MARIA HELENA
FIGUEIREDO
CHARROS DE HIPOCRISIA
Na semana passada foram a votação na Assembleia da República
propostas do Bloco de Esquerda e do PAN para a legalização da canábis para uso
pessoal.
O
PSD, CDS e também o PCP chumbaram estes projectos de Lei.
Esperava-se
que o PSD desse o seu acordo, permitindo aprofundar a lei em especialidade, já
que no seu congresso tinha aprovado uma moção a favor da legalização.
Do
PS 25 deputados votaram a favor da proposta do Bloco de Esquerda e a maioria
dos deputados socialistas absteve-se. O mesmo fizeram os Verdes.
Alguns
dirão que há assuntos mais importantes que este.
Contudo,
se quisermos ter uma sociedade responsável, informada e que respeita as
liberdades individuais o caminho não é enterrar a cabeça na areia, ignorar a
realidade e proibir.
Um número crescente de portugueses e
portuguesas, jovens e menos jovens, com as mais diferentes profissões, as mais
diversas opções politicas e de todas as classes sociais consomem regularmente
canábis, seja em planta – a marijuana, seja em resina, o haxixe.
De
acordo com os últimos dados disponíveis podemos concluir que 8% dos portugueses
com idades entre os 15 e os 44 anos consomem canábis e dos homens entre os 15 e
os 34 anos 10,9% são consumidores. Ou seja, só entre os 15 e os 44 anos estamos
a falar de 300.000 consumidores.
A
maioria destes consumidores recorre à compra clandestina de haxixe, que chega a
Portugal através de redes de tráfico que por cá vendem produto de má qualidade,
porque o melhor vai para o norte da Europa, para os países com maior poder de
compra.
Manter
ilegal o consumo e a manutenção de plantas para autoconsumo é não olhar de
frente para esta realidade e é compactuar com problemas graves como a
adulteração de substâncias que envolvem sérios perigos e são efectivamente um
problema de saúde pública e também engordar os traficantes.
Legalizar,
pelo contrário, é combater as redes de tráfico, promover a saúde pública e o
consumo informado.
Não
me atrevo a dizer que alguns dos ilustres votantes também já consumiram canábis
mas muitos deles acham que basta fechar os olhos ao consumo por centenas de
milhares de portugueses. Em qualquer caso, condene-se ou fechem-se os olhos, a
posição é velha, cheira a mofo e é pouco consonante com os tempos que correm.
Sobretudo é uma posição hipócrita.
Uma coisa é certa: A lei não passou agora, mas irá passar no futuro, porque é esse o caminho que países tão diferentes como a Noruega ou a África do Sul estão a fazer ou os Estados Unidos, em que a legalização ocorreu já em 10 Estados.
Uma coisa é certa: A lei não passou agora, mas irá passar no futuro, porque é esse o caminho que países tão diferentes como a Noruega ou a África do Sul estão a fazer ou os Estados Unidos, em que a legalização ocorreu já em 10 Estados.
É
esse o sentir das pessoas e é caminho para uma sociedade mais livre e mais
respeitadora dos direitos e liberdades individuais.
É
esse o caminho do Século XXI.
Até
para a semana!
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