Transcrição da crónica diária transmitida aos microfones da :http://www.dianafm.com/
TGV - Francisco Costa
terça-feira, 06 Novembro 2007
A cidade de Évora é o principal pólo urbano da região, em termos populacionais e funcionais. A dinâmica social e económica da cidade tem conseguido contrariar a tendência da região no seu conjunto, mantendo um crescimento idêntico ao de outras cidades médias portuguesas.
Acresce que Évora é governada com visão estratégica, digna da sua natural capitalidade e, objectivamente, não vive de miragens. Évora vive da sua preparação para a modernidade com a serenidade das cidades com consciência histórica, que respeita o seu património.
Pegue-se nos projectos como o Skylander ou o TGV (nome adoptado pelos Portugueses para definir a Rede Europeia de Comboios da Alta Velocidade) e veja-se como a Região tem sabido defender o seu interesse sem alvoroço nem disputa com qualquer outra parte do Alentejo.
E note-se que não há diferendo possível entre as forças vivas da Região em relação a qualquer um destes projectos. Apesar do PCP ter dito em 2002 que não via nada de positivo no TGV julgo que já se tenha tratado dessa miopia.
Provavelmente e na ausência de polémica parece natural que pouco se fale do facto de estar em fase de Consulta Pública até dia 12 de Dezembro a Avaliação de Impacte Ambiental do troço Montemor-o-Novo/Évora, que integra o eixo Lisboa-Madrid.
Quando o País acordou para a questão do TGV surgiram muitas opiniões distintas, umas a favor outras contra e uma grande maioria confundida com esta capacidade de julgamento.
Contudo parece que as vozes negativistas são cada vez menos. O que me parece razoável após terem sido gastos mais de 45 milhões de euros com estudos do projecto.
Para além de ser um projecto amigo do ambiente e de baixo consumo energético (tem tido um crescimento anual de tráfego na ordem dos 7,8% na União Europeia e estima-se que contribuirá para a redução anual em cerca de 4% das emissões de Co2 – o equivalente a 6,3 milhões de toneladas ano), o TGV pode reestruturar o desenho e a estrutura do País, equilibrando melhor o litoral e o interior.
Acresce que o estímulo à mobilidade pode vir a ser tão eficaz quanto o é na Ciudad Real, onde os seus habitantes levam cerca de 50 minutos a chegar ao trabalho em Madrid, sendo-lhe permitido viver longe do bulício da grande capital.
O alcance deste projecto é o mais ambicionado programa de construção, de interligação e de modernização das principais infra-estruturas de transporte europeias e terá um papel determinante no processo de coesão social e económica da União Europeia.
O TGV é apenas uma parte de uma rede transeuropeia de transportes onde, numa extensão de 94000 kms, apenas 20000 km são de linhas de alta velocidade.
O impacto do projecto no nosso País, durante a sua construção, será de cerca de 1,7% no PIB e de 1,4% no emprego, traduzindo-se em qualquer coisa como 92 000 postos de trabalho.
Os sectores de maior potencial serão as prestações de serviços, as obras de construção civil, a obra ferroviária, a energia, a exploração e os serviços ao cliente.
Com a ligação estratégica de Évora no Eixo Lisboa-Madrid, esta região passará a estar inserida na rede de cidades médias europeias, com ganhos evidentes para o Alentejo, sobretudo na área do turismo.
Por isso não estamos a falar de sonhos ou de miragens: em muito pouco tempo Évora entrará definitivamente na rede dos centros cosmopolitas da Europa. É para isso que ela se prepara.
Parece-me que são factos que já ninguém contesta.
Obrigado e até para a semana.
Francisco Costa
Sem comentários:
Enviar um comentário