JOSÉ POLICARPO
UM PAÍS MEIO A BRINCAR, MEIO A SÉRIO
O défice do Estado é de 1%, ou
de 3%, do produto interno bruto? O meu posicionamento ideológico, a minha
militância partidária não me colocam numa posição que me impeçam de falar deste
tema com a objetividade que ele suscita.
Ponto prévio. Se um país não
for constituído por pessoas instruídas e bem formadas, não conseguirá bater-se
e competir com os países mais desenvolvidos, consequentemente, ficará mais
pobre. Pelo menos em termos relativos. Disto, penso que, não haverá muitas
dúvidas.
Na verdade, o último ano
politico, de 2017, se lhe retirarmos as desgraças dos incêndios de junho e
outubro, aparentemente, foi um ano positivo. O desemprego baixou para números
há muito não verificados. O crescimento perto dos 3%. A paz social a um nível
muito aceitável, a palavra greve quase desapareceu do dicionário jornalístico.
Os partidos que suportam o governo, muito bem oleados no seu apoio.
Contudo, nestes últimos dias
fomos informados que afinal o défice das contas públicas era de 3% e não de 1%.
E, que a carga fiscal, atingiu 37% da riqueza produzida. Este valor há mais de
vinte anos, repito há mais de 20 anos, que, não era verificado. Por isso, há
duas notas que um não economista poderá facilmente retirar destes dois factos.
Primeira, devemos mais dinheiro
aos credores este ano do que o não passado. Mais défice, necessariamente, mais
dívida. A segunda é de que a austeridade não acabou. É indesmentível que
pagamos mais impostos, mesmo que estes impostos recaiam sobre o consumo e sobre
o património. Todos sabemos que pagamos IVA nos bem que consumimos e que também
pagamos IMI quando somos proprietários de imóveis. No IMI nem todos pagam
porque há isenções.
Ora, a coloração da realidade
nunca conduziu a um bom fim. O nosso país por três vezes fora intervencionado e
a última foi há sete anos atrás. Será que não aprendemos a lição? Por muito que
a realidade seja dura, ela não deverá ser pintada ou distorcida, porque quem
pagará a conta da festa são sempre os mais desprotegidos. É isto que queremos?
Eu não quero viver num país meio a brincar, nem a meio sério!
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