O filme é americano e é inspirado na fase final do
segundo mandato presidencial de Dwight David Eisenhower. Eisenhower foi o 34.º
Presidente dos Estados Unidos da América e governou de 1953 a 1961, isto é,
depois de Harry Truman e antes de John Kennedy. O realizador do filme é Gustavo
Menendez. (Este tal Gustavo Menendéz teve uma vida que, só por si, dava um
filme, mas disso não me ocuparei hoje, no entanto fica aprazada para breve essa
conversa.) Hoje a conversa é sobre o general Eisenhower, herói de guerra e
comandante-chefe das tropas aliadas que desembarcaram na Normandia durante a
2.ª Guerra Mundial, e que mais tarde foi eleito presidente dos Estados Unidos,
levando como vice-presidente Richard Nixon que, ao que sei, mais tarde se veio
a qualificar como uma boa peça. O Partido Democrata estava no poder há vinte
anos e alguns dos seus dirigentes estavam presos porque tinham cometido roubos
e falcatruas várias: Matthew J. Connally, secretário do presidente cessante,
tinha metido no bolso dinheiro que não lhe pertencia; Theron Lamar Caudle,
chefe do Departamento de Justiça, estava atrás das grades pelo mesmo motivo; e
a imprensa noticiava todos os dias escândalos em negócios sujos de armas,
fardamentos e outros equipamentos militares em que o Pentágono estava
envolvido. Este era o contexto em que decorreram as eleições presidenciais de
Novembro de 1952. E foi com uma diferença de cerca de cinco milhões de votos
que o republicano Dwight Eisenhower ganhou ao seu adversário, o democrata Adlai
Stevenson.
Título Original: “IKE”
Título Português: “Um General na Presidência”
Ano de Produção: 1960
Realização: Gustavo Menendéz
Argumentista: Gustavo Menendéz
Música: John Bundy (apenas marchas militares)
Elenco: George Hageman, Leo
Meek, Walter Harling, Peter Mcintire….
O enredo fixa-se no segundo mandato de Eisenhower. Até
ali, o amplo e acolhedor sorriso do presidente e a mítica lenda americana dos
fabulosos anos cinquenta, tinham dado conta do recado. Mas no Outono de 1957,
os soviéticos lançaram o primeiro satélite artificial da Terra, o Sputnik. Foi
aí que a porca começou a torcer o rabo. Foi aí que os americanos se aperceberam
do atraso tecnológico, nas áreas de ponta, em que viviam comparativamente à
União Soviética. Nos Estados Unidos todos andavam de nariz no ar, com receio
daquele acende e apaga a luz e do bip-bip do satélite, com medo que lhes caísse
um estalinho na cabeça. Foi o tempo das universidades se queixarem das
reduzidas verbas atribuídas ao ensino -- pudera, diziam os reitores -- o
dinheirinho ia todo para o armamento, e era por isso -- continuavam a dizer os
reitores -- que os estudantes russos tinham muito mais matemáticas, físicas e
químicas, dando assim melhores cientistas que os americanos, pois os estudantes
americanos só queriam saber de basebol e de basquetebol. E zás, desataram todos
a construir abrigos antiatómicos nos jardins das traseiras das casas e a
enchê-los de latas de conservas e garrafões de água, a fim de aguentarem o
máximo de tempo possível lá em baixo, quando os soviéticos começassem a
descarregar as ameixas. Tudo isto vem no filme. Uma autentica paranoia, segundo
o Gustavo Menendéz. Anda por aí uma cassete, sistema betha, aonde tudo o que
acabei de dizer se pode comprovar.
E foi assim que o general/presidente Eisenhower teve
um fim de mandato pouco fulgurante e o seu famoso e radioso sorriso, que tinha
animado a década de cinquenta, começou a murchar. Ainda por cima, nas vésperas
de terminar o mandato, o Fidel Castro tomou conta da Ilha de Cuba. Foi outra
dor de cabeça, mas desta livrou-se ele bem. Passou-a para o presidente que veio
a seguir, que foi, nem mais nem menos, o John Kennedy, como já se disse.
Em todo o filme se nota a má vontade do realizador em
relação ao biografado. Tenho cá para mim que certamente foi um
ajuste de contas.
Rufino Casablanca – Monte do Meio – Novembro de
1997
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