EDUARDO LUCIANO
É ESTRANHO
O processo de investigação do furto de armas de Tancos ainda não
terminou mas chegou a um ponto de comicidade que é impossível ignorar, com a PJ
a deter militares da PJM e da GNR por alegado auxílio ao ladrão para devolver
os objectos furtados. É estranho.
Um
ex presidente da República, conhecido por “a múmia”, resolve prestar
declarações sobre o fim do mandato da Procuradora Geral da República referindo-se
ao governo em exercício como a “geringonça”. É estranho.
Um
deputado europeu eleito pelo PS resolve exigir à Venezuela a libertação
“imediata” de empresários portugueses suspeitos de vários crimes, se não…. Se
não o quê Assis? Invades a Venezuela? É estranho.
Um
economista, amigo do ex presidente da República que trata o governo por uma
“alcunha”, resolve voltar à carga com a teoria de que o aumento do salário
mínimo é mau para os pobres. O homem tem uma obsessão qualquer com a
impossibilidade de diminuir as desigualdades, nem que seja por uns míseros
euros. É estranho.
O
discurso do líder do regime norte-americano nas Nações Unidas foi a prova de
que a estupidez, como diria alguém, tende para a ausência de limite. Teve a
vantagem de fazer rir a plateia e é esse o seu maior perigo: o convencimento de
que não é para levar a sério. Ninguém se pode esquecer que foi a ser anedota do
resto do mundo que chegou onde chegou. Em comum com o Assis tem a ameaça à
Venezuela na ponta da língua. Talvez nem seja estranho.
O
velho arco da governação voltou a unir-se para construir um quadro legal de
transferência de encargos para as autarquias simulando que se trata de uma
transferência de competências. Despejar os problemas, envoltos numas notas,
para a porta dos municípios e freguesias parece ser coisa que PS e PSD
consideram como de grande utilidade. Claro que há uns ingénuos que acreditam
que atrás dos encargos virão envelopes financeiros para resolver os problemas
que o governo resolve varrer para outro lado e com isso acham que é “muito bom”
ficar com a gestão de centro de saúde ou de lojas de cidadão, de escolas e
castelos. Deveriam ter aprendido com a experiência da relação com Ministério da
Educação. Não aprenderam. É estranho.
Neste
mundo de estranhas notas soltas salva-se o humor, ainda que negro, dos que
acham que se podem rir de Trump, de Assis ou da anedota da alegada censura a
uma exposição em Serralves.
Até
para a semana, se não for demasiado estranho desejo.
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