quarta-feira, 2 de setembro de 2009

MEMÓRIAS DO RUFINO CASABLANCA - A GERAÇÃO SEGUINTE

(Continuação)

A Geração Seguinte
Evita e Rufino Casablanca
(gente nascida entre 1940 e 1960)




---------- I V ----------

Naquele dia, Francisco, foi o primeiro a descer para tomar o pequeno-almoço. O irmão ainda ficou a dormir e do quarto de sua mãe não vinha o mais pequeno ruído. Depois de comer, vagabundeou nas proximidades, vendo os veraneantes mais matutinos que já se dirigiam para a praia. Na noite anterior, a mãe voltara de madrugada para o hotel. Já era o segundo dia consecutivo que isso acontecia. Ele, em grande agitação, só conseguiu dormir depois dela regressar. Já na noite anterior assim acontecera. Simulou estar a dormir quando ela entrou no quarto deles para se certificar que ambos estavam deitados. Saíra depois do jantar, dizendo que ia estar com os colegas amigos que se reuniam em determinado bar. Os filhos que se deitassem cedo pois ela regressaria um pouco mais tarde nessa noite. Eram quase seis horas da manhã quando regressou. Quando voltou encontrou o irmão a tomar o pequeno-almoço e decidiram, já que a mãe continuava na cama, convidar os amigos a vir ter com eles e passariam a manhã na piscina do hotel. Assim aconteceu. Perto do meio-dia, Francisco voltou ao quarto, e verificando que a porta de ligação estava entreaberta, espreitou para o quarto de sua mãe. Ela estava de costas, sentada no tamborete de toillete, nua da cintura para cima, apenas com a toalha de banho atada em volta da cintura. Pela sua posição, toda inclinada para a frente, parecia estar a pintar as unhas dos pés. Francisco, olhou para aquele dorso bronzeado, uniformemente bronzeado, pois sua mãe costumava estar na praia, quando se deitava de bruços, sem a parte superior do biquíni, de forma a evitar as marcas mais claras que as alças provocavam. Em anos anteriores, até praticava topless, mas acabou com isso quando se apercebeu que esse hábito provocava um grande constrangimento aos filhos, sobretudo quando estes tinham amigos por perto. Assim, quando viu a mãe naqueles preparos, recuou, e bateu á porta. Do outro lado ela mandou-o esperar e passados uns momentos, disse: Entra " Os nossos filhos não se queixam. Quanto a tu teres outra pessoa, isso não seria nada de novo, não te esqueças que não era a primeira vez que acontecia ". Nessa altura da conversa a mãe fechara-se no quarto e o pai saíra e estivera uma semana sem aparecer em casa. Não contou esta conversa ao irmão mais novo mas ficara a saber que a mãe já tinha enganado o pai e que este sabia disso. Quando teria isso acontecido? Não tinha a mínima lembrança de ter assistido ao mais pequeno indício duma situação desse tipo. E devia ser verdade porque a mãe não negara nada, simplesmente se tinha fechado no quarto e chorara dois dias seguidos. Agora a situação parecia ser mais complicada, o mais provável era a mãe ter assumido a ruptura e ter partido para uma nova fase da sua vida, como às vezes desabafava. E que papel teriam os filhos nessa nova fase? Com estes pensamentos a martelar-lhe a cabeça nem deu pelo passar do tempo e quando o irmão mais novo chegou da piscina ainda o encontrou a andar para cá e para lá entre os dois quartos. O resto do dia passou sem história, tendo Francisco ficado acordado toda a noite até sua mãe regressar. Eram seis da manhã quando ela entrou no quarto.

---------- V ----------

Francisco tinha razão nas suas desconfianças. A mãe não ia de facto em passeio à serra. Atravessou a pé a zona pedonal e entrou num automóvel preto que a esperava na esquina. Era um modelo descapotável, caríssimo, recentemente chegado ao mercado, e logo que Evita se recostou no assento, disse para o condutor: " Suba a capota, meritíssimo, não estamos aqui para sermos descobertos, bem sabe que o segredo é muito importante nestas situações, o mistério faz parte do jogo. "Guiado com perícia, a carro rapidamente se afastou de Monte Gordo e tomou a estrada para uma urbanização de luxo que ficava a poucos quilómetros. A vivenda para onde se dirigiram ficava no meio dum frondoso pinhal e nela decorria uma festa de amigos do companheiro de Evita. A beleza desta fez furor logo à entrada. Era, de facto, a mulher mais bonita que se encontrava presente. O casal passeou-se por entre os convidados, petiscando aqui e acolá, tomando champanhe muito gelado e com muitas apresentações pelo meio. Ela estava a ser apresentada como uma colega dele que estava de férias em Monte Gordo, com a família, portanto tudo dentro da maior verdade. Durou até às onze horas da noite. Nessa altura despediram-se e vieram para o apartamento que ele tinha alugado em Monte Gordo. Ainda no elevador, ele introduziu a mão por debaixo da saia, apressado como estava, mas ela fugiu ao contacto e disse-lhe de forma bem clara: " Meritíssimo não tenha pressa, hoje quem manda no baile sou eu, e não admito recurso desta sentença "Eram seis horas da manhã quando ela chegou ao hotel.
E no dia seguinte chegou à mesma hora.
E no outro também.

(Não deixe de ler amnhã a última parte desta história)

Sem comentários: