Cortesia da : http://www.dianafm.com/
A inauguração
José Faustino
Segunda, 19 Março 2007
Na semana passada ouvi uma notícia que me chamou a atenção, tinha a ver com a inauguração do Fluviário de Mora.
Como ponto prévio devo dizer que não conheço ninguém da Câmara de Mora e, que tal como muita gente, também tenho algumas dúvidas sobre a oportunidade deste empreendimento.
Portanto estou perfeitamente à vontade para dizer aquilo que vou dizer.
O Fluviário de Mora é uma espécie de oceanário, mas com o objectivo de mostrar as espécies aquáticas das águas do interior.
A verdade é que esta iniciativa é inédita a nível nacional e, penso, que não deve haver muitas coisas iguais a nível europeu ou até mundial.
A Câmara de Mora, desde há algum tempo a esta parte, tem dado grande importância às águas de interior e a todas as actividades com elas relacionadas, nomeadamente a pesca desportiva.
Talvez por isso desenvolveu este projecto ousado com um orçamento significativo a nível regional, fala-se em mais de cinco milhões de euros.
O Fluviário de Mora está localizado junto ao açude do Gameiro, zona muito bonita e que, na minha opinião, constitui um exemplo daquilo que se deve fazer em termos paisagísticos e de aproveitamento dos recursos naturais.
Esta zona constituída por zona de lazer, praia fluvial, zona de pesca e parque de campismo, tudo devidamente infra-estruturado recebe agora o Fluviário.
Este projecto inovador, sem se perceber bem por quê, parece ter sido sempre mal compreendido.
Depois de aprovado, todas as entidades se deviam comprometer na sua realização, parece que não foi isso que aconteceu.
Começou por ter dificuldades com a legalização da captação das espécies que se pretendiam expor e agora parece que nenhum Ministro ou Secretário de Estado está disponível para a sua inauguração.
Foi por isso que o Presidente da Câmara de Mora mostrou a sua indignação perante a comunicação social e com toda a razão, que diabo, não é todos os dias que se inaugura uma infra-estrutura destas no interior e especialmente no Alentejo.
Depois, o Governo devia acarinhar estas iniciativas inovadoras, tanto mais que foi apoiada com dinheiros públicos.
É verdade que os Ministros têm muitas solicitações para diversas inaugurações e compreende-se que tenham dificuldade em responder a todas. O que já não se compreende é que noutras ocasiões em cerimónias de muito menor importância apareçam, por vezes, vários Ministros.
Terão medo de dar a cara perante a dúvida da oportunidade deste empreendimento? Talvez, mas não é certo que o Fluviário não tenha viabilidade e o que por aí não falta são iniciativas falhadas e oportunistas em que vários Ministros presidem às inaugurações.
A meu ver, nada justifica esta dificuldade em se conseguir um Ministro para inaugurar uma iniciativa desta importância.
Penso até que dado o carácter inovador se justificaria a presença do Primeiro-Ministro ou até do próprio Presidente da Republica. É que não é todos os dias que se inauguram infra-estruturas desta importância e significado.
Com Ministros, ou sem eles, o que é necessário é que todos visitem o Fluviário e provem que afinal os sépticos estavam errados.
Crónica de 20 de Março de Domingos Cordeiro
Terça, 20 Março 2007
No seu balanço de dois anos da acção governativa, e tendo por base o facto de o défice do Estado ter baixado em dois mil e duzentos milhões de euros em 2006, veio o Presidente do PSD propor a que a taxa do IVA passe de imediato para 20 por cento e que até ao fim da legislatura, em 2009, seja reduzida para 19 por cento;
Mais propôs, no que se refere ao IRC, que a taxa de 25 por cento desça de imediato três pontos percentuais e que até ao fim da legislatura seja reduzida para 20 por cento.
Segundo Marques Mendes estas medidas, a serem adoptadas pelo Governo, permitiriam “aliviar pessoas e empresas e dar um sinal positivo para o investimento”.
O que Marques Mendes não disse, mas deveria ter dito, é que avançar com cortes fiscais antes de terminar a consolidação orçamental é um risco que nenhum Governo responsável pode correr;
O que Marques Mendes não disse, mas deveria ter dito, é que as receitas têm sido o motor da redução do défice nos últimos anos e sem elas as metas do Governo podem não ser atingidas;
O que Marques Mendes não disse, mas deveria ter dito, é que dificilmente tal medida seria aceite por Bruxelas;
O que Marques Mendes não disse, mas deveria ter dito, é que tal corte, a ir por diante, criaria desequilíbrios e não seria por aí que a economia iria ajustar mais rápido.
O que Marques Mendes não disse, mas deveria ter dito, é que finanças públicas sãs são fundamentais para o País, e que se o resultado de 2006 é até mais positivo do que o inicialmente previsto pelo Governo, tal deve-se a politicas introduzidas por este, politicas que Marques Mendes não se tem cansado de criticar. E Marques Mendes não poder crer uma coisa e o seu contrário.
Não admira, por isso, que vários economistas da mesma família politica que Marques Mendes, entre os quais avultam nomes como os de Manuela Ferreira Leite, Miguel Beleza e António Borges, tenham vindo afirmar que esta não é a altura para baixar impostos e que fazê-lo seria um erro.
O comentário da ex – Ministra das Finanças foi mesmo mais longe. Considerou que a proposta de Marques Mendes era “ totalmente irresponsável” adiantando que admitia que isso não passasse de “propaganda de bastidores”, para concluir que “há duas formas de fazer política: uma é a caça ao voto, a outra é fazer aquilo que o País precisa".
Manuela Ferreira Leite, com a frontalidade e coerência que lhe são reconhecidas, não se coibiu de adjectivar a actuação de Marques Mendes.
É caso para dizer que com amigos assim bem pode Marques Mendes dispensar os inimigos.
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