COMENTÁRIOS EM PÉ DE PÁGINA - RUBRICA DE ANTÓNIO BERBÉM

Preços caríssimos, touradas de segunda,Poeirada de Terceira

I. Retomamos os “Comentários em Pé de Página” com o mesmo agrado e empenho
de sempre enquanto cidadão de raiz alandroalense. O blog Alandro al justifica-o pela dinâmica que vem imprimindo ao seu papel informativo desde há quatro anos. A Vila e o Concelho merecem que o referido blog continue com os apoios necessários. Sobretudo participando e intervindo sem medo. Contestando as atitudes fugidias dos principais autarcas. Elogiando ou criticando, todos devíamos assumir que temos um papel a desempenhar. E bem à vista.
Uma coisa que, como todos já perceberam, “o site da Câmara” não pode cumprir devido à sua própria natureza e leque de notícias com responsáveis meramente institucionais que nele (pouco) participam. Não pode cumprir nem cumprirá devido também à sua falta de actualização informativa. Portanto, é o segundo que precisa e urgentemente dos serviços do primeiro. Como, aliás, acaba de ser confirmado, a propósito da divulgação da “Adiada Tourada”na Aldeia da Venda.
II. Ressalvemos ainda que este intervalo somente aconteceu devido a afazeres profissionais inadiáveis. Satisfaz-nos entretanto e como seria de esperar que o Blog tenha prosseguido o seu caminho e o seu projecto de dar a maior visibilidade possível tanto ao Alandroal como aos Alandroalenses.
Sem inventar novos fantasmas e sem medo de publicar ou dar voz a quem o quiser. Sem as perseguições “tipo Dren-Charrua” e outras que vêm perpassando pelo país.
Já aqui se disse e repete-se: temos o direito e até o dever de questionar a
Autarquia e os autarcas naquilo que de bem ou mal fazem. Vivemos numa sociedade aberta. E se bem repararam, até José Sócrates já começou a arrepiar caminho…não vá acontecer-lhe amanhã que venha a ser subitamente Oposição.
III. Dito isto, falemos da “V Expo Guadiana”, Julho de 2OO7.
Ouviram-se, é claro, bravas, coisas deveras feias. Verificaram-se outras. Assistimos a algumas. O que mais impressionou, foi a falta de gente. Mas acrescentamos desde já que será sempre útil que o Alandroal continue a ter (não) esta e a próxima ExPO, articulando-a como é evidente com o Alqueva e tudo o que ele vai passar a envolver. O evento traz vantagens, promove o Concelho, dá projecção à Vila.
Se, efectivamente, serve interesses (in)directamente políticos, melhor seria que fossem assumidos e explicados às populações. Designadamente quanto à periodicidade da sua realização…
IV. Mas, então, porque é que a “V Expo Guadiana” se pareceu este ano mais do que nunca como um certo fiasco e frustrante fracasso? Foi culpa do tempo? Foi culpa das pessoas? Foi devido ao preço dos bilhetes que mais se pareciam com uma dupla tributação? Foi devido à falta de um evidente dinamismo cultural? Ou a “Expo” ter-se-á centrado, como quem quer a coisa (?...) afinal, em torno de simples espectáculos taurinos e Mostras taurinas (um dos quais desabridamente falhado…). A que acresceram dois bons Concertos novamente sem grande adesão do público.
V. Vejamos. Sucintamente apenas Três ou Quatro factos.
O preço dos bilhetes para a tourada de Sexta-feira eram caros? Ou foram e ficaram caríssimos? Os reformados e idosos tinham descontos? Porque é que a tourada houve de começar com mais de meia hora de atraso?... A ideia dos fados do Ribatejo em pleno Alentejo não apareceu cara e algo deslocada? Foi por tudo isso que a assistência terá sido muito pouca? Escassa e desinteressada? Havia ou não demasiados mirones nas trincheiras? Ter-se-á apenas salvado do fracasso as bandarilhas do jovem matador magrebino Mehdi Savalli?
A imensa e pesada “Poeirada”, atentatória de muitas gargantas e laringes não poderia ter sido mais cedo e até mais vezes evitada? Estávamos numa corrida algures no III Mundo? A largada de touros ás três e tal da manhã tem e teve algum real interesse? Acrescenta alguma coisa ou é uma qualquer parvoíce?
VI. Portanto, parece que desta vez nem o Alandroal nem talvez a própria “Expo”, tiveram sorte. Será que os factos já começaram a provar que o Alandroal pode vir a tornar-se uma vila sem sorte nenhuma. Sem competências e sem visão que lhe projecte um futuro mais coerente e de acordo com a sua verdade social?
Foi por isso que Tudo ou quase tudo nesta “Expo”, se terá passado ao contrário dos desejos dos Alandroalenses? Avançou a autarquia onde devia ter parado? E parou e pensou como e onde devia ter avançado? Quem é que irá pagar os prováveis custos de tantos erros?...
VII. Diz-se muitas vezes que o Povo tem a memória curta. E que daqui por dois anos, isto é, precisamente em 2OO9… irá ser certamente muito melhor. Façamos votos para que assim seja. Mas já agora perguntamos: alguém acredita que o dito Povo se vai esquecer de que, afinal, Ele o Povo não esteve nem quis participar nas Touradas nem nesta redita “Expo”?
Será que ao fim e ao cabo, não está nas mãos dos autarcas eleitos evitar que o Concelho e a vila do Alandroal se afundem em realizações ingovernáveis? Aqui e mais adiante por várias razões progressivamente algo desmotivadoras e desprestigiantes?
Vamos cair todos e ao mesmo tempo todos tombar no mesmo poço dos que se vão servindo… em vez de compreenderem e de servirem como deve ser o Alandroal?

António Neves Berbém
X/VII/MMVII