ALMARAZ:
UM PERIGO À NOSSA PORTA
A
central nuclear de Almaraz, no Estado Espanhol, é a central nuclear mais
próxima de Portugal. Situa-se a apenas uma centena de quilómetros da fronteira.
Os dois reatores nucleares entraram em funcionamento em 1981 e 1983, sendo dos
mais envelhecidos do Estado Espanhol, o que levanta preocupações, agravadas
pelos sucessivos incidentes registados.
Em maio de 2015, era
noticiado o desleixo na vigilância contra incêndios na central nuclear. Pouco
depois, no verão, a Greenpeace divulgava um estudo europeu sobre a aplicação
dos mínimos de segurança estabelecidos depois do acidente de Fukushima, no
Japão, em 2011. Para a organização, “Almaraz não é segura e não se deveria permitir
a manutenção da sua atividade”.
Em 2016, cinco
inspetores do Conselho de Segurança Nuclear do Estado Espanhol vieram a público
quebrar o silêncio. Depois da última vistoria à central nuclear, motivada por
repetidas avarias nos motores das bombas de água, ficou claro que o sistema de
refrigeração não dá garantias suficientes e que, dizem os técnicos, coloca
sério risco de segurança.
Almaraz é apresentada
pela Greenpeace como um caso extremo. A central não cumpre pontos essenciais:
não tem válvulas de segurança e sistemas de ventilação filtrada para prevenir
uma explosão de hidrogénio como a que ocorreu em Fukushima; não tem dispositivo
eficaz para contenção da radioatividade em caso de acidente grave; não tem
avaliação de riscos naturais; não está sequer prevista a implantação de um
escape alternativo para calor. Depois do relato dos inspetores, já se registou
em fevereiro nova avaria e um incêndio;
Se houver algum
acidente ou derrame em Almaraz, Portugal incorre numa enorme ameaça. O rio que
refrigera a central é o Rio Tejo que, em caso de derrame, arrastaria o material
radioativo para Portugal, que se espalharia pelos lençóis freáticos. Rio cuja
bacia hidrográfica abrange 8 distritos portugueses, entre os quais o de Évora.
Por outro lado, se houvesse uma explosão na central, a radiação seria libertada
para a atmosfera e, como os ventos predominantes são na direção de Espanha para
Portugal, o nosso território também seria muito afetado;
Recentemente, o
Conselho de Segurança Nuclear do Estado Espanhol deu parecer favorável ao
pedido de construção de um Armazém Temporário Individualizado na central
nuclear de Almaraz.
Tivemos conhecimento
há duas semanas, do parecer favorável dado pelo grupo de trabalho formado pelo
Governo e liderado pela APA que indica que o armazém constitui-se como uma
“solução adequada”. Parecer que esquece a questão central: o armazém temporário
individualizado (ATI) só se justifica para prolongar a vida de Almaraz para
além de 2020. Infelizmente, o parecer apresentado não estabelece a relação
evidente entre o ATI e o funcionamento da central nuclear de Almaraz. Tal
parecer é vergonhoso, porque constitui a única pronúncia oficial do Estado
Português, pronúncia essa que se baseou em estudos espanhóis, nos quais foi
impedido de se envolver pelas autoridades espanholas.
É urgente que as
populações se mobilizem pelo encerramento da Central Nuclear de Almaraz, um
perigo iminente e uma catástrofe à espera de acontecer.
Até para a semana.
Bruno Martins
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