Quarta, 04 Fevereiro 2015 08:43
Ainda a propósito da
vitória do Syriza. O novo governo grego defende que a austeridade e o pagamento
da dívida soberana na forma defendida pela TROIKA, é contra a dignidade do povo
grego. Esta posição de aparente intransigência, está a agitar a zona euro e os
mercados financeiros. Ficando, no entanto, a dúvida se esta forma de colocar a
questão trará estabilidade política e financeira à europa comunitária.
Na verdade, a recolocação do tema da
austeridade levada a cabo pelos representantes governamentais gregos nos termos
em que está a ser realizado vier a obter vencimento, trará, quase de certeza,
dificuldades acrescidas aos argumentos utilizados pelos defensores do paradigma
de consolidação da contas públicas defendido maioritariamente no ceio dos
países que compõem a zona euro.
No caso português, a
intervenção externa iniciou-se em 2011 como resultado dos dislates e da
malfadada governação do último governo socialista, com as consequências
conhecidas por todos nós. Ignorar esta factualidade, seria desconversar e não
querer ver o cerne da questão.
Contudo, a austeridade
imposta e defendida pela TROIKA, retirou rendimento significativo às famílias e
empresas. A grande maioria dos visados nunca aceitou esta realidade, sobretudo,
por achar injusta e desnecessária. Ora, a razão da austeridade e da sua
extensão defendida pelas instituições europeias e fundo monetário
internacional, terá de ser explicada aos cidadãos dos países intervencionados,
sobretudo, se houver vencimento das reivindicações formuladas pelo actual
governo grego. De contrário, teremos, estou certo, agitação social
Com efeito, se os
credores internacionais vierem a dar razão aos gregos e concederem no perdão da
dívida e/ou aumentarem as maturidades dos empréstimos e baixarem o serviço da
dívida. Em que situação iriam ficar os governos dos países intervencionados,
que, adotaram literalmente, os memorandos negociados. Injustamente, em maus
lençóis. E, dificilmente, encontrariam argumentos para convencerem o eleitorado
da bondade das suas decisões.
Pelo que, os tempos
que se avizinham serão necessariamente de grande indefinição e de grande
instabilidade politica. Porém, espero a bem da coesão social e politica, que o
novo quadro político e financeiro europeu, que, em consequência da vitória do
Syriza, se possa vir a formar. Não venha a beneficiar os partidos políticos dos
países intervencionados, que em nada contribuíram para a realização das
reformas que tornarão os seus países mais competitivos. Seria, portanto, uma
grande derrota do regime democrático.
José Policarpo
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