quarta-feira, 18 de outubro de 2006

REGRESSO AO PASSADO

Colectânea de textos despretensiosos, recorda-nos tempos nos quais imperavam valores que se perderam no evoluir da sociedade.
São pequenos contos que nos transportam no tempo e nos deixam um sorriso nos lábios.
Histórias que se voltam a publicar no Blog Alandro al



A CAÇA ÀS RÂS

Para aqueles que não sabem sempre lhes digo que umas rãs fritas ou de tomatada, são um pitéu digno de ir a qualquer mesa.
Por isso mesmo é que o “Plínio” e o “Zara”, andavam cheios de vontade de uma bela petiscada de rãs, que na altura abundavam em qualquer ribeiro, ou charco em terras do Alandroal.
Para se apanharem rãs nada melhor que uma noite quente de Verão, um candeeiro petromax e destreza nas mãos. As noites iam quentes, destreza nas mãos não faltava o pior mesmo era arranjar candeeiro petromax.
Mas o “Plínio” lembrou-se , quem tinha candeeiros desses era o “Mestre Fazendas”, o alfaiate lá do sitio, talvez com jeitinho ele o emprestasse. Vamos lá tentar.
Começou por dizer que não, que a festa estava aí à porta, que tinha que fazer muitos serões, que como sabiam a luz faltava muitas vezes, que a mesma à meia noite apagava ( na altura era assim). Mas em face dos rogos e também porque o “Plínio” tinha lá um fato a fazer para a festa…enfim se lhe dessem metade das rãs talvez por essa noite pudesse ser. No entanto é preciso muito cuidado quer com as camisas dos candeeiros, mas principalmente com as chaminés, porque alem de caras têem-se que ir buscar a Espanha.
Reunidas todas as condições, o “Zara” e o “Plínio” lá foram caminho da ribeira do Celão, para a caça dos ditos batráquios. Na altura segurava o “Zara” os dois candeeiros, e o “Plínio” apanhava. Pés descalços dentro de água, escorregadelas volta e meia por causa das pedras, teias de aranha por tudo quanto é sitio, e o pior mosquitos por todos os lados atraídos pela luz e a ferroarem volta e meia.
Eis senão, quando o “Zara” pousa os candeeiros, põe as mãos em concha enche-as de água e zás para cima dos candeeiros.
=Então agora escaqueiraste esta merda toda, diz o “Plínio”.
Hé pá não sabia que isto se partia, é que isto estava tão quente que eu já me estava a queimar

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