A encenação da peça Our American Cousin no Teatro Ford
em 14 de abril de 1865 entraria para a história dos Estados Unidos, não da
maneira artística, mas sim por conta do notório assassinato ocorrido durante
sua exibição.
A Guerra da Sucessão ainda deixava marcas aparentes na
sociedade americana, muitos defensores dos Estados Confederados (que perderam o
conflito) eram contestados pela sociedade que agora estava aos moldes da União
— sem escravos, unidade territorial, etc.
Uma figura era predominante neste cenário: o
presidente Abraham Lincoln, um dos
grandes responsáveis pela derrota dos Confederados. Foi justamente ele que foi
assassinado neste fatídico dia de abril, pelo actor e espião John Wilkes Booth.
Booth era de uma famosa família de dramaturgos, e
apoiava a manutenção da escravidão. O seu plano inicial, quando descobriu que
Lincoln, sua esposa e o comandante geral Ulysses Grant iam até ao teatro, era
sequestrar o presidente em troca da libertação de prisioneiros da guerra.
Porém, dias antes, tinha assistido a um discurso de
Lincoln onde ele defendia o direito de voto aos negros. Neste momento, Booth
sabia que deveria matar o presidente, e foi o que fez. O guarda-costas do
presidente, John Parker, saiu do teatro para ir ao bar com o cocheiro, nesse
momento, John viu uma oportunidade e entrou no escuro camarote.
Assim que ele entrou, viu a parte de trás da cabeça de
Lincoln — eternizada por uma cartola preta ao topo dela —, mas que agora estava
completamente desprotegida. Eram 22h13 quando o disparo foi feito, atingindo a parte
de trás da cabeça do presidente. O major Henry Rathbone, que estava junto de
Abraham no camarote, lutou contra Booth mas acabou levando uma facada e o
assassino fugiu.
O assassino pulou do camarote e aterrou no palco, e
muitos achavam que fazia parte da peça. Depois de gritar algo em latim para a
plateia — muitos dizem ser Sic Semper tyrannis, algo como "assim Sempre
aos tiranos" — Booth fugiu por uma porta lateral do teatro, onde tinha
deixado um cavalo pronto para a sua saída.
O cirurgião militar, Charles Leale, estava no teatro e
ajudou o presidente, mas ele não apresentou qualquer reação. A bala havia
atingido a sua cabeça, e o médico tentou limpar o coágulo que havia sido
formado, ajudando o republicano a respirar um pouco melhor. Ao ser retirado do
teatro, o presidente entrou em coma.
Ficou nesse
estado por um total de nove horas. Depois desses dolorosos momentos de tensão
absoluta, na manhã do dia 15 de abril, o décimo sexto presidente da história
dos Estados Unidos havia falecido, vítima de uma fatal bala que atingiu a sua
cabeça.
A morte aconteceu em Washington, mas não seria na
capital onde o presidente seria enterrado. Envolto numa bandeira americana, a
chuva marcou presença no seu velório. Ninguém usava chapéu, em sinal de
respeito. Três horas depois de sua morte, às dez da manhã, o seu vice, Andrew
Johnson assumiu o mais alto lugar da nação.
Depois de três dias completos de velório, um trem
fúnebre começou a levar os restos mortais do presidente por um trajeto com
diversas paradas ao norte do país. O destino era Springfield, em Illinois, a sua cidade natal.
Até lá foram centenas de milhares de pessoas que
prestavam homenagem quando o corpo do
presidente passava, criando grandes memoriais, isso sem contar as famílias que
se reuniam informalmente para lembrar a vida de um dos mais importantes
americanos de todos os tempos.
Apesar das homenagens, o autor do crime continuava à
solta, e logo a caçada pelo homem se tornou a mais cara da história até então.
Milhares de tropas do exército e incontáveis civis juntaram-se para colher informações e seguir
os rastros de Booth, que agora tinha a cabeça valendo 50 mil dólares da época
(equivalente a 800 mil atualmente).
Os soldados conseguiram localizar o esconderijo do
assassino, um celeiro que havia sido cercado. Os militares anunciaram que
iriam atear fogo ao local se Booth não se rendesse, quando o homem proferiu:
“Vocês nunca irão me irão pegar vivo!”. Depois de sair pela porta traseira do
celeiro, levou um tiro na cabeça, perto do local onde atingiu, dias antes, o
presidente.
CAIO TORTAMANO
1 comentário:
OBS.
I.
Já não vamos, como gostaríamos, a tempo de comentar um bocadinho mais desenvolvidamente este texto sobre o assassínio de A. Lincoln.O certo é que
os USA tem visto muitos Presidentes assassinados e outros vitimas de vários atentados (R. Reagan).Uma das vítimas que mais (me) doeu foi a de J. Kennedy porque com ele vivo a guerra colonial portuguesa não teria durado até Abril/74.
II.
Quanto a A.Lincoln, um inspirador reivindicado por B. Obama, cabe registar no Al tejo um daqueles seus Ditos dignos de nos acompanhar até hoje.
Dizia mais ou menos isto: "podemos enganar todos durante algum tempo e,alguns, durante o tempo todo, o que não podemos é enganar todos durante todo o tempo".
Ora bem, se isto não é um alerta visível na politica e nos políticos portugueses, vou ali e já volto... Vou ali de cada vez que me sentir português que faz parte "do todo e de todos" que é ser pela pátria. Com um olho no burro e outro no cigano. Isto sem nenhuma xenofobia nacional ou local como é minha clara intenção. Pergunto entretanto: Marcelo andará a andar bem de bicicleta?
S.D.
ANBerbem
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