Terça, 09 Junho 2015
Meme é um termo que
nos chega do grego e que significa imitação. É conhecido e usado no mundo da
Internet para se referir ao fenómeno de tornar viral uma informação, sobretudo
em vídeo ou imagem, e que, como um vírus, se espalha entre os vários
frequentadores das redes sociais rapidamente, alcançando muita popularidade.
Na semana que passou tivemos muitos que
começaram no mundo do futebol e logo dispararam para outros mundos, numa
expressão de gosto que, para além da estética, dariam muito para discutir.
No fundo, a ideia de meme pode
ser resumida por tudo aquilo que é copiado ou imitado e que se espalha com
rapidez entre as pessoas, inclusive as opiniões e críticas para quem, mais do
que parar para pensar – porque não lhe apetece ou não vê nisso necessidade –
repete as dos outros, sem acrescentar nada de novo à discussão ou reflexão. Ou,
acrescentando-lhe o utilizador mais interventivo, ainda que sob um manto de
invisibilidade a que talvez se possa chamar anonimato, reanima o fenómeno e faz
de cada “infectado” pelo vírus um co-autor do meme. Uma espécie de
toca-e-foge a ver se se morde o isco.
O conceito de meme terá
sido criado por um zoólogo que publicou em 1976 um livro intitulado O
Gene Egoísta. Tal como o gene, o meme é uma unidade de
informação com capacidade de se multiplicar, através das ideias e informações
que se propagam de indivíduo para indivíduo, como o gene de pais para filhos.
Os memes são estudados na Memética, e tudo, onde se aplicam conceitos da teoria
da evolução à cultura humana, tentando explicar vários assuntos controversos,
como a religião ou os sistemas políticos, usando modelos matemáticos.
Uma vez que a Internet
tem a capacidade de atingir milhões de pessoas em alguns instantes, os memes de
Internet podem também ser considerados como "informações virais",
ainda que as mais repetidas só lá muito no fundo têm a informação como
objectivo. De facto, também aqui a persuasão, muitas vezes levada ao limite da
manipulação, encontrou um ambiente de cultura favorável para se multiplicar.
Já se sabe que quanto
mais crescemos e envelhecemos mais vimos repetirem-se situações de modo
previsível e, portanto, a repetição, recriação ou imitação nesse sentido, tende
a tornar-se mais legítima. Sobretudo quando na ânsia de fazer diferente se cai
tantas vezes no disparate. Vezes demais, depressa e viralmente divulgadas,
levando a retiradas que, não sendo estratégicas, são as únicas que uma táctica
do menor estrago possível pode fazer. Os repentismos, a criatividade, o
pensamento “fora da caixa” exige trabalho, conhecimento, reflexão, para além da
muita perspicácia, mais até do que a inteligência que, nem sempre vai a par com
a velocidade de reacção. Numa sociedade contemporânea em que nos aliciam
constantemente para que usemos espaços de partilha de emoções e opiniões, o
“rascunho” aparece muitas vezes como a forma definitiva. O direito à opinião
acaba a abrir espaço para o direito ao disparate. Use-o quem queira, sem
queixas, claro! e não achando que é um dever dos outros amparar a coisa para
além do limite do tolerável, bem entendido.
Cláudia Sousa Pereira
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