos portugueses não tem estado fácil. A opção pela submissão às exigências do capital internacional e pela alienação da soberania nacional sujeitando-se a um programa imposto pelo FMI, pela União Europeia e pelo Banco Central Europeu, com seu caminho de austeridade e de sacrifícios para a maioria é a via mais rápida para o descalabro económico e social do nosso país.
Aumentos de preços dos bens essenciais, cortes nos salários, medidas que facilitam os despedimentos, alteração da legislação no sentido da desregulamentação das relações laborais, a anunciada diminuição da taxa de contribuição para a segurança social por parte das entidades patronais, um programa de privatizações que ameaça ir até à alienação da água para consumo humano e a paulatina destruição das funções essenciais do Estado, são o guião deste governo que tem vindo a aprofundar o caminho iniciado pelo governo do PS.
O ataque sistemático e cirúrgico ao serviço nacional de saúde, pondo em causa o essencial da assistência médica, em particular dos mais idosos e dos que vivem longe dos grandes centros, a aplicação prática das concepções mais liberais no que à educação diz respeito são outras traves mestras desta ofensiva do governo PSD/CDS, sempre com a justificação do cumprimento das exigências da troika estrangeira a que estes partidos e o PS se comprometeram.
São já muitos os que olham para este caminho, como o caminho que a Grécia percorreu e que está a levar aquele país à bancarrota.
Já esta semana o Governo apresentou um “livro verde” que vem descaracterizar por completo o Poder Local democrático, fazendo regredir a gestão municipal ao tempo dos regedores e das câmaras geridas por presidentes nomeados pelo governo.
Tais medidas colocam em causa a própria essência do regime democrático e um dia destes ainda teremos algum iluminado a afirmar que a democracia é demasiado cara para um país tão pobre como o nosso.
Juntemos-lhe a ameaça externa, com a chanceler alemã a fazer uma verdadeira declaração de guerra aos países que deveriam ser tratados como parceiros, ao ameaçar com a perda de soberania os que não cumprem as regras que pretendem impor.
Perante esta realidade, perante aquilo que se avizinha e que se pode encontrar de forma clara nas palavras ditas em inglês pelo ministro das finanças, de que o pior ainda está para vir, não acham que é altura da resistência se começar a fazer ouvir nas ruas?
Não é altura de afirmar que este caminho de desastre anunciado tem que ser travado e derrotado?
Encontramos todos os dias lamentos e indignações dispersas, quantas vezes acompanhadas de um encolher de ombros.
Está na hora de juntarmos todos os protestos numa só voz. Está na hora dos espoliados por estas políticas, daqueles que estão sujeitos a um indigno regime de precariedade laboral, dos que são todos os dias atirados para o desespero do desemprego, dos pequenos empresários estrangulados pela ausência de crédito bancário e pela diminuição do consumo privado provocado pelas medidas de austeridade, dos reformados e pensionistas que são tratados como um peso social, de todos os atingidos por estas políticas, saírem à rua para manifestarem a sua indignação.
O local é o do costume, a avenida da liberdade, e é já no próximo dia 1 de Outubro. Vai ficar em casa, conformado, ou vai juntar a sua voz aos que não desistem de travar esta batalha em defesa da democracia, da soberania nacional e de um outro caminho que nos garanta o futuro?
Até para a semana
Eduardo Luciano
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