Orelhudos
do Caraças
Há dias, tivemos oportunidade de relançar, aqui no Al
tejo, uma abordagem minimalista sobre algumas variantes do sistema de relações internacionais em
curso e em exercício neste princípio de milénio. Em tempos de globalização
económica acelerada. E também bastante anárquica. Ou da falta de democracia
politica e económica à escala humana universal.
Basicamente, o que se torna evidente, visto da nossa
antiga “tapada do Caraças”, com as orelhas atentas, espertas e muito orelhudas,
ao que nos vai rodeando, é que o mundo exibe actualmente vários polos com um
grande poder económico, tecnológico e militar, que há uma competição mundial
desenfreada e que a violência (vide o caso dos terrorismos) e novos focos de
guerras permanentes se vão manter e aumentar.
É este o mundo real existente, algo próximo de uma
guerra civil mundial (e de civilizações) com o qual devemos confrontar-nos, se
quisermos indo acordando vivos. Em Portugal como no resto do mundo.
Claro que este cenário comporta, por sua vez, grandes
personagens, actores políticos ambiciosos, e tantos, tantos outros servidores
usurários do sistema político internacional sem grandes escrúpulos. Como é o
caso do sistema financeiro, dos mercados
e do neoliberalismo em vigor.
Neste quadro passo a destacar: Angela Merkl e V.
Putin. São ambos demasiados cínicos e matreiros, até perigosos, em face do
mundo violento que temos. Já que mais não seja, porque andam a dar sinais de
seguir uma estratégia e caminho muito próprio, custe o que custar, sem dialogo
aberto com os demais parceiros (ricos e pobres) da cena internacional. Muitos
deles possuídos, aliás, da mesma perversa vontade de acrescentamento dos seus
já enormes poderes. Lembre-se o caso do Irão. Ou da Turquia.
Têm algumas dúvidas? Então, reparem neste excerto
extraído de uma obra recentemente publicada ( “Este é o tempo”, Prof. A.
Moreira,pag. 188, Nov. 2014).
Em diálogo com V. Chacon pode ler-se isto: “ Vocês,
europeus, com essa história da senhora Merkel, ainda não perceberam uma coisa,
é que ela entende-se muito bem com o senhor Putin, e quando há reuniões com os
ministros, ela fala com o Putin em russo e ele fala em alemão com ela, e os
outros ministros não percebem palavra do que eles estão a dizer.”
Vejam bem! Os outros (Ministros) ficam sem perceber o
que se está a passar em plena reunião.
Contado assim, dá para pensar que também somos da
opinião que só sobra estar “orelhudo” para duas coisas: (1) com a Merkel já
mudou completamente a natureza e fins da União Europeia da qual Portugal faz
parte desde 1986; (2) por outro lado, houve também uma mudança no símbolo
nacional da Rússia. A águia bicéfala que era o símbolo do império russo voltou.
E se querem mais uma prova: vejam o que sucedeu à Crimeia e o que está a
suceder à Ucrânia. Ou o que está a acontecer aos países periféricos do Sul
europeu.
Por hoje,
fiquemos por aqui, porque se agora mesmo olhássemos para B. Obama, seria
igualmente fácil verificar que o expansionismo americano, no leste europeu, e
os ataques ao Iraque, no fundo, levar-nos iam a considerar as mesmas intenções
dominadoras e expansionistas dos USA.
Digamo-lo, pois
assim, à nossa maneira, e de uma assentada: “atenção, é bem verdade que, em
relações internacionais, todos os espaços vazios tendem a ser ocupados”.
Enfim!
Portugal que se precate com o mar das Selvagens e
consulte, quanto antes, o nosso antigo e sábio oráculo das Caraças. À espera, lá
estará o vidente “Forma das Caraças” para nos ir avisando…
Não acham?
Melhores
saudações
António Neves
Berbem
(26/1/2015)
Ps: pode
acontecer que estes “ Orelhudos do Caraças” se tornem uma nova rubrica, do Al
tejo, se para tanto houver tempo e vier a justificar-se.
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