“A chama sagrada do
Sabão Grego funcionou”
“O xadrez
não nos torna mais inteligentes; torna-nos mais
inteligentes,isso sim, jogar xadrez” (anónimo)
I.
A
Tapada do Caraças, parece que andou sempre povoada por diversos fantasmas e
tantos outros actores devotos. E se bem que, uns fossem mais racionais do que
outros ,o certo é que, todos fomos por lá passando em alegre debandada, ouvindo
vezes sem conto, o seu belo canto das sereias. E dali passávamos para a Ladeira
das Pedras, um vero local de aligeiramento de caganças e de higiene publica, à moda e escala antiga.
Era o nosso destino diário! Muita coisa, entretanto,
acabou de mudar. Especialmente entre os GREGOS numa data muito especial deste
Janus.
Aí seus Gregos de uma cana, Gregos do caraças que, num
só dia, de uma assentada e através de uma votação democrática, vergaram, para já,
a Alemanha ,a União Europeia, o Eurogrupo, o FMI, e até o BCE; bem como o resto que estamos cá para ver e aprender.
Nós, portugueses que andamos
injustamente sempre a correr atrás do prejuízo.Desde 2011.
II.
Chegou «o sabão/sabonete grego» para lavar a
porcaria, uma vez ganhas as eleições por
um jovem politico Alexis Tsipras através de uma recente formação partidária, o
Syrisa, radical de esquerda.
Vamos lá povo grego, comecem por ter um “governo grego”
para os gregos e sobretudo para mostrar, à Europa da U.E., que quem deve mandar
em vossa casa e no V/país são os que lá nasceram. É isso que é a soberania.
Deixemo-nos de virtudes apenas morais (e perversamente
neoliberais) porque também não bastam apenas eleições para se ter uma
democracia politica e social. É preciso consultar e colher a experiência dos
antigos oráculos. E sobretudo ter agora «os tomates no sítio» com um olho do
caraças para os inimigos desta nova fase da vida grega. Sem mais humilhações e
sem maiores misérias.
Os países não podem ser laboratórios de alquimia. Os
Gregos acabam de o demonstrar. Os portugueses que ponham aqui os olhos, nas próximas
eleições, onde toda a nossa Esquerda devia e pode ganhar. Chega de Passos (à)
Porta de Cavacos velhos para ficar tudo na mesma.
A Tapada do Caraças, vai cumprir o seu papel, não se
deixando ludibriar só com pão e circo democrático da campanha. Assim como a
antiga civilizaçao da Grécia clássica do Partenon, de
Platão, Aristoteles, Heródoto e Tucídides soube impor-se e transportar-se para
esta nosssa desatirculada actualidade de enormes egoismos nacionais.
III.
Dito isto, e numa análise, mais politica, ainda é
preciso ver e rever vários pontos que nos tocam directamente e, aos quais, não
podemos estar alheios.
Vejamos
brevemente quais:
(a)
Vão reparando que
o governo português, anda a somar derrota atrás de derrota, cumprindo as teses
da direita alemã como o nosso inexperiente e “infantil” Passos Coelho não vem
deixando de papaguear sempre que bota faladura;
(b)
Por consequência,haverá um enfranquecimento
das posições alemãs sobre a política europeia como, entretanto, já se viu com as
medidas tomadas pelo Banco Central Europeu;
(c)
Abriu-se
doravante a possibilidade de um Governo (o Grego) denunciar no Conselho Europeu
as inúmeras ilegalidades das medidas da Troika;
(d)
Os problemas
humanitários da Grécia (como os de Portugal) podem voltar a ser vistos como
novos critérios políticos e menos contabiliísticos. Ou seja, o desenvolvimento
(por cá) foi abandonado enquanto o
acesso às urgências da saúde e da educação não podem recuar mais;
(e)
Um governo como
será o grego do Syriza,oposto à rotatividade das forças politicas tradicionais
mandantes e das elites burocráticas na U.E., vai romper com o “status quo” de
acordo, aliás, com a formidavel ruptura que aconteceu nas urnas gregas;
(f)
Mais importante
ainda: o jovem Syriza vai funcionar com gaz suficiente e forças novas,
de modo que a Europa não lhe pode fechar completamente as portas, porque
criaria mais Syrizas; vide o caso do Bloco de Esquerda; digamos que a Esquerda,
a partir do PS estará em estado de graça; e a direita em Outubro que se “lixe”;
Em sintese, o resultado desta votação
nas Grécia, é também um sério desafio «à porrra da social-democracia europeia»
a que acresce o facto de um perdão da divida à Grécia não ser nada fácil de
digerir por Berlim, pelos bancos alemães e do norte europeu e por uma tal A.
Merkl.
Para trás ficaram «as ideias malignas»
que os europeus do Sul não gostam de trabalhar porque é uma grande e nórdica
mentira…
Reparem mesmo para finalizar que, em
2012, que o diário alemão “Bild” chegou a recomendar com o maior desplante e
arrogância que a Grécia vendesse algumas das suas ilhas e,se fosse preciso a
Acrópole.
É como se Portugal para pagar a sua
divida externa tivesse de vender a os
Açores, os Jerónimos…ou a Câmara, o nosso dionisíaco Castelo.
Querem maior afronta à liberdade de os
povos decidir democraticamente o seu destino, não respeitando os votos livres
dos seus eleitores já com tantos anos de integração europeia?
Estão a ver se viesse esse a ser o caso,
como o oráculo do “ Forma do Caraças” reagiria e que conselhos nos daria ou que
atitudes tomaria vagueando pensativo pela Tapada para em seguida subir ao nosso
Castelo e, de lá soltar o seu grito de guerra…como aina hoje parece acontecer
em certas longas e frias madrugadas.
Estão a ver de que valeriam os esforços
pela “ditosa mãe-pátria” vividos e protagonizados por tantas e tantas gerações
de portugueses e alandroalenses ao logo de quase dez séculos? A Consolação
servir-nos-ia de alguma coisa?
Abençoado Oráculo das Caraças!
Melhores
saudações
António
Neves Berbém
1/Fevereiro/2015
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