segunda-feira, 5 de novembro de 2018

COLABORAÇÃO DO Prof. Vitor Rosa

Ultimamente tenho-me questionado sobre a influência imensa que alguns dos meus mestres exerceram em mim...mestres porque me transmitiram conhecimentos de excelência e que me coube utilizar e quiçá desenvolver não em círculos fechados desse conhecimento mas distribuir por outros. O atelier é um refúgio mas também um local onde com a nobreza que me é possível executo...decidindo quais os materiais, as ideias, o que é ou não é arte, o que pode e deve estar ao serviço desse meu sentir que transforma o invisível em alguma coisa. A um desejo meu, afinal tudo pode acontecer muito para lá dos limites físicos, materiais e idiossincráticos das disciplinas em que me movimento. Umas vezes procuro a obra mais intelectual. Quero-a absolutamente aberta e aventuro-me na exploração. É um planeamento apenas mental, não tenho um esquema pré-concebido, a coisa roda e se suceder um exercício de representação da realidade é porque foi sentido nesse preciso momento. E executo-o! Depois bem pode acontecer o inexplicável. Ontem replantei uns cactos em cerâmica oriental. Meditei bastante durante esse exercício. Mudei várias vezes a planta de uma cerâmica para a outra. Umas vezes era a forma do recipiente que condicionava o vegetal espinhoso, outras vezes era exactamente o contrário. Procurei apenas reequilibrar o meu emocional. Sentia-o gasto. Controlei gestos que por violentos poderiam afectar a planta. Depois parei a olhar para os três cactos e no equilíbrio conseguido. Apenas uma gratificação de ordem bem espiritual. Associei este pensamento ao restante trabalho. Afinal é sempre assim...no fim a gratificação espiritual é tudo e o mais importante. Mas os meus mestres ter-me-ão ensinado isto? De algum modo sim. Porque me incitaram a procurar outros territórios mais afastados a partir do seu conhecimento e sobretudo a fazê-lo sozinho, nessa dura e difícil tarefa do cumprir a vida e o meu tempo.

Expressão vagamente algébrica

 Vitor Rosa

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