quinta-feira, 22 de novembro de 2007

CRÓNICA DE OPINIÃO DA RÁDIO DIANA/FM

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O Plano que não havia mas existe e outras aleivosias de um estudo - Eduardo Luciano

quinta-feira, 22 Novembro 2007
Na crónica da semana passada falei-vos do estudo da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa sobre o impacto dos centros comerciais na cidade de Évora.
Confinei a crónica às propostas apresentadas sobre a localização e o número de unidades admissíveis na cidade.
Mas o estudo tem muito mais coisas interessantes do que a localização da catedral do consumo que, segundo alguns, trará a felicidade eterna aos indígenas e aos habitantes de um raio de 200 km.
No capítulo dedicado às recomendações de política, a equipa autora do estudo aponta caminhos para a dinamização do centro histórico, dá exemplos e sugestões.
Atrevem-se a concluir, por exemplo, a importância da garantia de um limiar populacional mínimo, através da diversidade de residências para jovens, novos casais, idosos, hotéis e residências secundárias.
Afirmam, heresia das heresias, que é importante manter no centro fontes de emprego e serviços que obriguem a deslocação de utentes, dando como exemplos a Câmara Municipal e as Finanças, serviços de saúde e serviços escolares de todos os níveis,
Olhando para esta constatação apetece questionar se a Câmara Municipal fez tudo o que estava ao seu alcance para evitar a deslocalização de serviços para fora do centro, ou se está nas suas cogitações corrigir o erro cometido e fazer regressar ao centro histórico os serviços camarários atirados para o Parque Industrial.
Propõem a eleição de um dia da semana ou no mês em que os estabelecimentos estariam abertos até mais tarde, com animação de carácter cultural e comercial, sugerindo o exemplo da 1st Friday nos EUA, em que as lojas e as galerias de arte estão abertas, na primeira sexta-feira de cada mês, até à 1 da manhã e as ruas se enchem de vendedores de velharias e de músicos que tocam nas ruas e praças.
Eu acrescentaria, por exemplo, manter um festival de Verão com actividades culturais e artísticas diversas que trouxessem até ao centro da cidade mais gente, permitindo manter um clima de festa durante pelo menos os fins-de-semana, como acontece quando temos por cá a Bienal de Marionetas, ou quando tínhamos o Viva Rua.
Por falar nisso, mais uma decisão da Câmara Municipal que vai ao arrepio das sugestões deste estudo e, porque não dizê-lo, da evidência do senso comum. Agora que temos um estudo muito respeitável que aponta para a necessidade da animação do Centro Histórico, será que no plano de actividades para o próximo ano estará prevista a reposição de um grande festival de Verão de longa duração?
Fiquei ainda surpreendido com outra aspecto que encontrei no estudo.
Nesta semana tem-se falado muito na ausência de um Plano Estratégico para Évora. De tanto ouvir repetir a ideia da sua ausência convenci-me que era mesmo assim e que alguém superiormente iluminado pegaria agora nessa bandeira e finalmente imporia essa necessidade.
Então não é que na página 76 do dito estudo fala da existência de um plano estratégico da cidade de Évora, aprovado em 1995?
Foi desenvolvido pelo Gabinete da Cidade, do qual faziam parte alguns dos principais actores deste território, diz-se no texto.
Procurava definir uma estratégia para a cidade com o objectivo de criar um ambiente de cultura e inovação capaz de transformar Évora numa cidade socialmente justa, organicamente integrada e com projecção internacional.
Andavam a convencer-nos que não havia nenhum plano estratégico e vêm uns senhores e senhoras de Lisboa e dizem-me que há.
Será que o actual executivo camarário sabia da sua existência?

Até para semana

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