RUI MENDES
CONTESTAÇÕES
Este
Governo entrou com tudo, tal era a sua ânsia pelo poder.
A preocupação inicial foi revogar algumas das medidas do anterior
Governo para mostrar aos seus “parceiros de governo” que merecia o seu apoio.
Foi dizendo que acabava com a austeridade e ela mantém-se, que
resolvia problemas e o que se limita a fazer é ir gerindo expectativas.
Definir estratégias para o país e resolver problemas é para mais
tarde, para os próximos governos, não para o actual que tem uma base de sustentação
inabitual.
Precisamente por ter criado expectativas é convocado para as
satisfazer.
Contudo, as expectativas criadas, não passaram disso mesmo. De
expectativas.
Pensou este Governo que por ter como parceiros os partidos à sua
esquerda que não estaria sujeito a acções de contestação social. Enganou-se.
De facto, nos primeiros dois anos a contestação foi praticamente
inexistente.
Este e o próximo serão diferentes. Quer porque o executivo não
consegue satisfazer as exigências dos vários grupos profissionais, quer porque
a administração pública está mais burocratizada e com respostas lentas, fruto
de um desinvestimento nos serviços e da falta uma reestruturação à muito dada
como necessária.
Todos os partidos que apoiam o Governo começam a olhar para o ano
2019 e a marcar o seu espaço, de forma a tirarem os proveitos eleitorais do
apoio dado aos socialistas. É como se de um investimento se tratasse.
O que este Governo pretende é mais administração pública, sem ir
ao essencial que é a reorganização da administração, condição para melhorar o
seu funcionamento.
Mais administração é igual a mais custos. Mais administração não é
igual a melhor funcionamento. É para aqui que caminhamos.
As contestações que têm acontecido e as que se avizinham resultam
deste mal-estar que foi sendo criado, da perda de confiança negocial no
Governo, sendo que as negociações arrastam-se pese embora as partes estejam
certas que não dão em nada, é para cumprir a regra. Tudo se prolonga por tempo
injustificável. Criaram-se expectativas e prometeu-se o que não se quereria e
não se poderia satisfazer.
É um descontentamento generalizado que se vive na administração
por professores, médicos, enfermeiros, mas também por polícias e militares, e
por todos aqueles a quem foi criada uma expectativa, e que naturalmente se
sentem defraudados. As greves são um reflexo desse clima criado, do desrespeito
que o Governo tem perante os seus profissionais.
Nem tudo está tão bem como se diz.
Até para a semana
Rui Mendes
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