O ALENTEJO E O LUAR DE AGOSTO.
No Verão, nas noites tranquilas de um luar de Agosto, gosto de deixar perder os olhos e o pensamento, na limpidez do céu estrelado clarão, num ambiente calmo e de verdadeiro clarão de espírito.
Sente-se o encanto a desprender-se de mim, com a permissão de poder vagabundear por caminhos indistintos, leves e livres, sem gorgulhos que nos impeçam de sonhar alto, sem qualquer discriminação de sentidos e, propósitos menos realistas daqueles que por obrigação. diariamente somos forçados.
Aquele esplendor ilumina-nos completamente os sentidos, muitas vezes em viagens irreais, onde aquela luz se torna imponderável e etérea, vinda do céu macio, aveludando e acariciando a vida, deixando flutuar a seu belo prazer as almas terrenas e ásperas que bastem, numa espécie de peregrinação sem cansaço.
A voz das estrelas deslumbra-nos, tímidas e de descrição, com olhares onde a modéstia nos chegam impregnados de sensações de verdadeiro sossego, onde o céu nos sussurra com voz silenciosa, onde seu som vem daquela luz bruxuleante que nos faz pensar… pois quem não sentirá o peso, dos incontáveis milhares de milhões de estrelas, pretendendo dizer-nos qualquer coisa?
A mudez palpitante ecoa no nosso íntimo, lembrando-nos passagens efémeras por este mundo, sabendo estas já terem falado as mesmas palavras iguaizinhas, noutras regiões a todas as gerações, de qualquer idade, conhecendo perfeitamente muitas donzelas no espaço, possuídas de pupilas doces.
Aos grandes esplendores e às grandes misérias da Humanidade, sob os olhares do germe racional se passeiam grandes vaidades ridículas e de desespero ferozes, á luz vacilante de pirilampos que se vão dispersando, onde tantos ódios fanáticos, tantas guerras selvagens se dispersam e confundem., neste pequeno mundo.
Por norma, o homem sempre sente a tentação pelo que não fica ao seu alcance, onde a distancia lhe inspira mistério e curiosidades sôfregas, numa ânsia infinita da devassa dos segredos, desafiando com desdém as presunções terrenas.
Nestes devaneios frágeis vagueiam alguns dos meus pensamentos ao olhar o firmamento, por ver realçada certamente, a minha frieza para não dizer a nossa, insignificância física, com a nostalgia das noites de verão campestre, onde nos encontramos mais connosco… mais achegados á verdade e mais integrados na harmonia da natureza.
Finito ou infinito ainda que se oponham, direi eu, que neste caso se complementam, sabendo que nesta imensa abóbada celeste, onde a sinfonia dos palrares das toutinegras e outras chiadeiras nocturnas diferentes, os habitantes ribeirinhos e dos prados, namoram na perfeição com os astros, contentando-se com os rumores e os reflexos vítreos, que a natureza liberta, no luar de Agosto
JPBR10502
1 comentário:
Magnífica Prosa Poética!!!
A Cotovia
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