RUI MENDES
A POSIÇÃO PORTUGUESA NA CRISE RUSSA
O
acto praticado pela Rússia em território da Grã-Bretanha, de envenenamento com
substância tóxica de origem russa de um antigo espião e da sua filha, terá que
ser fortemente censurado. Quer pela gravidade do acto em si, quer por ter
criado uma crise internacional, o que é inadmissível.
O Governo do Reino Unido, e bem, contestou perante a Rússia da
forma em que o deveria ter feito. A diplomacia do UK mostrou neste caso porque
tem a força que tem, e mostrou também, como lhe é próprio, que não tem
ambiguidade na sua política externa.
Os aliados mostraram não só a sua solidariedade à Grã-Bretanha,
como uma clara reprimenda à Rússia para que algo semelhante não volte a
acontecer.
E fizeram-no em força, 26 países deram ordem de expulsão a 160
diplomatas russos.
Portugal enquanto membro europeu e da NATO confirmou o apoio às
posições assumidas, tendo a NATO expulso diplomatas russos que estavam com
funções naquela organização.
Mas enquanto país, que recorde-se é membro da União Europeia, teve
posição diferente.
Posição que será de difícil compreensão, desde logo porque é
diferente da posição tomada por Portugal enquanto membro da NATO. Mas também
porque o Reino Unido é o nosso mais antigo aliado e seria absolutamente natural
que Portugal tivesse mostrado uma posição de maior solidarização, tal como o
fizeram outros 14 países europeus. Mas ainda porque face a um acto de tamanha
gravidade Portugal não apontou uma posição forte.
Portugal não esteve bem. Teve uma posição incoerente e todas as
posições que não são coerentes mostram fraquezas. Portugal para além de mostrar
fraqueza demonstrou também uma falta de solidariedade perante aqueles que ainda
no passado recente, em momentos particularmente difíceis, estiveram connosco e
nos ajudaram a ultrapassar um tempo que foi bastante difícil.
Pese embora a chamada a Lisboa do embaixador de Portugal em
Moscovo tenha sido considerada pelo Presidente da República como um aviso e uma
decisão forte do Estado português, esta posição não deixa de ser fraca se a
compararmos com a que foi tomada pelos restantes países que se solidarizaram
com a posição da Grã-Bretanha.
“Parece” que somos interesseiros. Quando precisamos apelamos à
solidariedade e relembramos os nossos aliados do sentido do projecto europeu.
Quando a questão não nos atinge directamente vamos fazendo uma espécie de jogo
duplo. Incrível.
Esta posição do Governo português será de difícil compreensão,
mesmo com as explicações laboriosas entretanto dadas pelo ministro dos Negócios
Estrangeiros, ela não deixa de estar no patamar da difícil compreensão.
Boa Páscoa e até para a semana
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