I. Andamos há uns
tempos para evocar e falar, no Al tejo, de uma personagem bastante marcante e
original no Alandroal. De seu nome (ou apelido) José Pedala, isto para não ser
sempre o Domingos Cachamela,um músico inspirador e herói local da Restauração
como é conhecido.
Quanto ao ´Zé Pedala´ vamos, desde já, adiantar que
era uma pessoa muito inteligente, leitor de «clássicos», Explicador, arguto
observador da vida social portuguesa e atento seguidor dos seus usos e
costumes. Isto é, gostava muito de conviver à volta da fogueira e de uns bons
copos de vinho tinto. Entornava-os com destreza e eficácia. Incorporavam a sua
catarse.
Além disso, cantava bem, claro que não estava
predisposto para dançar coisa que se visse e era, na realidade, um baterista de
primeira qualidade, com a batida e os ritmos adequados, por exemplo, do
tango e/ou do baião. E outras
composições como o fado que também cantava bem.
II. Vejamos agora o José Gonçalves (salvo erro…) pelo
seu lado humano e criativo.
Como cristão, tinha uma confessa leitura crística da
vida, discordava das injustiças sociais, e sendo leitor assíduo da Bíblia,
duvidava um tanto do justo e omnipresente papel de Deus.
Sem ser ateu era um tanto agnóstico face até às suas
debilidades físicas que, por vezes, demasiadas vezes, o encerravam em casa, à
entrada da Rua da SARA.
Sabemos, por outro lado, que teve os seus sonhos e as
suas veleidades literárias e que chegou mesmo (segundo informação preciosa do
Sr. Francisco Manuel) à autoria de uma obra literária com o título “ Eucalipto
à beira da estrada”.
Não chegámos a conhecer esta obra e, portanto, não
vamos estar aqui a aferir da sua qualidade de escrita e da mensagem. Mas, por
certo, algum valor devia ou ainda deve ter vinda da parte de “um castigado
humanista ” próximo dos neorealistas. Mais do que aquilo que, alguma vez, por
certo mereceria da parte de deus todo misericordioso. Se assim o fosse com ele!
Mas, onde mais sobressaía o talento do Zé Pedala, era
nas incursões e nas suas máximas políticas com um profundo alcance social no
tempo que, então, vivíamos no país e no Alandroal. Neste sentido, diria mesmo,
que era um visionário. Lembramo-nos perfeitamente de uma sua máxima
apriorística que, em toda a sua profundidade analítica, se veio e está a
revelar certeiramente ajustada na actualidade.
Dizia ele: “ que estávamos a ser invadidos pelo Sul e
evacuados pelo norte”. Verificando agora esta afirmação, confirma-se que tinha
toda a razão. Tanto em relação ao mundo actual, como à Europa passando até pelo
Alandroal.
Se não é assim, vejam se não foi do sul do nosso
Concelho que vieram mais melros presidentes
de Câmara? Vejam de onde é o Cavaco? Vejam, se não foi do Sul que veio
também este Passos Coelho? Etc.
III. Para finalizar
vamos acrescentar que tanto nós como o Al tejo perdemos o rasto do Zé
Pedala.
Mas se lhe perdemos o rasto, não lhe perdemos a admiração pela sua criatividade
e at
pelo seu exemplo e duro modo de vida.
Deus não lhe foi bondoso; a vida nunca
lhe foi fácil, os meios dignos de vida talvez nunca lhe
tenham caído do céu,
mas o que hoje, aqui e agora, quero expressar e deixar bem dito em nome,
julgo
eu do Alandroal, do Al tejo e, de todos os que gostaram e conviveram com ele, é
qu
sempre o vimos como “Um Grande Homem” com uma «alma e mística» de
alandroalense ainda
maior.
Não querendo aqui fazer epitáfios totalmente
descabidos e, tanto quanto sabemos, acabou e foi ele mesmo “evacuado para
norte” (para S. Iria da Azóia?) onde se - por felicidade nossa - este escrito
lhe chegasse com ele ainda vivo, ou alguém da sua família o ler, tornaria a
todos os Visitantes do Al tejo, um tanto mais felizes.
A todos os Visitantes, a todos os alandroalenses e a todos nós, os
sulistas solidários deste infeliz e naufragado mundo mediterrânico.
E
não só. Porque ainda há muito mais Sul para contar em Portugal e no Mundo à
vista dos “Orelhudos do Caraças”.
A tal nossa bela tapada onde continuam
habitar certos fantasmas e o rosário de novas «formas do caraças» …
Melhores
Saudações
António
Neves Berbém
( 29/1/2015)
3 comentários:
Eucaliptos á beira da estrada, era da autoria do João Noturno.
Deve ter razão. O erro é meu. Já passaram muitos anos.
Chico Manuel
... mais «melros» presidentes de Câmara?
Não vá por aí (ainda que escamoteadamente) e não insista mais senhor berbens.
Fácil leitura, de entre as linhas.
Ao demais, o que entre as linhas escreveu, não assenta bem na sua cátedra académica e internacionalista.
... aflora apelidos e +
E os + de 500 km2 são o espaço universal e geográfico do Concelho DO Alandroal, que não só da Vila do Alandroal.
Entendamo-nos, a bom termo.
Boa noite
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