Todos os dias na:
Alberto João Jardim -
José Faustino
Segunda, 26 Fevereiro 2007
Alberto João Jardim é um caso raro na política portuguesa, por um ou por outro motivo, consegue manter-se quase permanentemente nas “primeiras páginas” da comunicação social.
Desta vez, apresentou a demissão na sequência da aprovação da Lei das Finanças Regionais.
Mais uma vez, como em todas as outras, conseguiu a indignação dos seus inimigos do costume e a admiração da maioria dos madeirenses.
Importa perguntar: Alberto João Jardim tinha razão para se demitir? Parece-me que sim.
Qualquer politico quando se candidata, a qualquer lugar, apresenta um programa eleitoral que se propõe cumprir caso venha a ser eleito.
Para a elaboração desse programa importa saber previamente quais os meios de que dispõe para o poder cumprir, um desses meios é, naturalmente, o orçamento disponível.
Alberto João Jardim quando se candidatou propôs-se cumprir um programa contando com determinada verba, alterando-se esse pressuposto, obviamente que não o poderá cumprir.
Perante essa impossibilidade, deve demitir-se, como qualquer outro político o deve fazer em idênticas circunstâncias.
Outra questão que se coloca é sobre a legitimidade democrática de se voltar a candidatar. Também aqui a razão está do lado de Alberto João Jardim. Perante este novo cenário orçamental ele terá de se apresentar ao eleitorado com um novo programa adaptado às novas circunstâncias. É assim que as coisas devem funcionar normalmente em democracia.
Neste momento não está em causa se Alberto João Jardim tem, ou não, aplicado bem os dinheiros públicos, se a Região Autónoma da Madeira deve muito ou pouco ao Estado, se há ou não défice democrático na Madeira, não, neste momento não é nada disso que está em causa.
A este propósito sempre digo que Alberto João Jardim apenas fez aquilo que a maioria dos que defendem a regionalização dizem que se deve fazer, ou seja, pressionar o poder central para se conseguir fundos para desenvolver determinada região.
Não esqueçamos que Alberto João Jardim é desde sempre um feroz defensor da regionalização. E, quer queiramos quer não, a Madeira tem-se, de facto, desenvolvido bastante, não é por acaso que Alberto João Jardim tem, há tantos anos, a maioria dos votos dos Madeirenses.
Sobre o comportamento público de Alberto João Jardim também quero chamar a atenção para uma coisa muito simples. Será que Alberto João Jardim conseguiria a notoriedade que tem se desse as suas opiniões, à comunicação social, de forma simples e suave? Claro que não.
Alberto João Jardim percebeu, há já bastante tempo, que aquele estilo leva os jornalistas a pedirem-lhe sempre a opinião sobre tudo o que de importante se passa no país, porque esperam dele uma resposta provocadora e bombástica.
Alberto João Jardim tem bastante instinto político e sabe muito bem gerir a sua imagem e as suas intervenções públicas, mas é evidente que não tem só qualidades, também tem muitos defeitos e por isso é criticado, ainda que muitas vezes sem razão.
Finalmente, convêm lembrar que esta nova Lei das Finanças Regionais não é, nem pode ser, considerada uma arma de arremesso do Governo da Republica contra Alberto João Jardim, é que se for então o caso muda de figura, mas também aí Alberto João Jardim continuaria a ter razão.
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