domingo, 28 de janeiro de 2007

COMENTÁRIOS EM PÉ DE PÁGINA - RUBRICA DE ANTÓNIO BERBEM

Questões Ambientais dos nossos Dias

1. Ao perspectivámos em termos muito breves esta discussão, precisamente numa das noites mais frias do ano sobre os caminhos que o Homem vem experimentando desde a longa noite da pré-história até às épocas mais recentes da história moderna, incluindo o novo tipo de “globalização plana” em que viveremos no terceiro milénio, percebe-se facilmente que estamos a assistir a uma sequência bastante perigosa de alterações rápidas em termos climáticos, ambientais e políticos. Em face das quais mais cedo do que tarde… e até do que julgamos vamos todos pagar uma pesadíssima factura.
Recorde-se que, politicamente, o século XX foi o único que assistiu aos efeitos catastróficos e consequências a longo prazo de duas guerras mundiais com mais de setenta milhões de mortos. Ao aparecimento do poder nuclear e ao perigo final de sobrar apenas mais uma única hipótese de destruição ambiental e de toda a biodiversidade existente na Terra.
2. Por ser uma “era de extremos”, um século curto e muito violento com aceleradas mudanças, podemos dizer que “destapou” e criou tantos problemas como aqueles que foi talvez resolvendo. Mesmo tendo em conta os enormes progressos no campo material. Digamos com algum cepticismo que as contradições humanas e choques civilizacionais e sociais, podem vir a agravar-se mesmo que a humanidade se vá convencendo com a ideia… ou ilusão de que o mundo está a melhorar e a avançar. Mas em que sentido, como, com quem e para onde?...
3. Os perigos destas “derivas humanas e ambientais” começaram finalmente a preocupar os Estados e os grandes decisores políticos. Salientam-se, neste contexto, os elevados custos ambientais e energéticos esgotáveis, resultantes do modelo de crescimento/desenvolvimento que adoptámos no Ocidente. Especialmente desde os tempos da primeira grande revolução industrial inglesa, as ameaças e os riscos ambientais tornaram-se demasiado perigosos. E demasiado imprevisíveis para a Europa e para o Mundo que vive em plena era de produção e consumo de massas.
4. De facto, o nosso planeta ao reagir às agressões que tem vindo a sofrer, está a evidenciar um conjunto de respostas novas e conhecidos problemas ambientais que se irão agravar já no decorrer das próximas três ou quatro décadas, reservando-nos as piores surpresas e as maiores destruições. A subida dos mares, furacões e tsunamis, grandes tempestades, grandes secas e desertos, serão cada vez mais frequentes. O desequilíbrio ambiental está instalado. O perigo é muito sério.
Os maiores países, os estados mais ricos ou os mais populosos são, exactamente, aqueles que deviam ter maiores responsabilidades na defesa dos ambiente…e são os que menos as cumprem, ignorando, por exemplo, o Protocolo (e vários acordos) de Quioto. É o caso dos EUA, China e Índia…como é também o caso de Portugal.
5. Por extravagante que pudesse parecer tal suposição, uma parte da Indonésia e Nova Orleans submergiu subitamente…e Lisboa não está livre de ter “icebergues” no Tejo. Isto enquanto a Costa da Caparica tem vindo a desaparecer desde meados do século passado. E o Algarve ou Aveiro para lá caminham.
Como os cientistas vêm avisando, é tudo uma questão de tempo. Mas de um tempo em rápida aceleração. E diria a talhe de foice… com o Alentejo ora cada vez mais abrasador. Ora cada vez mais frio e quase sem Primavera.
6. Nenhuns destes problemas tocam a nossa pacata existência? Certo ou errado? Errado porque os problemas e questões do ambiente, ou do clima influenciam directa e objectivamente as condições e a qualidade de vida aqui no Alandroal onde temos um Rio grande do sul… e ainda vamos tendo agricultura.
7. Pelo que bem andaria a autarquia, se decidisse promover como quem quer efectivamente a Coisa, um debate aberto e competente sobre estas matérias para avaliar e apresentar os reais cuidados com que já está a encarar para o futuro, o largo espectro das novas questões ambientais que ao Concelho e à região, realmente interessam. Posicionando o debate quer em termos regionais. Quer até aproveitando-o como factor de promoção e atracção turística do Concelho.
Uma tarefa que não sendo de impossível realização, iria situar-nos muito para além de meros anúncios de circunstância relatando curtos eventos meritórios. Embora sem projecção e porventura bastante monótonos, tipo o leões.

António Neves Berbém
Janeiro, XXVI/ MMVII


Ps: considerar um acto de Cultura e como tal ser enquadrada e divulgada… a deslocação a Cuba e Havana de dois simples representantes locais, Um vereador, um adjunto para mais um Encontro distante, pergunta-se: ronda ou não uma indiscernível e democrático-custosa desfaçatez?

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