A Revista Continua, o Teatro mantém-se
( a)
( a)
Chegamos com uma semana e tal de atraso ao comentário
que é devido, através do Al tejo, à (re) apresentação da “Revista Continua” no
Fórum do Alandroal, na noite de 22 de Abril, um mês forte e significativo em
celebrações sociais.
O anfiteatro
estava cheio, a assistência estava animada, o ambiente indicava conforme se
veio a verificar o gosto antigo e a
vontade actual de “muitos alandroalenses” ver mais teatro. Seja ele revisteiro
ou passe por outras formas trágicas ou comediantes de o construir e
representar.
Em seguida, abriu-se a boca de cena com uma bicicleta
em primeiro plano para transportar os assistentes para dentro do espectáculo.
Diria neste ponto que, assim como não se espera que existam poços num deserto,
o que torna belo um deserto é que ele esconde sempre um poço em algum dos seus
lugares. A actriz Manuelito rodopiando esta surpresa isso fez sem se espalhar.
Foi, aliás, o que foi acontecendo durante a noite com o publico à espera de se rir
descontraidamente revendo parte das suas vidas nos sucessivos quadros teatrais
que foram postos em cena. A miudagem, essa então foi quem mais abertamente se riu.
(b)
Quanto à arquitetura teatral deste “género de teatro”
compõe-se principalmente de rábulas e paródias citadinas e urbanas. Politicas e
sociais. Sem o aguilhão da censura.
Outros quadros que fomos apreciando giraram em torno
de situações teatrais mais elaboradas, como foi o caso do número de Mímica (da
Gracinda) a fazer lembrar o grande mestre francês desta forma de arte pura e
silenciosa.
Dos quadros que, entretanto, foram marcantes
destacamos a interpretação e o acertado relevo dado ao Bocage. A escolha deste
poeta sadino no teatro revisteiro, é sempre bem aceite na medida em que facilmente
somos levados do satírico para o burlesco. Ou do erótico para o acelerado e
desatinado campo dos amores lascivos e
excessivos.
Houve ainda outros quadros que podíamos destacar mas
como o Grupo já tem mais espectaculos marcado, o melhor é irem ver com o vosso
próprio olhar.
(c)
Finalmente vamos dizer que “A Revista
Continua” é o resultado empenhado de um grupo agora um tanto frágil nas suas
diversas componentes teatrais ( encenação e ensaios, direcção de actores, novos
textos, melhor som, etc) onde não custa nada salientar a família Roma. Com vocação para as coisas do Teatro. Desde há
muito e desde sempre.
Vamos dizer mais e com boa fé.
Haja, de facto,
quem o saiba localmente (re) inventar ou ditar. Porque no conjunto de rabulas
que foram apresentados, anda a faltar um ou dois quadros nucleares, com a
torre, as muralhas, a praça e o jeito revisteiro, alusivos, em pleno, à Vila e
a algumas das suas personagens mais marcantes. Sejam os homens ou as
mulheres do poder local.
Foram elas, as ditas personagens, que durante décadas
deram vida, deram cor, deram episódios e desatinos, deram graça e, às vezes, as
desgraças de se chamarem Mestre Zé Gato,
Mestre Zé de S. Pedro, Mestra Maria do
Cesário.
E tantos outras, e tudo o mais que fez, de nós, um
antigo e novo Alandroal. Acrescentaria:
com uma identidade histórica e popular muito própria. Porventura dificilmente
vivida mas criando e experimentando sempre novas alegrias e humores a partir de
“um nada profundamente humano que era tudo”.
Arriscaria
elevar e juntar à palavra identidade, a mística, a criatividade e a
originalidade que nos fizeram gente a trabalhar e a teatralizar. Assim como,
sugiro ao Grupo de Teatro, que deve reforçar-se e melhorar em vários aspectos técnicos. Ou outros menos visíveis.
Isto porque não podemos ter a corda, o balde, os
apoios, o poço, e depois faltar-nos “a força interior” para irmos à nascente
buscar a água que nos dá vida. Por imperfeita que a vida seja, o teatro
ajuda-nos a perceber que os seus diálogos e monólogos ensinam, são precisos e
nunca estão acabados.
Continuam!
Por isso, é que as luzes atraentes do teatro de
revista foram e são ainda uma fonte de diversão e alegrias, uma fonte de
presenças e de pertenças criticas tanto à sociedade como à comunidade local.
Redescobri-las será o que precisamos de fazer
acontecer!
Saudações
Democráticas
António
Neves Berbem
( 1 de
Maio de 2017)
3 comentários:
Também vi, e sem tanta prosa digo que foi engraçado, com as limitações de um grupo amador que faz o que pode e o que é capaz, não se pode pretender um espetáculo de revista igual ou parecido com os dos actores profissionais.
DESTE TIPO DE COMENTÁRIOS ANÓNIMOS DEVE ESTAR O GRUPO FARTO PORQUE DIZEM
AQUILO QUE PARA ELES É OBVIO E QUE TODA A GENTE TAMBÉM JÁ SABE.PASSE BEM!
DESTE TIPO DE COMENTÁRIOS ANÓNIMOS DEVE ESTAR O GRUPO FARTO PORQUE DIZEM
AQUILO QUE PARA ELES É OBVIO E QUE TODA A GENTE TAMBÉM JÁ SABE.PASSE BEM!
Diz o roto ao nu , afinal também é anónimo mas pelos vistos mais esperto.
Passe bem.
Carlos Bica
Enviar um comentário