sexta-feira, 15 de outubro de 2010

CRÓNICA DE OPINIÃO DA RÁDIO DIANA/FM

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Martim Borges de Freitas - Chile, Atacama, Copiapó, Mina de San José


Sexta, 15 Outubro 2010 09:53
69 dias depois de terem ficado soterrados num abrigo, 32 mineiros chilenos e um boliviano, presos na mina de San José, em Copiapó, no Chile, foram resgatados.
No dia 5 de Agosto de 2010, a estrutura da mina de San José cedeu, deixando os mineiros presos a mais de 600 metros de profundidade, numa pequena mina de cobre e ouro situada a 800 km a norte de Santiago. A 6 de Agosto, o ministro das Minas do Chile, Laurence Golborne, em visita ao Equador, regressa ao Chile para liderar os esforços de resgate em Copiapó. As autoridades têm a esperança de que os mineiros presos possam ter alcançado um abrigo com oxigénio, água e comida. No dia seguinte, a 7 de Agosto, as equipas de resgate começaram a descer em direcção ao abrigo por meio de um túnel de ventilação, mas tiveram de abandonar a ideia quando um novo desmoronamento fechou o túnel. O Presidente do Chile, Sebastián Piñera, em visita à Colômbia, volta ao seu país para ficar ao lado dos familiares dos mineiros. A 22 de Agosto, dezassete dias depois do acidente, uma perfuradora alcança uma profundidade de 688 metros e ouvem-se batidelas na máquina. Nessa tarde, Piñera anuncia que os mineiros prenderam uma mensagem à máquina dizendo que os 33 estavam bem. Horas depois, são gravadas as primeiras imagens dos mineiros mostrando estarem em condições muito melhores do que o esperado. Golborne e o chefe das operações dizem, então, que o resgate deve demorar cerca de quatro meses, dada a instabilidade da mina e o tempo necessário para perfurar um novo túnel, com cerca de 66 centímetros de diâmetro. A 23 de Agosto, água, comida e remédios são enviados aos mineiros, através de um furo entretanto aberto. A 17 de Setembro, uma perfuradora chega ao abrigo. A 4 de Outubro, Golborne diz que os mineiros podem ser resgatados ainda durante o mês de Outubro. Uma semana depois, no dia 11, o ministro das Minas do Chile avança finalmente com a data prevista para o início do resgate: meia-noite de quarta-feira, dia 13 de Outubro, quatro da manhã em Portugal Continental.
A postos estavam os 16 homens directamente envolvidos na operação, membros das forças especiais do exército chileno, médicos, socorristas, mineiros e engenheiros. A subida de cada homem deveria demorar cerca de 20 minutos dentro da "Fénix 2", a cápsula de quatro metros de altura, 53 centímetros de largura e 400 quilos de peso, que rodopiaria pelo túnel de 622 metros de profundidade e 72 centímetros de diâmetro, escavado em 33 dias. O treino dos mineiros para a viagem envolveu exercício físico e uma dieta líquida para prevenir náuseas e vómitos e assegurar as calorias suficientes para suportar o stress. Os homens usariam um cinto abdominal que registaria os seus sinais vitais, uns óculos de sol para bloquear os raios ultravioleta e tampões para os ouvidos. Às 4h11m da manhã do dia 13 de Outubro de 2010 chegava à superfície o primeiro dos 33 mineiros a resgatar.
A operação foi uma operação de grande sucesso. Anunciada para terminar quatro meses depois, terminou dois meses antes. Coisa rara. Foi, portanto, conduzida com extraordinária competência, rigor e método, tendo tido também o mérito de aceitar o que de melhor os países de todo o mundo poderiam dar. Cada vez que a cápsula "Fénix 2" emergia à superfície, de vez para vez mais esfolada em resultado do seu incessante sobe e desce, mais um mineiro era salvo e milhões de telespectadores de todo o mundo vibravam de emoção.
69 dias depois do acidente, à 1h56m da manhã, hora de Portugal Continental, do dia 14 de Outubro de 2010, chegava à superfície o último dos 33 mineiros. Às 4h30m dessa madrugada era retirado o último dos socorristas.
Aqui está uma história que provavelmente todos conhecem, mas que merece ser repetida.

Martim Borges de Freitas



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