quarta-feira, 11 de julho de 2007

CRÓNICAS DE OPINIÃO DA RÁDIO DIANA/FM

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Crónica de Hélder Rebocho

Wednesday, 11 July 2007
Longe vão os tempos em que possuir uma licenciatura, ou apenas o 12º ano era garantia de um emprego estável e próspero em termos profissionais e financeiros. Estudar era um investimento com retorno quase imediato e significava uma porta aberta para um futuro tranquilo.
Hoje uma licenciatura é garantia de muito pouco ou quase nada, pelo menos quando falamos em termos de emprego.
Na verdade, o número de desempregados qualificados em Portugal tem vindo a crescer nos últimos anos, excedendo aquelas que seriam as piores expectativas.
Esta realidade é tanto mais preocupante se tivermos em consideração que nas taxas de desemprego não estão incluídos os licenciados com vínculos precários, integrados em estágios profissionais, poc´s e outras medidas que não permitem ter uma exacta noção da verdadeira dimensão desta realidade.
Por outro lado, as estatísticas são também falseadas pelo desespero de muitos licenciados, que sem outras alternativas acabam em empregos que não exigem qualificação, fazendo qualquer coisa em troca de um salário. A lei da sobrevivência assim o exige.
Significa isto, que quando somos confrontados com dados estatísticos relativos ao desemprego de licenciados, deveremos olhar os resultados com desconfiança e fazer uma leitura dos dados sempre por defeito.
Há muito mais licenciados desempregados do que aqueles que contribuem para as estatísticas, porque a estes devem ser somados aqueles que têm os tais vínculos precários e os outros que se sujeitam a trabalhos não qualificados.
Portugal tem cada vez mais exemplos de investimentos de uma vida na formação, que acabam atrás de um balcão ou de um telefone de qualquer “call center”, tão em voga.
Perante estes exemplos não é de estranhar que cada vez haja maior desmotivação pela formação individual, pois se antes tirar um curso era garantia de emprego em conformidade com essas habilitações, hoje tirar esse curso não é garantia de nada. É esta a convicção que se vai generalizando.
Por muitos programas “Novas Oportunidades” que o governo vá criando, no sentido de aumentar o nível de literacia, a motivação vai sempre esbarrar nas dificuldades do mercado de trabalho.
Parece-me que não será esse o caminho certo para motivar o investimento pessoal na formação. Este investimento representa um esforço que só será atractivo se for compensatório, ou seja, se a maior nível de formação corresponder melhor trabalho
Somos um dos países com menor taxa de licenciados da União Europeia, e somos também dos países com maior taxa de desemprego entre jovens licenciados.
Na vertente técnica, são organizados e subsidiados cursos de formação profissional que apenas servem para ocupar os formandos durante algum tempo e distribuir por todos os fundos comunitários, pois poucos são aqueles que conseguem trabalho na área da sua formação.
Promover a qualificação profissional sem encontrar medidas que valorizem uma formação superior é o mesmo que convidar alguém para o Jantar da Grande Gala…. do pão e água. É prometer muito e ter muito pouco para dar.

Hélder Rebocho
11.07.07

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