MATIAS JOSÉ
AUTO-RETRATO/ INTERIOR
Poeta popular mas sem canudo
Desconhecido de todos, até da escrita
Noctívago escrevinhador nesta sita
Em que a solidão vale mais que tudo.
Nervoso, assim o é por natureza…
(Dizem estar no genes a inquietação)
Ele há coisas!, vá-se lá saber a razão…
São as palavras sua maior fraqueza!
(Dizem estar no genes a inquietação)
Ele há coisas!, vá-se lá saber a razão…
São as palavras sua maior fraqueza!
E dito isto... eu que o
conheço bem,
Quando o dia começa a anoitecer
Fecha-se em copas, como lhe convém;
Quando o dia começa a anoitecer
Fecha-se em copas, como lhe convém;
Esta alma inquieta, quase
humana,
Vai fluindo sem deixar transparecer
Toda a riqueza na poesia alentejana!
Vai fluindo sem deixar transparecer
Toda a riqueza na poesia alentejana!
Matias José
VITOR PISCO
Mote
Alentejo de sol e mar
De espigas e bolotas
De campos para abraçar
D’essências feitas compotas
I
Terras que piso e cheiro
Nas nuvens feitas sabor
Á chuva ou ao calor
Na brandura do celeiro
Nas ervas ou no terreiro
Há sempre campos para olhar
Trigo para depois amassar
Chamo à terra Alentejo
Sabor gourmet de poejo
Alentejo de sol e mar
II
Quer no campo ou aldeia
Ou cidade edificada
Vê-se a parede caída
De cortiça uma colmeia
De bolotas casa cheia
Contadores de anedotas
De samarras e de botas
Que se juntam nos portados
Do campo feitos soldados
De espigas e bolotas
III
Um monte, uma carroça
Com o gado na cabana
Na encosta uma choupana
De manha começa a roça
Ao meio dia o rancho almoça
Para depois continuar
Na labuta ou trabalhar
Lá nas planícies douradas
Há lembranças não esgotadas
De campos para abraçar
IV
Com a fouce, charrua ou malho
Quer nos campos ou nas eiras
Cantadores e cantadeiras
Reúnem-se para o trabalho
E ao almoço açorda de alho
No inverno de capotas
Ansiando pelas notas
Transformam farinha em pão
Nesta grande imensidão
D’essências feitas compotas
Vítor Pisco
24/01/2015
De espigas e bolotas
De campos para abraçar
D’essências feitas compotas
I
Terras que piso e cheiro
Nas nuvens feitas sabor
Á chuva ou ao calor
Na brandura do celeiro
Nas ervas ou no terreiro
Há sempre campos para olhar
Trigo para depois amassar
Chamo à terra Alentejo
Sabor gourmet de poejo
Alentejo de sol e mar
II
Quer no campo ou aldeia
Ou cidade edificada
Vê-se a parede caída
De cortiça uma colmeia
De bolotas casa cheia
Contadores de anedotas
De samarras e de botas
Que se juntam nos portados
Do campo feitos soldados
De espigas e bolotas
III
Um monte, uma carroça
Com o gado na cabana
Na encosta uma choupana
De manha começa a roça
Ao meio dia o rancho almoça
Para depois continuar
Na labuta ou trabalhar
Lá nas planícies douradas
Há lembranças não esgotadas
De campos para abraçar
IV
Com a fouce, charrua ou malho
Quer nos campos ou nas eiras
Cantadores e cantadeiras
Reúnem-se para o trabalho
E ao almoço açorda de alho
No inverno de capotas
Ansiando pelas notas
Transformam farinha em pão
Nesta grande imensidão
D’essências feitas compotas
Vítor Pisco
24/01/2015
SÓ PARA RELEMBRAR
)
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3 comentários:
Irrepreensível o soneto do nosso amigo Cabe! Um grande abraço!
Auto retrato interior magnificamente retratado pelo próprio. Não sou um 'expert' em poesia, nem tão pouco sobre o género soneto, mas calculo que seja de dificuldade acrescida uma pessoa descrever-se a si própria ou a outros personagens, como o poeta sabe tão bem. O que nos apresentou sobre o amigo João Ribeiro, o Dino e ele próprio, faz-me pensar que anda muita ideia perdida e mal aproveitada por quem de direito. Não pensa o município ter a iniciativa cultural para fazer uma recolha dos trabalhos deste e outros poetas populares do nosso concelho? Despeço-me com um bem haja ao Cabé e à excelente poesia de Matias José.
Subscrevo, na íntegra, os dois Comentários !
Por norma, neste País, só se dá o devido valor ás Pessoas, quando elas desaparecem...
O "HABITUÉ"...
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