MARIA HELENA
FIGUEIREDO
“JAMAIS PODERÃO APRISIONAR OS NOSSOS
SONHOS”
Esta
foi uma semana cheia de acontecimentos que gostaria de poder abordar:
– A sentença do insuspeito tribunal alemão que recusou prender Puidgemont e claramente veio demonstrar que em Espanha os catalães são presos políticos;
– A sentença do insuspeito tribunal alemão que recusou prender Puidgemont e claramente veio demonstrar que em Espanha os catalães são presos políticos;
– O silêncio da
comunidade internacional sobre a extrema violência em Gaza e os ataques
israelitas que causaram já mais de 20 mortos e 1500 feridos palestinianos no
protesto a que estes chamaram a “Grande Marcha do Regresso”
Ou, por cá, o
justo protesto dos agentes culturais contra os resultados do programa de apoio
sustentado às artes 2018-2021, com o estrangulamento de muitos agentes e
estruturas teatrais, e contra o subfinanciamento da cultura.
Mas a prisão de
Lula da Silva, pelo que significa e pelo impacto que terá é, sem dúvida, o
facto mais marcante dos últimos dias.
O processo de Lula
ultrapassou há muito – para não dizer que nunca teve – a dimensão meramente
jurídica.
É um processo
claramente político, não apenas contra Lula (que não está acima da lei) mas
contra tudo aquilo que ele representa: pela ameaça que constitui a sua
governação para os grandes interesses e as oligarquias brasileiras.
Um processo que
começou em 2016, com a deposição da Presidente Dilma, por uma violação de
regras orçamentais, num golpe parlamentar que colocou, de forma
antidemocrática, Temer e a direita no poder.
De imediato começou
a ser desmantelada a protecção social e revogada a legislação laboral que
protegia os trabalhadores.
Isto apesar de o
Governo do PT, com Lula primeiro e depois Dilma ter, como alguém disse,
governado com a falsa ilusão de todos poder contentar, fazendo alianças e
cedências à direita.
O Brasil está
agora a viver os maiores ataques à democracia desde os tempos da ditadura
militar, com a violência e a intolerância politicas a aumentarem, num caminho
fascizante, como ainda há poucos dias aconteceu com a execução da activista e
deputada do PSOL Marielle Franco e do seu motorista.
Lula foi condenado
num processo muito contestado por dezenas de juristas brasileiros, não apenas
pela falta de provas da corrupção de que é acusado mas também pela violação de
normas e princípios constitucionais, e viu -lhe negado o Habeas Corpus, com o
poder militar a lançar avisos aos juízes. A prisão foi mandada executar em
tempo record.
Lula da Silva, com
um sentido político extremo, tomou mais uma vez o destino nas suas mãos e foi
ele quem determinou o “onde” e o “quando” da sua prisão. Fê-lo rodeado pelo
Povo, transformando o que os acusadores queriam que fosse a sua derrota, num
momento de galvanização e num novo patamar de luta:
“A partir de agora
minhas ideias vão-se misturar com as ideias de vocês”, foram palavras que
proferiu no discurso que fez antes de se entregar.
“O seu
pronunciamento …. possibilita que voltemos a sonhar com um futuro em que
prosperidade, justiça e igualdade sejam cimentos para a edificação de um outro país….
e anuncia que na verdade tudo só está começando“. Sintetizou assim o Professor
Rodrigo Perez Oliveira o discurso de Lula.
A prisão
arbitrária de Lula da Silva está a levar muitos trabalhadores para a rua e a
gerar um movimento de unidade no combate à intolerância politica e na defesa da
liberdade e da democracia.
Como disse Lula
“Os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, mas jamais conseguirão deter
a chegada da primavera. E a nossa luta é em busca da primavera”
Até para a semana!
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