QUADRAS
Duas senhoras atrevidas
Não medindo bem a maldade
Pensaram pregar um susto
A dama de certa idade.
Aproveitando a ausência
Da pobre sua vizinha
Puseram-lhe em polvorosa
A sala, a casa até à cozinha.
Ao entrar na sua casa
E vendo-a desarrumada
Pensa a senhora aflita
Aí Jesus que fui roubada.
Desalentadamente caiu
Sem jeito numa cadeira
Mostrando no que pode dar
Uma simples brincadeira.
Uma delas diz aflita:
Vou-lhe buscar um calmante
A casa está intacta
Acalme-se já, num instante.
Preocupada diz a outra:
Perdão, não foi por mal
Apenas quisemos fazer
Em Agosto um Carnaval!
Mas vendo-a assim tão mal
E ponderando bem a acção
Chegou a casa e zás
Foi-se-lhe abaixo o coração.
O marido de nada sabendo
E sem suspeitar sequer
Leva-a ao hospital ---
Doutora, salve-me a mulher.
A médica diz condoída
Coitada, não está bem
Ou lhe fizeram mal a ela
Ou ela o fez a alguém.
Auscultou-a e tratou-a
Com carinho e paciência
Só não podia calar-lhe
A voz da consciência.
Descobriu que tem um sopro
Lá no fundo do coração
Será o fruto do remorso
Ou efeitos da reinação?
Chegando a casa pensou
Sem dizer nada a ninguém
Tirando uns quantos desmaios
O Carnaval correu bem.
E todas já comentaram
Colhendo da história a moral
Um caso igual a este
Não houve no Alandroal.
Ausenda Balsante
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