A LUZITANA
Em meados do século passado era hábito as famílias e amigos organizarem confraternizações (petiscos) nas hortas e quintas circundantes á vila e, em alguns casos, em locais mais afastados.
Preparavam em casa os "comes" e eles aí iam até frondosos locais para os degustar.
Havia nessa época um grupo (meu pai, Mecânico; meu tio João "Carronca", Moageiro; o mestre Pintalúcio, Alvenéu; o mestre Daniel, Sapateiro; o Zé da Maria Teresa, Forneiro; o Zé Tátá, Merceeiro; o Mestre Zé Fontes, Abegão; o Maneta, Seareiro no Alfaval «Bencatel" e, outros mais de que me não recordo.
Demandavam regularmente a Ribeira da Atalaia. Rica em pégos e em peixe, para fritar.
Levavam os apetrechos de cozinha; algumas "entradas"; pão e vinho. Há, as navalhas " da Icel" também.
Á chegada, uns iam para os
provocar a pescaria (com bombas e outros artefactos), outros instalavam os apetrechos.
Entretanto uns e outros iam bebendo o seu copo e trinchando as entradas. Cada um levava o que podia.
Recolhida a abundância de peixe procediam ao seu "amanho" e toca de fritar.
Só que...já não havia vinho!!!
O meio de transporte dos comes e dos apetrechos era a "inteligente burra" do Zé Galego, baptizada com o nome pomposo de, LUZITANA.
Dependuravam os garrafões de vinho vazios na lombada da burra e ordenavam-lhe a ida á vila, á adega do meu tio António (do Manel Torcato), SÓZINHA.
Aí fazia a LUZITANA o percurso, regressando com mais vinho...sem assaltantes e a festa continuava até ao entardecer.
Para terminar. Para o transporte de alguns mais "mal tratados" e no improviso de uma "padiola", a LUZITANA recolhia-os até à vila.
Mas que INTELIGENTE BURRA!!!
(Assim se passou, de facto)
Abraços
Tói da Dadinha
Um Comentário
Vale a pena trazer para primeira página este comentário (até porque reflecte a aspirações do Al Tejo)
"RECORDAR O PASSADO (HOJE O TÓI DA DADINHA)":
Este post do Tói da Dadinha, leva-me a comentar o " Momento de Poesia " da última 2ª feira. Aquele do José Régio. Não que pretenda comentar a poesia do Autor. A poesia do José Régio já é comentada vai para oitenta anos, e a minha opinião não ia adiantar nada ao que foi dito durante todo esse tempo. Para fechar esta abertura, direi apenas que foi um dos maiores poetas portugueses do século XX.
Aonde eu quero meter a colher, é na polémica que se instalou entre vários comentaristas.
" O poeta é um fingidor~
Que finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente "
A quadra acima é de Fernando Pessoa, um poeta indiscutível : culto, com sabedoria, com uma enorme sensibilidade, talvez o maior poeta de língua portuguesa.
" Ahora me pongo a cantar
Coplas que llevan más sangre
Que arenas tienen la mar
Canto ahora a los caídos
A los que estando en la tierra
Ya estan naciendo en el trigo "
E esta poesia foi composta por um pastor de cabras. Analfabeto. Extremeño de nascimento. Morreu em Cheles no ano de 1992. Amigo do António da Cinza, que um dia, a meu pedido, nos apresentou. Fiquei fascinado com o que me deu a ler. Ditava à neta o que queria dizer. Morreu ignorado por todos os senhores das letras.
E eu, que pensava que um poeta tinha que ser uma pessoa erudita, sabedora, com um vasto conhecimento do mundo e muito douta, de preferência com muitos graus académicos, vi-me, pequeno e envergonhado, por ter esses pensamentos, perante um pastor de cabras, espanhol, que nunca tinha ido à escola.
Entre Fernando Pessoa, mundialmente reconhecido como grande poeta, e o outro, analfabeto, pastor, que bebia uns copos na tasca, depois de meter as cabras no curral, venham os especialistas e escolham.
Assim, e na sequência do que quero dizer, nesta polémica de comentadores, tomo o partido do Homero.
Não há poetas burros.
Pode é haver uns que nos digam mais do que outros, dependendo sempre da sensibilidade de cada um de nós.
Orson
BRAVO DIGO EU - OBRIGADO . CHICO MANEL
3 comentários:
Pois é amigo Tói…esta não sabia eu!
Mas sempre houve animais muito inteligentes e obedientes ao seu dono na nossa Vila.
Estou a lembrar-me (e já escrevi algo sobre isto) do cão, ou cadela do teu tio António Manuel Torcato, que todas as manhãs transportava na boca uma cesta com o almoço, desde a Praça até à taberna do teu tio.
Nunca se constou que alguém a tivesse molestado, atropelado ou tentado tirar-lhe a cestinha do almoço.
E lá ía todos os dias cumprindo o seu dever….
Um grande abraço
Chico
Se bem me lembro, não era só o almoço os recados que o DRAGÃO (era um cão todo preto, mistura de labrador/perdigueiro, por sinal um excelente caçador) fazia, pois também ia ao talho do Velho FITAS, buacar carne e tudo o mais.Morreu com cerca de 18 anos.
Era um animal bastante inteligente!!!...
Um abraço,
HOMERO
Este post do Tói da Dadinha, leva-me a comentar o " Momento de Poesia " da última 2ª feira. Aquele do José Régio. Não que pretenda comentar a poesia do Autor. A poesia do José Régio já é comentada vai para oitenta anos, e a minha opinião não ia adiantar nada ao que foi dito durante todo esse tempo. Para fechar esta abertura, direi apenas que foi um dos maiores poetas portugueses do século XX.
Aonde eu quero meter a colher, é na polémica que se instalou entre vários comentaristas.
" O poeta é um fingidor
Que finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente "
A quadra acima é de Fernando Pessoa, um poeta indiscutível : culto, com sabedoria, com uma enorme sensibilidade, talvez o maior poeta de língua portuguesa.
" Ahora me pongo a cantar
Coplas que llevan más sangre
Que arenas tienen la mar
Canto ahora a los caídos
A los que estando en la tierra
Ya estan naciendo en el trigo "
E esta poesia foi composta por um pastor de cabras. Analfabeto. Extremeño de nascimento. Morreu em Cheles no ano de 1992. Amigo do António da Cinza, que um dia, a meu pedido, nos apresentou. Fiquei fascinado com o que me deu a ler. Ditava à neta o que queria dizer. Morreu ignorado por todos os senhores das letras.
E eu, que pensava que um poeta tinha que ser uma pessoa erudita, sabedora, com um vasto conhecimento do mundo e muito douta, de preferência com muitos graus académicos, vi-me, pequeno e envergonhado, por ter esses pensamentos, perante um pastor de cabras, espanhol, que nunca tinha ido à escola.
Entre Fernando Pessoa, mundialmente reconhecido como grande poeta, e o outro, analfabeto, pastor, que bebia uns copos na tasca, depois de meter as cabras no curral, venham os especialistas e escolham.
Assim, e na sequência do que quero dizer, nesta polémica de comentadores, tomo o partido do Homero.
Não há poetas burros.
Pode é haver uns que nos digam mais do que outros, dependendo sempre da sensibilidade de cada um de nós.
Orson
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