A MISSÃO DA CGD
A
Caixa não deixa de nos surpreender. E por razões que nos devem inquietar.
Após
o capítulo da sua recapitalização, ou o da constituição dos seus Conselhos de
Administração, chegámos agora à fase da implementação das medidas respeitantes
à sua reestruturação.
Naturalmente
que teremos que concordar com a execução de medidas que venham a redimensionar
a instituição e permitir dar-lhe competitividade, para que a CGD não seja um
sorvedor de dinheiros públicos.
Mas
por alguma razão se pretende manter um banco público.
E
não será meramente para ser apenas mais um banco a concorrer no mercado.
Precisamente
pela sua condição de banco público, a sua missão é diferente. Terá que ter um
papel de apoio à economia, mas também de apoio aos cidadãos, apoio em sentido
lato.
E
se enquanto instituição bancária terá que saber captar recursos financeiros, e
promover o seu empréstimo apoiando empresas e particulares, também terá que
saber estar presente onde o país necessita que esteja, de forma a apoiar os
cidadãos, terá que estar onde territorialmente se justificar, onde for
necessário a sua proximidade aos cidadãos.
E
no meio rural, onde a população é mais idosa, onde as populações têm as
instituições bancárias como uma absoluta necessidade, a CGD terá que ter
presença.
Para
além do mais em muitas das localidades do dito interior do país a concorrência
não existe como nas cidades. Por vezes a instituição bancária existente é
apenas uma, logo ao terminar ali a sua actividade deixa um vazio que não será
ocupado por outro.
Muita
coisa hoje se estranha. Tenhamos memória.
Quando
no passado recente se encerraram escolas, que quase não tinham alunos, se
agruparam tribunais, para lhes dar maior capacidade, se agregaram freguesias,
algumas que não tinham qualquer condição para apoio à população pela sua
pequeníssima dimensão, era um amontoado de críticas, de contestação permanente.
Hoje
chegámos ao ponto de deixar algumas povoações sem bancos e está tudo bem. Só os
pobres dos cidadãos ali residentes se queixam, porque de facto serão eles que terão
de se deslocar por vários kms para resolver os seus problemas.
É
assim que agravam as diferenças entre os territórios.
Não
deixa de ser uma forma de solucionar os problemas da CGD. Fechar agências e
reduzir trabalhadores, sem os despedir porque no contexto actual reduz-se sem
despedir. Eliminam-se 2300 postos de trabalho enviando trabalhadores para
aposentações antecipadas ou para rescisões amigáveis, mas não se despedem. O
termo de despedir tem uma conotação que no contexto actual e para o caso em apreço
não deve ser utilizado, ou seja, reduz-se pessoal sem despedir. Tipo peace and
love.
Digamos
que é uma forma mais optimista de ver o problema.
Como
também foi fácil resolver o problema da BANIF ou do Novo Banco, o primeiro foi
vendido a saldo, o segundo nem isso.
Mas
o que importa é “resolver” os problemas e ter o povo feliz.
Até
para a semana
Rui
Mendes
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