terça-feira, 22 de junho de 2010

" VIAGEM ALENTEJO / EXTREMADURA. IDA E VOLTA "

Diariamente ( para que não se perca o fio à meada ) , iremos aqui colocar esta peça que retrata alguns episódios da vida de personagens já nossas conhecidas de outros escritos anteriores, nomeadamente de " Peças Soltas no Interior da Circunferência " e " A Geração Seguinte "

(Continuação)

" VIAGEM ALENTEJO / EXTREMADURA. IDA E VOLTA "( Ou fragmentos da vida de uma família raiana ).

Cerca de 1890, no período da regência da rainha viúva, mãe daquele que viria a ser rei de Espanha com o nome de Alfonso XIII, chegou a Portugal, um casal vindo de Zafra, que trazia consigo uma menina com poucos meses de idade chamada Matilda Rodriguez Potra de Avelar, sua filha. Vinham fugidos por motivos políticos. Assentaram em Capelins, Alandroal. Tinham deixado em Zafra um outro filho, também de tenra idade, na companhia de familiares. Pensaram, inicialmente, que a sua estadia em Portugal seria muito breve. Era só até acalmarem as paixões e os motivos que os tinham obrigado a sair de Espanha. Porém, essas paixões e esses motivos nunca mais acalmaram, como nós muito bem sabemos, e foram ficando por cá até se estabelecerem definitivamente.
A menina que referi acima viria a ser a minha avó paterna, e o menino que ficara em Zafra é o Lorenzo mencionado na carta com que abrimos esta narrativa.
Os dois irmãos , a seu tempo, viriam a constituir família. E assim, Lorenzo e Matilda, vindos do mesmo tronco familiar, acabaram por viver em países diferentes.
Não se pense, porém, que viveram afastados um do outro. Não. Sempre se encontraram. E sempre se apoiaram nos momentos difíceis da vida de cada um deles. Alturas houve em que chegaram a viver juntos, nomeadamente, quando Lorenzo teve problemas com a ditadura do general Miguel Primo de Rivera. Por essa época, viveu em casa da irmã durante vários anos, só voltando a Espanha depois do advento da II República.
Voltando às apresentações.
Quero que fiquem a conhecer as principais figuras que participam nesta viagem, ou que nela são referidas : O tio Francisco e as tias Rosário e Guadalupe, irmãos do meu pai. O tio Francisco, por essa altura, vivia no monte do Meio, junto à igreja de Nossa Senhora da Fonte Santa, na Malhada Alta, com a mulher e a prima Evita, sua filha. A tia Rosário vivia em Elvas, casada com um major do exército, Jean Jacques de Castro Sagan, que detinha o comando da brigada da Guarda Fiscal, responsável pelo controlo fronteiriço, ao longo da fronteira, desde Elvas até ao posto de S. Leonardo. Sendo meu tio apenas por afinidade, é aqui apresentado também, porque terá um papel de muita importância no decorrer desta narrativa. A tia Guadalupe, também irmã do meu pai, não teve qualquer participação nesta viagem, tendo saído de casa há quase vinte e cinco anos e, por essa época, 1965, vivia na Argélia. Apenas a menciono para que saibam que se encontrava viva e porque o seu nome sempre vinha à baila quando os irmãos se reuniam. Ademais, será referida por mais que uma vez durante a narrativa.
O meu pai, João José Rodriguez Potra, já vocês conhecem.
Estes eram os vivos. Aqueles que irão passar pelos acontecimentos objecto desta narrativa. Vou agora falar um pouco dos que já tinham morrido. Primeiro, pela ordem de idades, a tia Rosalía. Suicidou-se em 1938, quando a guerra civil de Espanha ia no seu segundo ano, enforcando-se no sobreiro que dava sombra ao terreiro do monte das Courelas. A guerra civil nada teve a ver com o suicídio. Este, deveu-se às profundas depressões que com muita frequência a acometiam. Completaria, uns meses depois, vinte e sete anos de idade, mas a loucura que visivelmente a tomou nos últimos tempos não a deixou prosseguir com a vida. Tinha sido mãe muito nova, com apenas dezassete anos, e o seu filho, desde o nascimento, revelara graves problemas mentais. Quando o menino, aos seis anos de idade, apareceu a boiar, afogado, no tanque da horta, entrou em depressão e daí para a frente nunca mais foi a Rosalía a que todos se tinham habituado. Arrebitou, por coincidência, quando a II República foi implantada em Espanha e durante três ou quatro anos voltou a ser a Rosalía de antigamente, embora com algumas recaídas pelo meio. Interessou-se vivamente pelo que se passava em Espanha, país natal de sua mãe, chegando a fazer duas ou três viagens a Zafra, a casa dos parentes que agora estamos visitando e até chegou a passar vários meses em Madrid, em casa de outros primos mais afastados. Aliás, estava em Madrid, quando se deu o alzamiento dos nacionalistas chefiados pelo general Franco. Durante essas viagens chegou a participar em actividades políticas, fazendo causa pelos republicanos. Depois, a sua saúde mental piorou, acabando, como já dissemos, naquela morte trágica, em 1938. Está apresentada na sua curta vida. Durante esta narrativa será muitas vezes recordada por todos os participantes.
Agora, cumprindo a ordem etária, vou falar-vos do tio Rufino.

(Continua amanhã)

2 comentários:

Anónimo disse...

Aqui zero comentários ,aonde estão os "pseudo"intelectuais que fizeram a porcaria que fizeram nos ultimos oito anos no Alandroal????Ha pois era mais touradas (À borla )e outras coisas com cartão ,claro está...

Anónimo disse...

Um dos pseudo intelectuais que ajudou, e muito a fazer a porcaria, era o braço direito,amigo,e homem de confiança do João Nabais que se chama Grilo, e que actualmente é presidente do Alandroal.
Claro que como é presidente, tudo se desculpa, é uma vitima das más linguas, tudo o que se diga contra, é mentira, enfim, o mesmo vassalismo de sempre.
Mas há quem não tenha memória curta nem seja lacaio de ninguém......