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Francisco Costa - Empreender aprende-se
Terça, 22 Junho 2010 08:17
Para um cada vez maior número de jovens mas ainda para um número insuficiente, face ao que são as nossas necessidades de desenvolvimento, será na Universidade que surge uma primeira oportunidade para se ser empreendedor.
Existe assim uma responsabilidade das instituições de ensino que ultrapassa a questão da formação académica e que é a de formar cidadãos dotados de capacidade que lhes permita "sobreviver e prevalecer" depois da universidade. Elas não estão sós nessa assumpção (a colaboração entre elas, entidades empresariais e associações de desenvolvimento é real e tem resultados).
Mas a capacidade de ter iniciativa não deve ser exclusiva dos que têm o privilégio da formação superior. Se bem que democratizado o acesso ao ensino superior a livre iniciativa, como é óbvio, não é exclusiva dos licenciados.
Muitos que estão fora do sistema já provaram e têm provado grande capacidade de criar emprego e riqueza. A formação em empreendedorismo pode e deve ser absolutamente abrangente porque o facto de se empreender não é coisa inata, aprende-se. E mesmo aqui as oportunidades serão partilhadas. Pelas instituições de ensino que ganham novos públicos e por todos aqueles que querem empreender mas não saberão como.
E se formos levados a acreditar no número de portugueses que respondeu a um estudo de opinião Eurobarómetro, lançado pela Comissão Europeia e que refere que 51% destes gostaria de trabalhar por conta própria, poderemos facilmente concluir que só não o fazem porque precisam de saber como.
Contudo repare-se que em 2002 esta vontade era bem superior, quando 71% dos entrevistados declarava que era seu desejo trabalhar por sua conta. Ainda assim uma taxa superior à verificada nos restantes países europeus.
A motivação de trabalhar por conta de outrem está ligada à estabilidade e às condições de emprego e a de trabalhar por conta própria é sobretudo motivada por sentimentos de independência e crescimento pessoal. O panorama económico actual permite compreender porque se teme mais arriscar e quem o faz confronta-se com as dificuldades de acesso ao financiamento.
Mas que tipo de empreendedores formar?
Hoje a qualidade dos nossos empresários está ligada à sua capacidade de adaptação e sucesso frente aos complexos desafios que se nos apresentam.
Assim como a qualidade dos nossos lideres. E também me parece certo que não só os empresários de sucesso dependem da sua capacidade de liderança como os nossos líderes políticos não podem fugir à necessidade de gerirem as entidades que tutelam de forma empresarial, sobretudo porque numa sociedade de organizações como a que vivemos a empresa constitui o paradigma de todas as outras.
Assim os empreendedores que se construírem hoje deverão representar uma mudança de modelo. Em vez de burocratas ou avessos à mudança, os empreendedores de hoje terão de ser lideres, flexíveis, capazes de ver por detrás de cada ameaça uma oportunidade. Trabalhem para si ou para outros.
A questão da responsabilidade social também já não é nem pode ser exclusiva das instituições. A ética empresarial já não se resume apenas a um assunto do campo moral mas impõe-se mesmo como resultado do pragmatismo dos empresários. Trata-se não só de saber como ganhar mais dinheiro, sendo competitivo, mas como fazê-lo de forma sustentável.
Obrigado e até para a semana
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