quarta-feira, 13 de agosto de 2008

A PROPÓSITO DE COMENTÁRIOS

Deixem-me contar uma “coisa” passada comigo, quando era um dos responsáveis da rádio CÁ-TÁ.
Queixava-me eu na altura a um amigo, que obviamente não divulgo o nome, mas sempre vos digo que era esperto que nem um “Rato”, da fraca audiência que tínhamos, e que embora compreendesse, que a mesma seria fraca quando transmitia música, dado ser sempre a mesma, pese embora a boa vontade do Tói Calado. Mas as posses não davam para mais. Outro tanto já não compreendia quando divulgava notícias referentes à terra, fazia entrevistas a responsáveis pelo dia a dia, ou dava a conhecer tradições, usos e costumes ou pedaços de história da nossa terra, que muitas vezes obrigavam a aturadas pesquisas.
Pois o meu amigo respondeu-me:
Se tu quiseres, eu arranjo um programa que destrona toda a concorrência e faz subir em flecha os ouvintes da tua rádio.
Como?
Chama-se “CONSTA-SE”. Não é preciso música nem nada...é só falar.
E do que consta então o programa?
“Consta-se que fulano foi visto a entrar em casa de fulana à meia-noite... Será que?
Consta-se que fulano entrou em casa cerca das 2 da manhã com uma grande bebedeira, e que a mulher lhe pôs os trastes à porta... será para sempre?
Consta-se que fulano anda enroscado com fulana... será que é para valer?

E por aí fora.”

Evidentemente que o projecto apresentado nunca foi para o ar, e que as audiências nunca atingiram o ponto desejado.
Mas tenho a certeza, que bastava um programa para que as mesmas disparassem, pese embora, talvez, não se livrasse de levar umas boas “arrochadas”.

Os tempos mudaram.
Apareceram os blogues. A intenção era a melhor. Assim foi quando (já vai fazer seis anos) nasceu o Alandro Al, que deu lugar ao AL –Tejo.
Desde logo me apercebi, que muitos se aproveitavam para, sob a capa do anonimato, utilizarem o método há anos preconizado pelo meu amigo, com a vantagem de não serem identificados.
É pena…
Já foi utilizado o método de não permitir comentários (mas tal é como comer pão sem sal). Já se experimentou a exigência de apenas serem permitidos mediante senha comentários que posteriormente possam ser identificados (não dá resultado) Ultimamente tenho tentado eliminar comentários que de qualquer forma interfiram com a vida particular de cada um (tarefa frequentemente impossível, pois há quem “aproveite” quando os posts já estão em arquivo para destilar o veneno).
Também eu, volta e meia sou contemplado, com comentários menos abonatórios e pondo em causa as boas intenções que me movem, mas como escrevia Pessoa “eu não sou do tamanho que tenho, mas do tamanho que penso”, como tal pura e simplesmente os ignoro.
Compreendo perfeitamente o embaraço e o medo de represálias daqueles que não concordando com o “regime” utilizam a caixa de comentários, sob o anonimato, para demonstrarem o seu descontentamento. O mesmo não posso dizer daqueles que tal como escrevia José Régio: “muita gente não rende nada por medo, obedece por medo, se filia em certas associações por medo, vai à missa e faz sinais da cruz por medo, apoia a actual situação por medo.”

Vem tudo isto a propósito de um post aqui colocado, no qual o visado utilizou o direito de resposta em defesa dos seus pontos de vista, o qual motivou (até à data) cerca de centena e meia de comentários (nem o Pacheco Pereira no Abrupto), dos quais mais e metade nada tinham a ver com a questão em debate, e que ultimamente apenas visam a “lavagem de roupa suja”.
O Al Tejo nunca se furtou, ao debate, à denúncia de situações menos claras, à apresentação de ideias. Lamenta isso sim que o utilizem anonimamente para acerto de rivalidades e ódios que em nada contribuem para o progresso do nosso concelho.
Agradecemos que comentem, mas que o façam com elevação, moderação e acima de tudo com respeito.

Chico Manuel

2 comentários:

Anónimo disse...

Um programa daqueles que falou, hoje em dia no Alandroal é que as audiencias disparavam mesmo, tal não é a quantidade de "assuntos"

Anónimo disse...

Se nos seus tempos era assim e só se podia namorar à janela. Imagine o que por aí vai hoje em dia em que a porta está
a sempre aberta.