A
notícia de que ala pediátrica do Hospital de S. João do Porto não é digna para
receber doentes, quanto mais para acolher as crianças que padecem de doença
oncológica, alarmou o país e ainda mais os moralistas. A notícia de que os
deputados eleitos pelas regiões autónomas abusam das prerrogativas que têm,
igualmente causou o mesmo efeito e, aqui, sobretudo nos falsos moralistas.
Impõe-se a pergunta: o que é que os moralistas da pátria fizeram para evitar
estas duas situações? Muito pouco ou nada.
Há, todavia, a meu
ver um problema que o país das falsas moralidades faz de conta que não vê. Qual
seja: as instituições públicas estão na iminência de ruírem se nada for feito.
E explico na minha opinião o porquê desta afirmação. Quando se sabe que o
problema, o do caso da ala pediátrica, está identificado há mais de dez e que
nada fora feito pelo menos a fazer fé no que diz a comunicação social, tudo
falhou. Administração central, a regional e os vários conselhos de
administração do Hospital em causa.
Para que o
ramalhete ficasse concluído, o da ineficácia do Estado, as explicações do
ministro da saúde para explicar o inexplicável vieram compô-lo em absoluto.
Disse este senhor, pelo menos foi essa a sua intenção, que não era responsável,
porque os governos anteriores não tinham resolvido o problema da ala
pediátrica. Esta desculpa é inqualificável, seja dada pelo mais insignificante
quadro do ministério, quanto mais dada pelo responsável máximo do setor. Haja
decoro Senhor ministro que os seus administrados não são todos tontos.
Relativamente à
questão dos alegados abusos dos deputados eleitos pelas regiões autónomas, com
a exceção da deputada do PSD Madeira, para além de outras consequências
politicas e legais a tirar, os deputados, porque são os representantes dos
cidadãos que constituem este país, devem clarificar a questão o mais
rapidamente possível no sentido de que o regime legal que concede as ditas
regalias, não possa, nem deva suscitar dúvidas a ninguém.
Por fim, a
liberdade de imprensa é um princípio estruturante dos regimes democráticos. Mas
um país não deve ser gerido pela comunicação social, sob pena de que só é
prioritário aquilo que faz noticia. Há muitos exemplos e maus de que o
acessório passou a ser prioritário e este constitui-se acessório. Viver num
país assim não será nada fácil para a maioria da população e muito menos para
os mais desprotegidos. É nosso dever estarmos atentos.
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